quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Os 10 melhores filmes de 2009 que você NÃO assistiu

Esse definitivamente não foi o ano do cinema. Marcado por superproduções e um marketing excessivo para cada uma, necessário para contornar a crise do setor, a falta de prestígio do cinema como arte chegou ao cinema alternativo também. Até mesmo grandes promessas do “cinema independente/alternativo/cult”, como o novo filme de Pedro Almodóvar, e a produção brasileira Do Começo ao Fim, decepcionaram a crítica especializada e fecharam um ano em que as produções menos conhecidas do cinema tiveram pouca voz.

Ainda assim, o Fala Consciência apresenta a mais aguardada das listas desse blog (pelo menos da pessoa que aqui lhes escreve), os 10 melhores filmes de 2009 que você NÃO assistiu, uma maneira diferente de divulgar filmes fora dos grandes circuitos e pouco conhecidos do grande público. Confira, opine, critique e quem sabe coloque na sua lista de downloads para 2010.

Obs: nem todos os filmes citados foram produzidos e lançados em seus países de origem em 2009, mas a repercussão internacional e principalmente dentro do Brasil, foi esse ano.

10º Lugar: La Belle Personne (A Bela Junie)
O último filme de Christophe Honoré estreou categoricamente no Brasil no começo de 2009. É difícil comparar La Belle Personne aos trabalhos memoráveis do diretor francês de Em Paris e As Canções de Amor, porque La Belle Personne mostra acima de tudo o que aconteceu com os amores de Christophe, eles se tornaram mais jovens ainda, como se a mensagem final fosse: “o amor só se é possível quando somos livres de qualquer designação que transforme nossa vida em adulta”. Na trama, baseada no livro de Madame La Fayette, A moça de 16 anos que dá nome ao filme, interpretada por Léa Seydoux, acaba de chegar a um novo colégio, no meio do ano letivo, depois da morte de sua mãe. Ali rapidamente se enturma com os amigos de seu primo, fica com um deles, e vira objeto de afeição do professor de italiano, Nemours (Louis Garrel). Não se engane também, se o amor só rima com juventude, não quer dizer que ele não possa ser cruel, intenso e impetuoso, resultando em eventos que apenas uma paixão imediata é capaz de causar. Christophe já estava a meio caminho de se tornar uma nova febre do cinema francês, com La Belle Personne, ele chega mais perto ainda.

9ª Lugar: Prayers for Bobby (Orações para Bobby)
Já comentando aqui, o telefilme Prayers for Bobby chamou bastante minha atenção. É um filme bem triste, e que possui todos os defeitos de um telefilme, como o ritmo de novela das 8. Ainda assim ele vale bem mais a pena a partir de sua metade, quando o Bobby em si morre. No filme, filho de uma mulher altamente católica, Bobby não foi só reprimido duramente devido a sua homossexualidade, mas foi convencido pela sua mãe que ser gay era um pecado forte e errado. Mesmo Bobby conseguindo se desapegar da família, não desapegou dessa ideia e se matou. A partir desse momento, sua mãe (uma Sigourney Weaver assustadora), entrega-se a uma dor sem tamanho, e passa a se sentir a única responsável pela morte do filho. É doloroso demais o momento em que ela entra na igreja toda molhada e anuncia ao padre que foi ela quem matou o filho que mais amava. Orações para Bobby pode ser um simples telefilme, mas tem uma essência tão forte que indiscutivelmente o torna um ótimo filme a abordar o real questionamento de ser homossexual, saindo desses filmes de mundo glam e da pegação gay.

8º Lugar: Dead Space (Dead Space: A Queda)
A única animação a entrar para a lista guarda uma série de peculiaridades. A primeira dela é que Dead Space não foi feito por uma produtora de filmes, mas sim pela EA, produtora do game que gerou o filme. Exato, Dead Space é um jogo que fez tanto sucesso, que sua produtora resolveu transformá-lo em filme de animação, um campo que a EA nunca havia se arriscado antes. No filme, para a tripulação do USG Ishimura, o horror começa durante uma missão de mineração espacial em um planeta remoto, exatamente quando eles encontram uma antiga relíquia religiosa - que acreditam ser a prova da existência de Deus. Mas quando o artefato libera uma raça alienígena há muito adormecida, a esperança de ver o Paraíso transforma a nave em um verdadeiro Inferno. Dead Space possui o visual de desenho animado, mas o roteiro de um bom filme B de terror com direito a muita carnificina. Não é nem de longe uma obra prima, mas é uma homenagem muito bem feita aos verdadeiros filmes de terror dos anos 70 e 80. Com muita violência, sangue e tripas, é um filme recomendadíssimo para os fãs do terror misturado a ficção científica.

7º Lugar: Coeurs (Medos Privados em Lugares Públicos)
Poucos filmes são capazes de retratar as pequenas emoções da vida. Pouquíssimos pra ser mais preciso. E quando o assunto se torna retratar as emoções do amor assim como elas são, reais, e não aquela coisa hollywoodiana, a lista de possibilidades diminui drasticamente. Porém, Couers conquista esse posto, com um trabalho nada fácil para representar na tela exatamente isso, as menores decepções amorosas ou sinais de esperança como eventos em grande escala. No filme, uma nevasca sobreposta une as cenas visual e narrativamente, transforma os seis personagens de elementos errantes e desassociados num único complexo coeso, sem marcas de liga. É um filme sobre desiluções, começo e fim do amor, a intimidade da vida de cada um de nós, aquilo que temos medo que qualquer outro descubra. Não é um filme fácil de assistir. Ao primeiro momento pode parecer tranquilo e banal, mas é ao longo de sua narrativa que percebemos de verdade que, sim, a vida é simples, somos nós que adoravelmente a complicamos.

6º Lugar: Død snø (Dead Snow)
Qual a grande dificuldade do cinema atual em fazer filmes com a temática de zumbis? Ser original e ter diferencial aos outros. Vale citar um exemplo aqui da produção hollywoodiana, Zumbilândia, que errou feio e é realmente ruim de dar dó, diferente de Extermínio, que foi responsável por um up não imaginado ao gênero. E no meio termo está o filme norueguês Død snø. O filme conta a história de um grupo de amigos em uma estação de esqui norueguesa que fica isolada pela neve. Lá, eles encontram um velho que conta uma história de horror sobre a ocupação nazista na Segunda Guerra. Ao encontrar um baú cheio de medalhas de oficiais alemãos, eles inadvertidamente erguem um exército de zumbis dos nazistas que morreram ali. Uma palavra para definir Død snø: divertido. E se um filme de zumbis não consegue ser aterrorizante, pelo menos divertido ele seja, mas não uma simples diversão, mas um humor negro, inteligente e com atuações boas. Além de tudo isso, há um elemento aqui raríssimo de se achar nos filmes de terror da atualidade, você torce para que os humanos não morram, você quer realmente que eles vençam os zumbis nazistas, diferentes dos filmes americanos, em que a morte dos adolescentes idiotas que só pensam em usar drogas e transar é sempre aguardadíssima.

5º Lugar: Antarctica (Antártica)
Filmes que abordam os modus operandis dos relacionamentos geralmente são um tiro no pé. O israelense Antarctica consegue se salvar como poucos. Não é um filme perfeito no trabalho da abordagem de seu tema, a começar primeiramente pelas interpretações que são uma droga em sua absoluta maioria, e seu começo, que é realmente longo o suficiente para se tornar desnecessário junto a trama principal, mas ainda assim, sua mensagem salta a tela de uma forma tão óbvia, que Antarctica se torna muito bom exatamente por isso, jogar para o telespectador a pergunta: estará o amor morto ou só estamos procurando nos lugares errados? No filme, em dois dias, Omer completará 30 anos e, como muitos de sua idade, ele ainda não se encontrou. Mas também mal procura. Em vez disso, ele prefere se perder entre as prateleiras de livros da biblioteca onde trabalha. Junto a ele, mais 5 personagens estão no mesmo rumo, alguns sem volta, outros com esperanças e a maioria sem vontade de mudar seus momentos, mas ainda assim a lamentar sobre eles. Um ótimo filme para dar tapa com luva de película e fazer com que nos questionemos sobre as dificuldades dos relacionamentos modernos, além da própria falta de relacionamentos.

4º Lugar: Paranormal Activity (Atividade Paranormal)
Meu 4º lugar nem é um filme não tão assistido assim. Paranormal Activity resultou num fenômeno do terror que poucos filmes são capazes de causar, entre eles o lendário (e horrível, na minha opinião) A Bruxa de Blair, do qual esse bebe de sua fonte sem medo de ser feliz. É um filme que não remete exatamente a cinema, é mero entretenimento. É difícil comprar a idéia de que o filme é real, resultados das gravações insanas de um casal que tem sua casa mal assombrada, mas é impossível não se amarrar nele, pois se tem um tipo de entretenimento que funciona, esse é o entretenimento de terror. Acima de tudo, o que faz Paranormal Activity funcionar é que tudo nesse filme é inesperado, começo, meio e fim. Junte isso a uns ótimos sustos (não recomendo ninguém assistir esse filme a noite, sozinho, como eu fiz) e você tem uma fórmula que dá certo. Enfim, o alarde de “melhor filme de terror da década” não é merecido, mas ainda assim, merece muito ser visto.

3º Lugar: Låt den Rätte Komma In (Deixa ela entrar)
Antes de falar de um dos melhores filmes do ano, eu devo confessar que a série Crepúsculo não é vítima do meu ódio, mas da minha desilusão com a humanidade. Primeiro, por destruir (se duvidar, para sempre) ícones do terror como o vampiro, e segundo, por criar uma onda de alienação nunca vista antes na história da cultura pop. E quando eu não tinha mais esperanças, surgiu Deixa ela entrar. Mais do que um ótimo filme, temos aqui uma metáfora doce e moderna da passagem da infância para a adolescência. Primeiro conhecemos Oskar (Kåre Hedebrant), garoto de 12 anos, cansado de ser saco de pancada na escola. Quem parece um vampiro aqui é ele, mas Oskar é só um garoto normal. Até o dia em que ele conhece Eli (Lina Leandersson), garota que acabou de se mudar para o prédio e que chama atenção pela janela do quarto, tapada com papelão. Como Oskar, Eli não é muito de socializar. E ela também tem 12 anos, só que há muito mais tempo, pois é uma criança vampira. Acabam ficando amigos, e daí surge uma relação de cumplicidade, inocência e um tipo especial de amor que apenas as crianças são capazes de criar. E só porque temos crianças aqui, não significa que o sangue não role. Temos como destaque o pai de Eli, que busca o sangue para a filha de maneira impressionante, sua própria morte, servindo de comida para a filha, a luta de Oskar, a representação poética do fim da infância e um final surpreendente. Num mundo de vampiros purpirinados, Deixa ela entrar nos dá um gás sem tamanho.

2º Lugar: Moon (Lunar)
É difícil fazer ficção científica. E na última década, quando ela aconteceu, sempre foi cercada de muitos efeitos especiais, explosões, guerras inimagináveis dentro da galáxia, como podemos lembrar através do bom remake de Star Trek. Mas entre super produções, um filme se destacou brilhantemente, Moon. Feito com menos de 10 milhões de dólares, Moon parece ter sido produzido com um mega orçamento de 150 milhões. O filme mostra Sam Bell (Rockwell) no fim do seu contrato de trabalho com a Lunar. Ele tem sido um empregado fiel da companhia há três anos, vivendo na base batizada de Selene, enquanto está minerando Helium 3. O precioso gás lunar é a chave para reverter toda a crise de energia da Terra. Isolado, determinado e firme, Sam seguiu as regras obedientemente e sua temporada na lua tem sido leve, mas sem grandes acontecimentos. Seu trabalho é feito de maneira mecânica, o que lhe dá tempo de sobra para ficar sonhando com seu retorno à Terra, para ficar com sua esposa e filha, assim que se aposentar. O problema é que a Lunar não vê o futuro de Bell acontecendo dessa forma, resultando numa trama sinistra e que engana muito bem parecendo algo paranormal a princípio (vide Solaris), mas se mostrando algo friamente calculado (vide Alien). É um filme de referências, com uma trama amarrada, enxuta e um visual impecável. Uma leitura obrigatória para quem é fã do gênero como arte, não como mero entretenimento.

1º Lugar: Le Premier Jour Du Reste De Ta Vie (O Primeiro dia do Resto de Sua Vida)
Existem filmes que quando você conhece, não dá nada, mas quando começa a assistir, deixa ele entrar na sua vida, devagar, te emocionando e transbordando através de no mínimo uma lágrima. E essa é a melhor definição dessa obra prima do cinema canadense, Le Premier Jour Du Reste De Ta Vie. Uma das maiores dificuldades que o cinema sempre vai ter, será o de retratar a família. E quando eu digo retratar família, falo de algo que qualquer expectador poderá se identificar, e esse é o grande feito desse filme. Temos a história da família Durval, o pai taxista e fumante, a mãe que não aceita envelhecer e é melodramática, o filho distante que prefere a solidão, o outro filho fã de rock que não quer trabalhar nem ter responsabilidades, a filha que se mete em todo o tipo de problemas, alguns autodestrutivos. É uma composição básica, o segredo está nas situações e na identificação. É nas brigas, nos jantares, nos beijos, nos abraços, nos olhares, nas lembranças, na celebração da vida e da morte. Quem tem família, ama. Quem tem família, odeia. Mas acima de tudo, Le Premier Jour Du Reste De Ta Vie nos lembra que quem tem família, não precisa de muita coisa além disso.

Feliz 2010, até lá!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

“A felicidade só é verdadeira quando compartilhada”


"O texto a seguir é uma reflexão de ficção. Qualquer semelhança com a reflexão de pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. Especialmente para vocês, ex’s... babacas"

A vida é um boy meets girl. A não ser é claro que você tenha criado um novo caminho na sua vida e o seu jogo seja boy meets boy, ou girl meets girl, ou boy meets chicken, enfim, vocês entenderam o sentido da coisa. Contemporaneidade e sensibilidade parecem palavras ultra diferentes quando procuramos seu significado no mundo atual. Mas quando paramos pra analisar as nossas vidas, percebemos que somos isso, uma sensibilidade contemporânea num mundo de garotos que conhecem garotas.

Boy meets girl é o típico filme comédia romântica. Nele, um garoto conhece uma garota, eles tem um caso, onde ambos terão grandes aprendizados e dramas, situações cômicas, e no fim eles, A) ficarão juntos para sempre, ou B) cada um vai seguir o seu caminho. Então por que a vida é um boy meets girl? Porque a vida é assim, você vai encontrar dezenas de pessoas no seu caminho, todas terão algo para lhe acrescentar, mas de fato, algumas das que mais nos marcam, são aquelas que tiram algo de nós e levam com elas.

E no universo particular de cada um, existe um alguém especial, que no fundo não é tão especial assim, que no fundo é a pessoa que a gente nunca quis ter conhecido, que no fundo marca o que alguns amigos meus chamam de Ritual de Passagem. De fato, o ritual de passagem da sensibilidade de cada um (aqui há muitos outros sentimentos, claro, mas vamos tratar no geral da sensibilidade), acontece quando a partir de um evento em comum ao de outro alguém, nós passamos a não ver mais o mundo como era antes desse outrem. Num ritual de passagem, o mundo segue adiante, você não.

E sobre isso o que trata aquele que eu já escolhi como o melhor filme de 2009, a comédia romântica, o típico boy meets girl, a obra que me pegou de surpresa mais do que qualquer outra, 500 Days of Summer (500 Dias com Ela, tradução brasileira de um título intraduzível). No filme, Tom é um criador de cartões comemorativos, que busca algo acima de tudo, o amor de sua vida. Um dia, no escritório ele conhece a bela Summer. E o filme já começa a se tornar genial por mostrar primeiramente que o raro tipo de homem que tem sentimentos nobres por uma mulher, é acima de tudo, não um tímido, mas um covarde. Os dois começam uma incrível relação, mas há um porém: ELA não acredita no amor.

E é assim, que por 500 dias, somos apresentados a um relacionamento que nasce fadado a dor e ao desespero por amarmos e não sermos amados de volta. De forma não linear (que chega até a ser irritante em alguns momentos), mergulhamos em acontecimentos bons, ruins e simplesmente comuns. Hora somos Tom, hora somos Summer. Hora estamos sendo um deles dizendo a monstruosa frase “ainda podemos ser amigos”, escutando The Smiths no elevador, pulando de alegria após uma noite de sexo e fazendo um completo musical no caminho pro trabalho, tentando discutir a relação, não discutindo e rindo ao som de Carla Bruni, tentando discutir a relação, não discutindo e brigando no apartamento, quando conversamos sozinhos, tentando nos enganar na frente do espelho, como ao experimentar a explosão do primeiro beijo daquele por quem já estamos apaixonados e claro, por saber qual vai ser o último.

Talvez um dos melhores pontos de 500 Days of Summer seja quando somos apresentados a divisão da tela em Realidade e Expectativa. Nenhum momento é tão perfeito ao mostrar como somos fracos de mente quando estamos apaixonados e tudo que acontece ao nosso redor nós desejamos que estivesse sendo completamente diferente. Ainda assim, se 500 Days parece um filme banal, é em seu final, num diálogo absurdamente sincero e doloroso entre Tom e Summer que entendemos uma visão absolutamente honesta, ainda que um tanto tragicômica, do amor, além de alguma forma renovar esse sentimento por acreditarmos: “uau, agora tudo faz sentido”.

Sim, porque acima de tudo, após um Ritual de Passagem, nós devemos saber qual é o momento de voltar a caminhar com o mundo. Mesmo tendo aqueles que acham o amor uma utopia. Mas o amor não é uma utopia, viver na natureza selvagem que é.

Se 500 Days of Summer é capaz de nos mostrar perfeitamente o difícil rumo que a vida às vezes nos dá, Na Natureza Selvagem é o filme que mostra a utopia do rumo que queremos dar a nossa vida. Mais que um incrível filme, Na Natureza Selvagem toca a sua alma com a ponta de uma faca e a faz sangrar. Se você não sentir isso, então é porque você matou há muito tempo o que há de mais simples dentro de você.

É um filme revelador, com uma força pós-utópica que nos faz malditamente compartilhar uma empatia com o personagem principal. Afinal, você nunca pensou em abandonar tudo e viver uma vida sobre a liberdade total, a partir do zero? Em Na Natureza Selvagem os elementos da liberdade, sociedade, natureza, verdade, sentimento, moral, solidão, e este mix de tudo estão o tempo todo sendo jogados na nossa cara de uma forma sublime e dolorosa. É uma reflexão no abismo de uma utopia pós-hippie, que nem a galera de Woodstock acredita mais.

Temos a história de Chris, que depois de sua formatura aos 22 anos, doa sua poupança, abandona sua família, seu carro, destrói sua identidade, seus cartões de crédito, queima o que lhe sobra de dinheiro e parte em busca daquilo que considera sua liberdade aquém de qualquer elemento da sociedade. Sem dinheiro, viaja por dois anos pelos lugares mais belos e inóspitos dos EUA e México, trabalha daqui e dali, conhece pessoas que se afeiçoam a ele, e parte para um plano audacioso: ir para o Alaska onde pretende viver em meio à natureza por sua conta e risco.

Não estou falando de um atletazinho babaca que aparece no Fantástico e no Domingo Espetacular, desses que se preparam fisicamente por anos, ficam cercados de água e energéticos, que só escala uma montanha guiado por GPS e está sempre com um óculos escuro da Nike. Estou falando de... ah, não é fácil dizer de quem estou falando, nunca conheci o Chris de verdade (o filme é baseado numa história real), e Deus sabe que depois desse filme eu gostaria de ter conhecido.

E não nos resumimos a diálogos, nos resumimos a imagens, a expressões. Temos momentos, como a invasão da enchente no carro, os pulos junto aos cavalos selvagens ao pôr do sol (cena esteticamente perfeita), os dias de verão no Ônibus Mágico, a decida pelas corredeiras, o momento em que ele enterra os livros de seus pensadores favoritos e o encontro com o urso, que desfocado e sem som é de longe o momento que mais representa que Chris agora faz parte da natureza, mesmo a vista de um final não trágico como muitos podem imaginar, mas libertador.

Mas definitivamente o momento mais maldito na cabeça de quem assiste esse filme é quando Chris conhece o velho Ron, um homem muito solitário e recluso que vê em Chris não a pessoa que ele gostaria de ter sido, mas o filho que ele queria ter amado. Num diálogo assombroso de tão emocionante, Ron fala com lágrimas nos olhos: “Sabe, eu tenho uma idéia. Minha mãe era filha única, meu pai também, e eu fui o único filho deles, por isso, quando eu me for, serei o fim da minha linhagem. A minha família acabará. Que tal... deixar te adotar?”, a ponto que Chris responde tentando segurar a emoção: “Ron, podemos falar sobre isso quando eu regressar do Alasca?”. Ambos concordam, mas é difícil segurar a dor, porque ambos sabem, e nós sabemos também naquele momento, que eles nunca mais irão se ver.

Na Natureza Selvagem é um filme difícil de ser assistido. Principalmente num mundo que nos ensina que o correto é estudar, trabalhar em empregos que às vezes odiamos, ter um mês de férias para gastar o que nem temos, trabalhar de novo, pagar contas e seguir o sistema. É difícil acompanhar a utopia de Chris, mas é fácil compartilhar sua lição, uma lição única de alguém que realmente quis a liberdade, conquistou, e no fim descobriu que o melhor dessa liberdade, é que ela seja compartilhada.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Em que momento a humanidade desligou a sua fé?

E o Rio de Janeiro foi escolhido como sede das Olimpíadas de 2016. Grande coisa...
Copa 2014, Rio 2016... só esqueceram que o fim do mundo é em 2012

Recentemente terminei de ler um dos livros que mais mexeram meu modo de ver a vida, o universo e tudo mais, O Mundo Sem Nós, de Alan Weisman. É difícil falar de O Mundo Sem Nós, mas sem dúvida a sombra dessa obra irá me assombrar pelo resto da minha vida. O motivo é simples: você já parou para pensar sobre o mundo sem nós? Dificilmente. Mas Alan pensou e o resultado, bem... o resultado é que o ser humano é a pior coisa que surgiu na história desse pequeno planeta azul nos confins do universo.

Em 150 anos fomos capazes de realizar estragos tão grandes no nosso planeta que de alguns eles não será capaz de se recuperar nunca. Existe em Houston, debaixo de uma montanha, um depósito de materiais radioativos extremamente perigoso. Tão perigoso, que definitivamente ele ainda estará lá intacto depois que o último humano se for, por causa disso, doutores em semiótica foram convocados pelo governo dos EUA para criar mensagens que seriam gravadas a ponto de que não importa o período, pelos próximos 10 milhões de anos ao menos, quem se aproximar daquele local vai saber instintivamente que ali não deve ficar.

A humanidade não deu certo e não tente me convencer do contrário. Exterminamos todas os grandes mamíferos da América, acabamos com os recifes de corais, destruímos a camada de ozônio, enriquecemos o solo com chumbo, fizemos testes atômicos com urânio, e esquecemos o quanto somos frágeis. Esquecemos que sem a Terra não podemos sobreviver, mas que sem os seres humanos, a Terra ficaria bem melhor. Num mundo sem humanos, assim, do nada, os metros de Nova York inundariam completamente em dois dias, as usinas nucleares explodiriam em 7 (comprometendo todas as outras formas de vida), o teto da sua casa sumiria em menos de 10 anos, 1 bilhão de pássaros deixariam de morrer por ano por causa de nossas torres de energia elétrica, e em cerca de 40 anos, qualquer prédio com mais de 40 andares já vai ter tombado.

Ainda assim, o gás carbônico demorará 100 mil anos pra voltar a níveis pré-humanos, o cadmium demorará 75 mil anos para sumir, o plástico (nossa mais imortal invenção) existirá pelos próximos 100 milhões de anos, e cada bomba de plutônio não explodida, demorará 250 mil anos para perder seu poder radioativo, lembremos então que existem cerca de 30 mil ogivas nucleares intactas no mundo e sinta o poder da nossa criação.

Minha avó tá lendo um daqueles livros evangélicos caducos que diz que o mal venceu o bem com fome, guerra, Mac Donalds delivery, essas coisas. E se o nosso prazo estiver realmente na reta final? 2012 tá ai pra mostrar isso. Os maias tentaram nos alertar, será que eles estão certos? Os pólos vão se inverter e “Deus proteja a América”? E se Deus não existir? Bem, depois de O Mundo Sem Nós, o novo livro na minha lista é Deus, um Delírio. Cara, eu mesmo estou fudendo com a minha mente, depois desses livros eu não vou poder nem colocar a culpa em ninguém.
Ele está no meio de nós?

Meu professor de antropologia na 8ª série disse: “Se Deus fez vários planetas igual a Terra espalhados pelo universo, ele é um gênio, mas se ele fez só a Terra, ele é um gênio maior ainda”. Meu sonho é entender o que ele quis dizer com isso. Um dia, se nos reencontrarmos, vou perguntar. Mas ai também vem Calvin e diz que: “A maior prova de haver vida inteligente lá fora é de que eles não entram em contato conosco”. Qual Calvin? Calvin e Haroldo, claro! O eterno garoto propaganda desse blog.

O último livro da coleção de Calvin e Haroldo foi lançado no Brasil recentemente e eu não perdi tempo e comprei quase na estréia aproveitando minha última viagem pra Curitiba. A Hora da Vingança é de longe a melhor coletânea da série, conseguindo derrubar até mesmo O Mundo é Mágico. Taí, o mundo pode ter virado essa droga que transformamos, mas existem algumas coisas tão especificamente belas e poéticas que nos dão um pouco de fé e esperança. Ler as tirinhas desse muleque hiperativo e seu tigre de estimação são um exemplo, pelo menos pra mim.

Vocês podem tentar argumentar comigo de que o mundo esta evoluindo e blá blá blá, que países como a Dinamarca, um dos mais avançados do mundo, abolem aos poucos o carro e usam a bicicleta. Dinamarca? Ah, a mesma Dinamarca onde nas ilhas Faroe jovens, para provar que são homens, matam golfinhos num ritual de passagem? Sim, golfinhos, uma raça inteligente que só se aproxima dos homens para brincar ou proteger os filhotes.
Macho que é macho mata golfinho com requintes de crueldade. Chupa essa, PETA!

Se a fé move montanhas, onde ela está dentro dos seres humanos? Onde está a sua fé? A fé para mim é um sentimento independente de religião, a fé compõe o caráter e a nobreza de cada um, ela não é um telefone, MSN ou Skype pra você se conectar com Jesus, Alá ou Buda, ele é um sentimento que faz você se conectar com o mundo, então, quando a humanidade perdeu o poder de se comunicar com seu lar?

Bem, independente disso, O Mundo Sem Nós está me estimulando a tomar uma importante decisão, a de participar do VHEMT (Movimento Voluntário para a Extinção da Humanidade). O VHEMT defende que devemos viver nossas vidas plenos, felizes, consumindo, gastando, se divertindo e fazendo o máximo possível para sermos felizes, só devemos parar de nos reproduzir. Parece lógico! Veja por esse lado, se todos aderissem, em 21 anos, a criminalidade juvenil seria um problema erradicado do mundo e a adoção cresceria absurdamente. Não vou terminar com: “venha para essa você também”, afinal, o “cresceis e multiplicai-vos” ainda é seguido a risca por uma galera.

Meu pedido é simples: você poderia ligar sua fé para se comunicar com o mundo de novo? Pois como disse Pietro Aretino, "Amemo-nos sem termo nem medida, pois que só para o amor temos nascido".

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A maioria dos músicos não são iguais a vinho

Geralmente as melhores festas na minha vida são automaticamente classificadas como as piores também. Explico: é que sempre que eu vou numa festa boa e eu estou me divertindo acontece alguma merda. Foi assim na minha formatura do terceiro ano por exemplo. O Flávio ficou tão bêbado, mas tão bêbado, que ele não se aguentava em pé, vomitava nos sapatos Arezzo das meninas e gritava: “Todo mundo nu!”. Não deu outra, sobrou pra mim cuidar dele no auge da festa, da diversão e tudo mais. Nunca vou esquecer desse dia. Eu acordei na manhã seguinte com o Flávio na minha escrivaninha lendo meus textos e dizendo: “O que aconteceu ontem mesmo?”.

Sim, ele não tinha ressaca. Não, ele não se lembrava de nada. Sim, eu quis matá-lo. Não, ele não sabe quanto dinheiro tinha a menos na carteira dele e quanto tinha a mais na minha.

Anos se passaram desde esse incidente e algo parecido se repetiu esse ano. Eu estava no iate clube de Florianópolis tentando me consolar pela perda do show de David Guetta (fã é uma coisa, doido que paga R$200 por um show é outra). E lá estava rolando o show da dupla espanhola Chus & Ceballos na lendária festa E-Joy. Primeiro que o iate clube de floripa é um lugar realmente incrível para uma festa, segundo que a E-Joy é realmente lendária. A vontade que eu tive no dia seguinte era de pregar um adesivo no carro: “Eu fui na E-Joy e sobrevivi”. Festa fantástica, muita gente, turistas de todas as regiões e nativos curtindo o som. E eu lá chegando no auge... tenho que sair porque as companhias queriam. Pra piorar, o taxista que pegamos era um tiozinho tarado que estava vendo o DVD da Gretchen e tipo... não era um show.

A apresentação de Chus & Ceballos foi muito boa. O público reagiu bem, eles tentavam se superar e se situar. Não foram de muito sucesso em alguns momentos, mas eles pegaram realmente o espírito da coisa. O som dos espanhóis é uma coisa bem mista, eles tem um lado latino óbvio misturado a uma coisa mais tech house, ora mais tribal, ora mais progressivo, um som bem diferente daquilo que a maioria está acostumado mas que é capaz de fazer o sangue ferver. Não decepcionou, mas também não surpreendeu.

O cenário musical eletrônico anda assim. Mantém um ritmo, mas não é inovador. Grandes DJ’s não estão mais se destacando no meio. O que surge são pequenas obras primas, em cada lado do globo, e que se difundem não pelas festas ou pelos shows, mas pela internet e pelo boca a boca. Um ótimo exemplo disso foi o que aconteceu com o bizarro e divertido som francês do Yelle, que no ano passado alcançou o topo nas baladas mais descoladas, mas eu lembro de uma entrevista da vocalista dizendo que não tinha dinheiro ainda pra se mudar definitivamente pra Paris, morando no interior. Eu também poderia trabalhar com os exemplos de Hercules and Love affair ou do ótimo som indie/eletrônico do Matt and Kim que se apresentaram recentemente no Brasil, mas eu quero falar do grande, porém pequeno, cenário da musica eletrônica brasileira.

É isso ai meus amigos. Eu fico com uma felicidade quase idiota quando digo isso: o Brasil está apresentando uma ótima cena eletrônica. Dá até vontade de dizer que esse país agora anda pra frente e finalmente se tornou o país do futuro tão falado desde 1950. Mas ai é demais, né minha gente? O principal responsável por esse feito é o paranense Péricles Martins, percussor do Boss in Drama.

Falar do Boss in Drama é difícil. Mas ouvir é de um prazer indiscutível. A primeira música do MySpace do rapaz já é contagiante por si só. Favorite Song não lembra nada do que é produzido no Brasil, nada mesmo, aliás, eu não tenho referência nem nos EUA, o mais próximo que eu posso dizer que se compara é o inglês Erol Alkan. Mas é um som muito animado. A palavra para definir Boss in Drama é: atrevimento. Pode parecer bobagem, mas na musica eletrônica isso significa muito.

O som é energético, extrapola os limites e as fronteiras de estilo e vai se tornando uma mistureba generalizada de elementos. Nós temos uma completa overdose entre o pop, o eletro, o rock, dance, house, hip hop, funk (Jesus, tem um funk chamado Contaminada dele que é horrível, mas eu relevei). A ousadia está aí. Não ser fiel a porra nenhuma, somente a diversão. É misturar hits autorais com os de outros músicos, é fazer a musica durar apenas dois goles, não alongar, não prolongar, mas nunca parar.

Nessa onda Boss in Drama também se encontra o bacana duo brazuca Database, pequeno sucesso nas pistas do sul e sudeste do Brasil, que dificilmente você vai ouvir um dia na Globo, mas que encontra largamente em blogs, revistas de públicos restritos, MySpace's da vida. O duo tem um som muito pop também, mas menos rítmico e barulhento que o Boss, e ainda assim mainstream ao limite. Guarde esse nome, os meninos do Boss in Drama e do Database ainda vão fazer um barulho legal nos seus ouvidos.

Mudando de pau pra cacete. Eu posso dizer que uma das melhores coisas musicais que eu conheci esse ano foi o The Last Shadow Puppets. Ok, o álbum The Age Of The Understatement foi lançado no ano passado, mas eu só ouvi falar dele esse ano. Shadow Puppets não é uma banda, é um projeto paralelo na vida de Alex Turner (vocalista do Arctic Monkeys) e Miles Kane (atual Rascals). Aliás, fica muito difícil considerar as doze faixas do álbum como um trabalho paralelo, é menosprezá-los, é diminuir uma realização sonora fantástica, incrível, vívida e que representa tudo aquilo que uma geração de jovens quer ouvir de verdade, um revival de tudo que tivemos de melhor no passado, com o toque do que temos de bom hoje e com a juventude gritante de Alex e Miles.

Você escuta The Last Shadow Puppets e acha que mergulhou de volta nos anos 60, mesmo com as letras um tanto melancólicas e trabalhando o cotidiano. Deus, a canção Standing Next to Me parece que foi composta pelos Beatles, é a melhor do álbum, junto com a ótima faixa título The Age Of The Understatement e My Mistakes Were Made For You, num casamento de vozes tão perfeito que assusta. Um ponto interessante é que esse é um trabalho que Alex Turner só poderia ter desenvolvido após o sucesso com o Arctic Monkeys, a banda que deu o sangue que a mídia inglesa tanto deseja, mas que hoje se encontra tão “diferente” de como começou.

Ao ouvir Humbug, novo álbum do A&M, me perguntei onde estava aquele som muleke que tanto me atraiu no primeiro. Definitivamente algo não estava certo. É bom? É! No geral Humbug é bom sim, mas eu me senti até assustado, era algo que eu não estava esperando vindo de Alex e sua turminha. Talvez isso represente um novo ciclo pro Arctic Monkeys, uma renovação do seu sangue, não sei, ainda não consigo deduzir. Mas eles estão tentando inovar, isso é fato, não é quem nem a maioria dos músicos que tem medo disso e mantem apenas a fórmula do habitual. Todo esforço de mudança deve no fim ser reconhecido e válido, independente da música eletrônica ou do indie.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Dois anos de discussões entre minha consciência e eu

Tem horas que eu sou eles, tem horas que eles são eu!

Eu geralmente não gosto de falar de aniversários, mas eu ando perdendo esse problema aos poucos. E mesmo porque, algo que eu gosto muito completou dois anos de existência. Meu querido blog, minha querida consciência.

E ai neguinho se pergunta: "grande coisa, o que eu vou ganhar com isso?”
05/09/2008

O Fala Consciência não nasceu temático.

Começa falando de nada e termina com porra nenhuma.
10/08/2007

E aos poucos se tornou meu xodozinho, meu cantinho mais que pessoal, parte de mim. É estranho você dizer que ama o seu blog, mas quem é que atualiza frequentemente o seu e não o ama?

É, se relacionamentos já são complicados, relacionamentos modernos são mais difíceis ainda.
05/02/2009

Eu tive grandes momentos com ele.

Foi um relacionamento de altos e baixos, vivemos momentos felizes juntos, o sexo era até bom
11/05/2009


De fato, o Fala Consciência também serviu para eu ir além. Eu expandi meu modo de pensar, minhas relações, conheci pessoas, pessoas me conheceram. Essa pequena página virtual no meio de milhões no mundo inteiro pode até ser minha morada, mas sempre acolherá bem seus visitantes.

A questão é que todos ali são seres humanos, cada um com suas vidas, com seus problemas pessoais, com suas famílias para criar, com seus corações para lidar, com suas felicidades, vitórias, princípios e medos.
01/05/2009

E eu acho que foi por causa de vocês, é, você mesmo leitor, que esse blog acabou ganhando uma forma indefinida.

Tem um amontoado de idéias, um amontoado de realizações e um amontoado de resultados, diferentes, únicos, iguais, eficientes e inúteis.
30/10/2007

Mas tudo tem que ter um limite.

Entre parar pra pensar no sentido da vida, do universo e tudo mais, ou viver feliz, eu escolhi viver feliz.
09/06/2009

Esse pequeno espaço viveu alguns dias de glória, hoje já não é bem assim. As coisas mudam, o dia a dia muda, as pessoas mudam e velhos hábitos acabam deixando de existir.

Hoje eu quase não deito no sofá da minha casa, aliás, eu não lembro qual foi a última vez que eu parei pra deitar no sofá e assistir TV.
16/10/2008

Mas isso não me desanima com esse lugar, nem de longe.

De fato, isso não faz meu estilo. Se prender ao passado culturalmente.
08/12/2008

Aliás, eu mesmo já tive diversas crises.

Se ver no espelho e ter uma crise por se achar um tribufú já não é fácil. Ter uma crise por se ver no espelho e se achar coloquial é pior ainda.
25/06/2008

E como todo mundo, faço minhas besteiras, ou, como todo mundo também, faço besteiras maiores ainda.

Porque às vezes fazemos questão de matar o amor. Porque geralmente matamos o amor quando ele menos merece ser morto e você se torna um filho da puta a lamentar isso pro resto da sua vida.
23/07/2008

E há mudanças, claro. Porque, inevitavelmente, tudo muda.

Não que eu esteja deixando de estudar, ler ou me informar das coisas. Pelo contrário. Mas ultimamente eu estou sentindo que meu senso crítico não é mais a mesma coisa.
24/09/2007

Mas não a crise que me tire daqui.

Ei, espera ai, "enjoei de internet", eu disse isso? Alguém vem aqui e me dê um tiro. Eu quero ser jornalista, escritor, cineasta, músico alternativo (hum... pensando bem, essa eu pulo), crítico chato de tudo que aparece de novo, então, ei!, eu não posso enjoar de internet. É mais que uma diversão, no meu caso, é necessidade.
10/10/2007

E embora eu nunca deixe de criticar a humanidade, eu também não deixarei de admirá-la.

Bem, a humanidade pode ate não ter dado certo realmente, mas que realizou obras fantásticas, algumas que de tão ruins soam ate boas, ah se realizou.
21/04/2008

E sim, hoje é um dia de comemorar.

Vamos beber cerveja, que o efeito é quase o mesmo.
17/12/2007

Esse texto é dedicado a você, que acima de tudo, me ajudou a manter esse blog por dois anos.

Obrigado!
07/07/2009

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Eu odeio começar uma obra e não saber como terminar

1.0

O ônibus da Ufac às 18h30 é lotado. Completamente lotado. Geralmente depois da metade do percurso ninguém mais consegue subir e ninguém desce. As pessoas lá só vão pra Ufac. Elas não vão descer na metade do caminho. Então o ônibus fica lotado. E ninguém mais entra.

Ainda assim o ônibus vai num silencio mórbido. Ninguém conversa, ninguém troca olhares. Eu olho todo mundo. Mas ninguém me vê, porque ninguém me olha, ninguém repara em mim, e ninguém repara em ninguém. Até o dia em que eu olhei praquela garota e surpresa, aquela garota olhava pra mim.

1.1

Eu estou deitado no colo daquela garota. Ela afaga meus cabelos e me canta musicas dos Los Hermanos. Ela adora as musicas dos Los Hermanos, ela ama, diz que o Marcelo Camelo é o poeta de toda uma geração. Eu odeio. Aliás, eu nem ligo. Eu gosto de escutar Arctic and Monkeys no meu ipod. Ela não tem ipod. Aquela garota de saias de renda canta Los Hermanos pra mim enquanto eu estou no colo dela. Eu odeio Los Hermanos. Mas eu gosto daquela garota. E a voz dela é tão gostosa.

Faz um calor danado na Ufac. É começo de maio. E debaixo de uma árvore eu estou no colo daquela garota. É sábado de manhã. Um ônibus passa por nós. Ele está vazio. Nenhum ônibus circula cheio na Ufac sábado de manhã. Só o primeiro. Aquela garota massageia meus cabelos. Ela olha pra mim e sorri. Ela canta baixinho “deixa eu brincar de ser feliz”. É uma frase bonita. Mas em seguida vem “todo carnaval tem seu fim” e eu sinto uma tristeza tão grande dentro de mim.

1.2

Aquela garota anda na minha frente. Nem de perto, nem de longe. Ela está numa distancia fixa. Vinte minutos atrás ela tinha dito “eu não sou capaz de te amar”. Quinze minutos atrás começou a chover desesperadamente. Dez minutos atrás ela começou a caminhar debaixo de chuva. Nove minutos atrás eu tentei abrir meu guarda chuva, mas ele quebrou, porque eu tentando limpar meus óculos sujos na frente de respingos d’água e atrás das minhas lágrimas acabei abrindo o guarda chuva errado. Oito minutos atrás eu estava começando a andar rápido para alcançar aquela garota, mas quando eu a alcanço, eu diminuo passo. Quatro minutos atrás eu estou completamente encharcado e minha cueca molhada incomoda porque começa entrar dentro da bunda. Dois minutos atrás aquela garota para de andar, eu paro junto, ela olha pra mim e diz:

“Eu estou indo embora e você nunca mais vai me ver”.

Um minuto atrás aquela garota foi embora. E eu nunca mais a vi. Zero minutos atrás, eu estou parado, chuva caindo, e a cueca não me incomoda mais. Meus óculos estão molhados por dentro e por fora.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Se você acha que a Terra é um planeta sem esperança, nem queira conhecer o resto da galáxia então...

“Existe uma teoria que diz que, se um dia alguém descobrir exatamente para que serve o Universo e por que ele está aqui, ele desaparecerá instantaneamente e será substituído por algo ainda mais estranho e inexplicável...”

“...Existe uma segunda teoria que diz que isso já aconteceu.”


Entre parar pra pensar no sentido da vida, do universo e tudo mais, ou viver feliz, eu escolhi viver feliz. E quando eu penso que essa escolha pode ter sido a errada, é só eu parar um segundo pra pensar no sentido da vida, o universo e tudo mais pra perceber claramente que eu fiz a melhor escolha possível.

Atualmente eu estou lendo a trilogia de 4 livros de Douglas Adams. E esqueçam Star Wars, pois O Guia do Mochileiro das Galáxias é a melhor obra de ficção científica desse planeta. E também a mais nonsense/bizarra/porra-louca/que-diabo-é-isso? da história. No primeiro capítulo do primeiro volume temos a destruição total da Terra. Por quê? Simples, nosso planeta é um pequeno obstáculo na construção de uma estrada espacial. Tivemos 50 anos pra fazer reclamações no escritório público mais próximo, que fica em Alfa de Centauro, o problema é que não vamos lá com muita frequência. Sendo assim, após trinta segundos de pânico, a frota dos alienígenas Vogons (a raça mais terrível do universo não por serem perigosos, mas burocráticos demais) destrói o planeta. Simples assim!

Arthur Dent é o único que escapa com vida, pois seu amigo alienígena (que ele não sabia ser alienígena até 12 minutos antes da demolição) o tira do planeta. E após uma improbabilidade bizarra que pode ser explicada cientificamente através do Gerador de Improbabilidade da nave Coração de Ouro, passam a viver algumas aventuras juntos com Zaphod, Trilian e o robô maníaco-depressivo-suicida Marvin.
"Vida?! Não fale comigo sobre a vida"

Porém, o livro tem uma tirada bastante interessante. A resposta da questão fundamental da vida, o universo e tudo mais. Um computador mega fodástico (e arrogante pra caralho) após alguns milhões de anos de calculo, disse que a resposta a essa questão é... 42. Sim, os criadores do computador ficaram tão putos com essa resposta quanto você leitor. O computador informou que o problema não era a resposta, mas a pergunta, que eles não sabiam, e que não era possível de se descobrir pelo computador, então a busca da questão fundamental da vida, o universo e tudo mais se torna o foco, porque a resposta nós já temos.

O primeiro volume da série é de longe um dos livros mais incríveis que eu já li, uma crítica forte a nossa sociedade e ao nosso planeta com suas guerras sem sentindo, seus preconceitos e estupidez. Nem o livro de Piadas do Costinha me fez chorar de rir, mas o do Douglas Adams sim. Porém, após uma alta expectativa depois de ler O Guia, o segundo volume, O Restaurante no Fim do Universo, me soou deveras decepcionante. Chorei de rir? Chorei! É bom? E ái daquele que falar algo contra! Mas pareceu sem o ritmo bizarro inflamado pelo primeiro. Sem falar numa questão que me encheu o saco em particular: a banalização da viagem no tempo.

Gente, como é que o James Cameron consegue dormir a noite? Se todo mundo no nosso planeta acha que viajar no tempo resolve todos os problemas da nossa vida (e da Skynet também, a maquina de inteligência artificial mais burra do mundo), a culpa é do James Cameron. O Exterminador do Futuro é a série de ficção científica mais sem sentido da história. Terminator 1 e 2 são tão bons, mais tão bons, que a gente nem consegue questionar os defeitos mega-hiper-powers dos roteiros, mas o 3 e 4 são tão bomba, junto com aquela série bizarra da Sarah Connor que aí a gente percebe como tudo é uma viagem em LSD sem volta.

Exterminador 1: O Kyle Reese veio do futuro pra salvar a Sarah Connor porque ela vai ser a mãe do John Connor, o todo fuderoso da resistência, só que aí, o Kyle pega a Sarah e quem nasce dessa pegada com força? Jhon Connor. Heim? Como assim, Bial? O pai do Jhon Connor é mais novo que ele minha gente e nasceu depois dele. Stephen Hawkey, explica o que isso significa:

"Vocês tiraram toda essa bizarrice histórica de onde? Do vácuo? De um buraco negro?"

Exterminador 2: O pau no cu do Kyle disse que a resistência estava vencendo a guerra, então porque mandaram mais dois Exterminadores mesmo? Ah, eu não consigo falar mal desse filme mesmo querendo. Tem algumas das melhores cenas de ação ever e a personagem feminina mais incrível do cinema, a Sarah Connor sarada, louca e gostosa me deu mais pesadelos que o T1000.

Exterminador 3: James Cameron deve ter dito, “Galera, eu não sei mais o que fazer com esse filme, não dá, não tem roteiro”, mas eles fizeram. Os produtores pensaram: “Vamos colocar uma loira gostosa com cara de suíça e vai dar certo do mesmo jeito”. O John Connor é um viadinho chatinho e não aquele adolescente doidaço envolvido com drogas e venda ilegal de armas que ele deveria ser. O filme só serviu pra ensinar de uma vez que o passado não pode ser mudado pra mudar o futuro. O problema é a que a burra da Skynet ainda não percebeu isso depois de 3 filmes e uma leva de Exterminadores top de linha esbagaçados.

Exterminador 4: É tão ruim que eu tenho que ir por tópicos. A) Por que as máquinas aprisionam humanos? Sadismo? Fetiche sexual? Cadê o conceito de auto-suficiência, minha gente? B) Por que tudo na filial do Norte da Skynet (sim, porque ela se mostrou uma multinacional na verdade, com várias sedes) parece ter sido construído pra seres humanos manusearem facilmente? C) A gente não sente nem cheiro de viagem no tempo o filme inteiro. Mas o Kyle maldito (perceba meu ódio perante esse personagem) ta lá, adolescente e mais novo que o próprio filho. E por último D) O Arnold Schwarzenegger foi feito do mesmo material que o Huck do primeiro filme.
"Pede pra sair, pede pra sair... Tu não é caveira!"

A série O Exterminador do Futuro já tá tão sem noção, que perdeu a graça. Sem falar que uma das poucas lógicas dela é: se tivessem matado o John Connor no primeiro filme, a humanidade estaria salva.

Viajar no tempo é a solução dos seus problemas. A banalização da viagem no tempo também passou para o novo filme da série Jornada nas Estrelas, de novo com esse papo de salvar alguém que está sendo ameaçado. Me admira que o George Lucas não tenha usado essa idéia ainda, porque o cara que produz barulho no vácuo deveria ter usado viagem no tempo até pra cortar as unhas dos seus personagens. Graças a Deus, tirando a ideia de fazer Episódio I, II e III, ele não pensou nisso também.

A melhor proposta na cultura pop a falar de viagens no tempo é a quinta temporada de Lost. Quem acompanha a série e já terminou a última temporada deve ter pensando como eu: “Agora fudeu de vez!”. Mais louca, insana e bizarra que todas as outras temporadas juntas, os perdidos de Lost viajaram no tempo e passaram uns dias brincando de casinha com a Iniciativa Dharma. Para a nossa sorte, existe um físico no grupinho, e ele diz que: não é possível mudar o futuro alterando o passado. Para provar mais ainda essa teoria, o próprio físico começa a achar o contrário, tenta mudar o futuro e péi, morre, sendo que sua morte já era sabida pelo pessoal que está no futuro. Ou seja, o passado é inalterável. Segue uma lógica simples: se você viaja no passado pra matar o seu avô, por consequência você não nasce, e se você não nasce você não pode viajar no tempo pra matar o seu avô. Sacou ou pede ajuda pro Stephen Hawking?

Bem, a 6ª e última temporada de Lost vem aí para o delírio dos fãs, e mais dois Exterminadores do Futuro estão em produção, para o desespero dos fãs. Podemos esperar mais banalização da viagem no tempo, até um dia chegarmos ao ponto de Douglas Adams em sua trilogia de 4 livros: “O maior problema da viagem no tempo não é o perigo de você se tornar o seu próprio pai, famílias modernas podem lidar facilmente com isso, mas a conjugação verbal, porque você descobre que o Pretérito Perfeito não é tão perfeito assim”.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Entre o começo e o fim existe o meio

A minha veia pra cinema-arte havia dado um tempo. Aliás, isso foi preocupante. Eu tentei ligar pra minha consciência, mas ela não mandou recados, email, bip, sinal de fumaça, muito menos tweets ou direct messages pelo Twitter. Por conseqüência, durante um longo período eu só assisti mega produções e blackbusters. Daí que eu fui assistir X-men Origens: Wolverine quando de repente eu finalmente acordo pra vida. “Que porra eu tô fazendo aqui?”. Ok, o filme é ruim e não é pouco, contribuindo para esse surto momentâneo. Foi um relacionamento de altos e baixos, vivemos momentos felizes juntos, o sexo era até bom, mas em se tratando do meu romance com o cinema exclusivamente comercial, foi hora de eu dizer que fui comprar cigarros e não voltar tão cedo.

Essa semana foi finalmente lançado o trailer de Do começo ao fim. Eu não posso nem dizer que o filme era aguardado, porque não era, ele pegou todo mundo de surpresa. Eu já havia lido algumas coisas pequenas com relação a escolha do elenco, mas não havia dado moral pra produção, mesmo porque o filme 1) é nacional (e não me condenem agora, nós ainda vamos discutir isso aqui) e 2) tem o Fábio Assunção (e isso não vai ser discutível).


Do começo ao fim é visivelmente um filme "diferente", primeiro por tratar de um dos últimos tabus da humanidade, o incesto, segundo, por ir além desse tabu e tranformá-lo num incesto homossexual. O longo trailer é cheio de cenas bem impactantes. O momento em que os dois irmãos estão juntos na cama e confessam que amam um ao outro soa pesado, eles são irmãos, aquilo é... errado (ou não?). Ainda assim, as imagens causam um grande fascínio e apresentam uma trama complexa, que se segura e que tem Julia Lemmertz em visível performace sublime.

É cedo pra falar de Do começo ao fim? É! O filme vai ser lançado esse ano ainda, mas sem data definida. Mas o burburinho virtual que o filme anda causando já é estrondoso. Até trailer com legendas em inglês o filme já tem. Mas uma coisa é certa, o filme por si só já sai da linha nacional comum, aliás, pelo trailer, se não fosse falado em português, qualquer um faria a afirmação de que esse não é um filme nacional. De fato, o cinema-arte (também chamado de cinema alternativo, embora eu não goste desse conceito) existe no Brasil ou de uma forma contida, ou não existe. Daí minha curiosidade gigantesca sobre Do começo ao fim, esse filme será um divisor de águas na produção audiovisual nacional?

Os mais descolados vão me contestar muito, dizer que o cinema nacional evoluiu bastante e existem muitas produções fora de circuito interessantes. Ao meu ver estão certos em parte. O cinema nacional avançou sim, mas uma coisa eu ainda não vejo no nosso cinema, uma linguagem inovadora, própria, particular e simplesmente irresistível e desafiadora. A Argentina está mais avançada que o Brasil nesse quesito. E até mesmo os mais antenados não podem discordar da imensa superioridade israelense na arte cinematográfico. As obras mais próximas do cinema-arte no Brasil são justamente aquelas que bebem de outras identidades.

Eu por exemplo fui ironicamente chamado de moderninho por não ter me chocado com o tema do incesto homossexual em Do Começo ao fim. De fato, o incesto na sua concepção cinematográfica não me atiça tanto desde que ele me foi apresentado em Os Sonhadores, de Bernardo Bertolucci. Eu vivi um caso de amor magnífico com esse filme, de longe um dos meus favoritos em toda história. A saga dos irmãos gêmeos Theo (Louis Garrel em seu mais marcante papel até hoje) e Isabelle (Eva Green em seu estado mais bruto), que conhecem o perdido Matthew e vivem juntos um triângulo inenarrável, num apartamento em Paris durante a revolução de 68, é fascinante como poucas.

Os Sonhadores é querendo ou não uma sublime obra de homenagem ao cinema, a musica, a literatura e a arte. Um filme que conquista, excita, faz com que você deseje fazer parte daquele grupo, mergulhar em filmes antigos, livros clássicos, musicas em vitrola ou numa Vênus de Milo em carne e osso. Além disso, é intrigante e atraente a relação incestuosa entre os irmãos, nunca mostrada de forma óbvia ou clara, sempre apenas sugerida. Não importa se Matthew conquista Isabelle, pois a relação dela com Théo estará sempre acima desse romance.

Ah, eu lembro de Os Sonhadores e suspiro alto sempre.

Com relação ao tema homossexualismo, esse não é de modo algum mais um tabu cinematográfico. Aliás, não se faz mais cinema-arte descente sem uma dose mínima de homossexualidade nos dias de hoje, podem reparar. Algumas pessoas podem dizer que o homossexualismo é polêmico nas telas de cinema, mas na minha opinião não é mais. Os EUA vive isso abertamente na sua televisão por exemplo, e no Brasil toda novela das 8 tem que ter casal gay sem beijo na boca pra chamar a atenção. Aliás, curtas metragens nacionais tendo gays e travestis foram grandes destaques em 2008. Mas você soube disso? Duvido! Ta aí, achando que Do começo ao fim é a primeira obra gay cinematográfica do Brasil.

Um exemplo dos curtas é Café com Leite. Uma tocante obra de um casal de jovens rapazes que começavam a planejar uma vida mais juntos quando de repente a família de um deles morre e ele se vê obrigado a cuidar do irmão mais novo, um obstáculo que não permitirá que os planos do casal se concretize. Tem também , obra de Felipe Sholl que levou nada mais nada menos que o Teddy Bear no Festival de Berlim em 2008, uma obra definida pelo próprio diretor como “sórdida e fofinha”. Já Sapatos de Aristeu é um curta pesado e ao mesmo tempo sensibilizante , que mostra um grupo de travestis preparando o corpo de uma amiga para o enterro. Cadê que algum desses filmes explodiu?

Com relação aos longas com tema homossexual abertament, o Brasil ainda não tem nenhum de peso realmente. No mundo existem os clássicos modernos como o ótimo Milk, Filadélfia, A Lei do Desejo, Meninos não Choram, Café da Manhã em Plutão e meu favorito, C.R.A.Z.Y. – Loucos de Amor, que na verdade não se enquadra bem em temática gay, pois acima de tudo é um fantástico drama familiar, e que tem a melhor trilha sonora que um filme pode ter, com The Rolling Stones, David Bowie (em fase Ziggy Stardust) e Pink Floyd (e não estou falando de lados B dos singles mais obscuros: o filme escancara Space Oddity, Sympathy For The Devil e Shine On You Crazy Diamond).

Porém, dentre esses todos, o telefilme Orações para Bobby chamou bastante minha atenção. É um filme bem triste, e que vale bem mais a pena a partir de sua metade, quando o Bobby em si morre. Filho de uma mulher altamente católica, Bobby não foi só reprimido duramente, mas foi convencido pela sua mãe que a homossexualidade era um pecado forte e errado. Mesmo Bobby conseguindo se desapegar da família, não se desapegou da idéia da mãe e se matou. A partir desse momento, sua mãe (uma Sigourney Weaver assustadora), entrega-se a uma dor sem tamanho, e passa a se sentir a única responsável pela morte do filho. É doloroso demais o momento em que ela entra na igreja toda molhada e anuncia ao padre que foi ela quem matou o filho que mais amava. Orações para Bobby pode ser um simples telefilme, mas tem uma essência tão forte que indiscutivelmente o torna um ótimo filme a abordar o real questionamento de ser homossexual.

Voltando a Do começo ao fim, veremos o que o filme nos aguarda. Mas eu já começo a achar que toda essa repercussão não fará bem para sua crítica final. Em 24h o trailer alcançou a marca de 25mil visitas (impulsionado pela versão legendada em inglês no Made in Brazil), em 48h quase todos os portais de cultura e notícias LGBT do país tinham o trailer em seus destaques. O trailer de 4 minutos mostra visivelmente muita coisa, inclusive o possível clímax, a não ser que o filme tenha 2h30 de duração, o negócio já começou mal, lembrando que deve haver um segundo trailer antes do lançamento com mais cenas inéditas. E como eu estava apostando com um amigo paulista, “quer pagar quanto que um deles morre no final?”. Sinceramente, espero realmente estar bastante enganado.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A vida como ela é... sim, e daí?


Estruturas. É o que todos nós desejamos, independente desse desejo ser consciente ou não. Todos nós queremos estruturas. Todos nós queremos nosso pilar de sustentação. E de fato, só dão valor a isso as pessoas que não as tem.

Meu novo vício tem sido a série Brothers & Sisters. Uma ótima produção norte americana que hoje está em sua terceira temporada, mas que eu ainda estou finalizando a primeira. E eu já vou logo avisando que se você está esperando eu falar de uma série louca, toda cheia de confusões, vidas perturbadas ou mistérios, lamento, mas só tem uma palavra para eu definir Brothers & Sister: careta! A série não é só careta, ela é caretíssima, ao extremo. Talvez seja por isso que eu posso afirmar que adoro esse programa, porque o caretismo às vezes é o que nos traz mais conforto na vida.

Brothers & Sisters conta a história de uma família rica e cheia de valores próprios que tentam lidar com a perda do patriarca, a quebra financeira da empresa e a descoberta de mentiras do passado que nunca vieram a tona. São cinco irmãos, completamente diferentes um do outro, mas que se amam e tem um elo fortíssimo (cada um a sua maneira) com a mãe, uma mulher forte, porém, meio sequelada (de doida mesmo, não psiquiatricamente). A questão é que todos ali são seres humanos, cada um com suas vidas, com seus problemas pessoais, com suas famílias para criar, com seus corações para lidar, com suas felicidades, vitórias, princípios e medos.

A questão é que não importa o quanto eles tenham tudo isso, pois uma coisa eles sempre terão, a si mesmos. Esse é o grande segredo de Brothers & Sisters, o de sem nenhum artifício pitoresco (muito comum hoje nas séries americanas) mostrar de verdade como funciona o amor familiar.
Não é de hoje, que os valores familiares se tornaram indefiníveis. De fato, uma das grandes questões da nossa humanidade, é que cada geração que vem se distancia mais ainda da anterior. Pegue você mesmo como exemplo. Você vive num mundo que não é nem um pouco mais igual ao da sua mãe. Porém, a sua mãe viveu num mundo onde possivelmente ainda havia muitos dos valores do mundo da mãe dela.

E aí chegamos ao momento em que o prazer das pessoas mais mal amadas é dizer que “a família é uma instituição que está falindo”. O cu deles que está falindo. Lembro que quando eu era do colegial, a notícia do suicídio de um garoto chocou toda a escola. Porém, o relato de um dos meus professores foi o que mais me interessou. “No começo do velório havia muita gente, mas elas foram saindo, saindo, até que antes da meia noite só restava a família”, ele suspirou e voltou a falar, “não importa o que vocês jovens achem, o quanto considerem que seus amigos são os melhores do mundo e seus pais incompreensíveis, no fim, só restará a família”.

Eu conheço um numero infinito de pessoas que se distanciam de suas famílias, cujo diálogo não esta presente, cujos valores morais diferentes nunca entram em acordo. Por quê? Talvez porque hoje em dia, as pessoas tenham deixado de praticar uma coisa que é capaz de mudar vidas, a tolerância. Familiares brigam, se xingam, riem, choram, vivem... mas se não há tolerância, nada disso acontece. A família só é família, quando todos sabem se tolerar. E aí vocês podem dizer: “mas isso não existe na minha família”, ao que eu lhe pergunto: “você já tentou criar?”.

E como dizia Chaplin, numa frase que particularmente me incomoda: “amigos são a família que Deus nos permite escolher”. Me incomoda sim, mas só como uma coceirinha de leve. Talvez porque eu seja o melhor amigo da minha mãe e que por vezes nos esquecemos dos nossos laços sanguíneos, que quando crianças a minha avó e meu avô tenham sidos meus maiores pilares de sustentação e hoje me esforço pra ser um pilar de sustentação pra eles e que quando lembro da tia que me criou e me ensinou o gosto pela leitura, mas hoje mora longe, paro um momento e meus olhos lacrimejam. A família também são os amigos que Deus nos dá.

E é só quando eu acho que somos plenos desse valor que somos capazes de transmitir de verdade o que sentimos para outras pessoas. Para aqueles que também representam nossas estruturas, aqueles que batizamos com a palavra: amigo. A amizade é de longe uma das coisas mais fantásticas, intrigantes e misteriosas do universo. Pois é uma palavra super bobinha que explica como podemos nos relacionar com as pessoas mais fantásticas, intrigantes e misteriosas do universo.

Amigos vêm, amigos vão, existem aqueles que nós queremos que nunca nos deixem, mas nos deixam, existem aqueles que nos deixam, mas voltam, existem aqueles que nós deixamos, aqueles que ficam para sempre, aqueles que nos conhecem melhor que nós mesmos, aqueles que não nos conhecem, mas nós adoramos mesmo assim. Minha avó costumava dizer que existe uma grande diferença entre amigo e colega. Amigo é uma palavra muito forte, e que nós temos que saber exatamente o valor dela, para usá-la somente com as pessoas certas. Por isso eu meio que encho o peito e falo num tom mais grave ou simplesmente diferente quando me refiro a alguém como meu amigo.

Eu não acho que exatamente a gente escolhe nossos amigos. É um tipo de química, algo que liga no seu cérebro e no da outra pessoa e que vai deixar vocês unidos agora e vocês nem perceberão isso. Uma ligação que não se sabe onde está e que pode ser alimentada e destruída por ‘n’ fatores.

Se existe a série Brothers & Sisters, eu acho que uma melhor ainda seria Family & Friends. Porque de certo modo, por todos, nós compartilhamos um sentimento especial. Todos nós amamos e desejamos o melhor sempre que possível, pois essa é na verdade a grande coincidência entre amigos e familiares, o bem que nós desejamos um aos outros. Se você não compartilha disso, possivelmente é porque não tem fé, não só na família ou nos amigos, mas principalmente em si mesmo.

Se você conseguiu chegar até o fim desse texto já deve ter percebido que ele é totalmente diferente dos outros que eu escrevi, mas se eu o desapontei não vou me desculpar por isso. Essa na verdade é uma carta de amor que eu escrevo aos meus amigos e a minha família, aqueles que ajudam eu a ser quem eu sou, e que eu me esforço todos os dias para ajudá-los a continuar sendo aqueles que eu amo.

domingo, 5 de abril de 2009

Conversas Bizarras Após Batidas Bizarras

Introdução: A moto atravessou o sinal vermelho, a moto veio, veio, veio, eu já tava indo e PÉI, um corpo cai no meu para-brisa!

Eu: OH, MEU DEUS! CARA, VOCÊ TA BEM?

Motoqueiro: Aí (saindo do para-brisa todo trincado), eu tô sim, so machuquei o joelho, mas tá tranquilo!

Eu (tremendo): Obrigado, Senhor! Deus é pai, não é tio nem padastro, é pai! Agora vem aqui.

Motoqueiro: Por quê?

Eu: Porque se o acidente não te matou eu faço esse serviço. Vem cá seu desgraçado, METADE DO MEU CARRO TA DESTRUÍDA E A SUA MOTA NÃO ESTÁ NEM ARRANHADA!

Motoqueiro: Ei, calma aí...

Eu: Calma aí nada...

Desconhecido: Gente, tá tudo bem por aqui? Querem que eu chame o Samu?

Eu: Calma, me dá 15 minutos com ele, aí tu chama o Samu!

Motoqueiro: Tu não me viu não?

Eu: Tu não viu o sinal VERMELHO não?

Desconhecido: Ei cara, tu passou no sinal vermelho.

Motoqueiro: NÃO TE METE!

Desconhecido: Ah, vá pra casa do caralho...

Motoqueiro: Vá pra casa do caralho você...

Eu: ...

Vizinho (chegando): Nossa, tu tá bem?

Eu: Até que eu tô (olho pro que sobrou do carro e uma lágrima desce solitária pelo meu olho direito), meu bolso é que não!

Brincadeiras a parte só posso agradecer a Deus por nada de grave ter acontecido no acidente que tive na última sexta-feira.

terça-feira, 17 de março de 2009

Com Que Maníaco-Assassino-Serial-Irracional Você Se Identifica Mais?

Quem sabe que eu sou fã do Jason levanta o braço:
Jason: “Euuu!”
Samuel: “Ok, mas era pra levantar o SEU”

Sexta Feira 13 estreou aqui em Rio Branco exatamente numa sexta feira 13, mas na sexta feira 13 errada. A sorte do Cine João Paulo é que houve duas sextas feira 13 seguidas. Coisa hiper rara de acontecer. Portanto, foi o atraso de estréia cinematográfica mais bem sucedido da história desse cinema que super segue as tendências. Eu nem conseguia reclamar do atraso, juro, perdi a fala diante dessa “divina providência” do calendário romano.

O novo Sexta Feira 13 na verdade não é um remake do primeiro filme, ele é um remake da Parte 1 nos primeiros 3 minutos, um remake da Parte 2 ate a meia hora de duração, remake de porra nenhuma ate o final, e remake da Parte 1 de novo no finalzinho-inho-inho (como se não fosse óbvio o que ia acontecer, hellooo, o Jason é imortal, alguém aqui se lembra disso?). Enfim, o novo Sexta Feira 13 na verdade não é nem uma continuação, nem um remake, e sim um recomeço da série. Resumindo, Sexta Feira 13 é na verdade uma grande... bosta! E por isso ele é razoavelmente... bom.

Gente, fala sério! Num mundo saturado de filmes de terror de assassinos seriais toscos, no meio do nada, matando adolescentes que só querem transar, você tem mais medo do que: de um assassino irreal no meio da floresta que usa uma máscara de hóquei ou da menina do call center do seu cartão de crédito, que leva dois segundos de digitação para colocar seu nome no SPC/SERASA e que ainda assim precisa no mínimo de meia hora pra entender que você quer cancelar aquele cartão que na verdade é a sua destruição? Eu não sei vocês, mas a vida real é mais aterrorizante que o Jason.

Os bons filmes do Jason rolaram de 1980 a 1989. Aliás, todos são horríveis, cada um pior que o outro, tosqueira sobre tosqueira, mortes sem sentido, elencos agonizantes, roteiros para crianças de 3 anos, enfim, isso tudo era o real encanto de Sexta Feira 13, a pior franquia do cinema a ser melhor em alguma coisa. A Parte 6 é a melhorzinha, porque Jason parodia a si mesmo, o roteiro é inteligente, as atuações mais ou menos e você ri do começo ao fim com as sacadas brilhantes (como por exemplo, quando pela primeira vez na história da série, a polícia é chamada e Jason mata tudinho), mas mesmo assim, tudo vira bosta.

Esse remake foi dirigido pelo mesmo diretor de outro remake, O Massacre da Serra Elétrica, uma refilmagem de um clássico maior que o de Jason para mim. A refilmagem de O Massacre foi absurdamente boa, tinha tudo muito bem organizado, dava medo e nós não desejávamos a morte dos personagens por nos aproximarmos deles. Esse remake entrou para a minha história. Já em Sexta Feira 13, eu desejava a morte de todos os personagens o mais rápido possível. Aliás, quer um bom motivo pra assistir esse filme? As mortes são ótimas, não exageradas e surpreendentes. Ponto para o saco de dormir que vira armadilha e para a flechada no barco. Aliás, o novo Jason corre, uma gigante decepção pra mim, quase chorei de tristeza, pois o antigo Jason andava a 0,5km/h e estava sempre na frente de suas vítimas. Mas temos sexo de novo (obrigado, produtores), elemento que havia saído dos filmes de terror teen para conseguir censuras mais leves (sangue pode, peitos não).

Um fato hilário, é que Jason nasceu com o objetivo de fazer frente a um outro maníaco, Mike Myers, de outro clássico cult dos filmes de terror, Halloween. Eu não gosto desse, mas de fato, nos anos 80, surgiram uma série de slasher movies (típicos de assassinos sem inteligência), embora foram poucos os que sobreviveram ao imaginário popular e a história do gênero terror/tosco.

Com isso, fiquem agora com o Top 8 Assassinos Maníacos dos Filmes de Terror Toscos:

8º Lugar - Pânico
A série Pânico fez mais merda nos slasher movies do que o Jason foi capaz. Ok, eu admito que Pânico é um fruto de Sexta Feira 13, mas mesmo assim, não tem salvação. Primeiro, temos aquele assassino com aquela fantasia ridícula (em cada filme é um diferente, mas sempre com a mesma fantasia), depois, sempre os adolescentes americanos estereotipados, os piores tipos, a gostosa, o jogador, o tímido que não transa com ninguém, a metida a espertar e a virgem, que sempre sobrevive, mesmo que ela perca a virgindade. Os três filmes são muito ruins, as mortes também são muito sem graça, os desfechos são piores ainda. Afinal, quem sai fantasiado dentro da cidade, a vista de todo mundo, matando e perguntando antes: “Qual seu filme de terror favorito?”? Se nem no campo isso faz sentido, imagina na cidade.

7º Lugar - Harry Warden
Esse é pouquíssimo conhecido, do filme Dia dos Namorados Macabro. Harry Warden é um mineiro (não gente, ele não nasceu em Minas Gerais, ele trabalhava em minas) que na noite do dia dos namorados saia de sua mina com uma picareta suja de sangue e matava garotinhas apaixonadas, arrancava seus corações e mandava para outras pessoas em caixas de bombons em formato de... coração (adoooro a ironia). O filme é violentíssimo e razoavelmente bom, mas com os clichês de sempre, assassino mascarado revelado só no final do filme, adolescentes se fudendo e casal transpassado vivo enquanto transa. Teve dezenas de cortes no filme original, o que é uma pena, mas eles estão no DVD especial lançado recentemente. O remake foi lançado há pouco tempo em versão 3D.

6º Lugar - Mike Myers
O mais cult dos maníacos, Mike Myers é o grande vilão da série Halloween, também refilmada e lançada ano passado por Rob Zombie. Mike nasceu com talento pra matar. Aos 6 anos esfaqueou mortalmente a sua irmão depois dela transar com o namorado, ficou num hospital psiquiátrico até os 21 anos, quando resolveu fugir e seguir carreira. Ele mata, começa a usar uma máscara estranhamente delicada e um facão grande igual ao do Jason. Começa então a história de um serial killer acima da média normal. Existem 8 partes da série, em todas ele é indestrutível e implacável. É quase um Jason, com tanto cérebro quanto ele, mas com um pouquinho mais de classe.

5º Lugar - Chucky
O Brinquedo Assassino é um dos filmes mais populares da história, cultuado até hoje e que teve capacidade de se reinventar para manter sua presença. Chucky era até então um brinquedo inocente, mas de algum jeito absurdo, abrigou a alma de um assassino morto pela polícia em uma loja de brinquedos. O primeiro filme é assustador, principalmente para crianças. O brinquedo havia sido comercializado antes do filme, o que gerou uma histeria ao redor do mundo. Chucky é foda, mesmo no corpo de um boneco de plástico, ele já teve ate namorada, fez filho e matou algumas dúzias de idiotas, além de assustar criancinhas ate hoje. Ele também era sarcástico e irritante, coisa rara na época. Seu gênero de terror se desgastou, mas sua figura não, despontando para o humor em seus últimos dois filmes.

4º Lugar - Pinhead
O grande vilão da série Hellraiser vem de uma dimensão paralela toda vez que um cubo amaldiçoado tem seu segredo desvendado. Me cagava de medo toda vez que o Pinhead aparecia na tela, com aquela cara cheia de pregos, aquela roupa de couro (que com certeza foi feita para sadomasoquistas), e aquelas correntes que surgiam do nada e se enfiavam na pele das vítimas. Dor e prazer ao extremo no mundo de Pinhead. Os três primeiros filmes são ótimos, mas depois a coisa fica ruim, até gordo o Pinhead ficou nesse meio tempo (Parte 8). É, a idade não perdoa ninguém.

3º Lugar - Freddy Krueger
Um vilão que começou aterrorizante e que hoje poderia fazer parte do palco do CQC ao lado do Rafinha Bastos. O primeiro A Hora do Pesadelo é até razoável, mas o resto é uma grande porcaria de filmes toscos que subestimam nossa inteligência mais do que qualquer outra coisa e transformaram Freddy Krueger de assassino de crianças demoníaco que mata pelos sonhos, em comediante de segunda que mata entre piadas. Além de torcer só pro Flamengo com aquela blusa listrada que ele usa. É um ícone, dos melhores, um tipo de vilão raro, mas que foi muito mal aproveitado. Adora matar adolescentizinhos que só pensam em transar. Ponto para as mortes sempre criativas.

2º Lugar - Leatherface
É difícil me expressar sobre Leatherface sem me expressar sobre O Massacre da Serra Elétrica, um dos filmes de terror mais cultuados de todos os tempos, absurdamente bom, “inteligente” e assustador. Leatherface é um jovem que nasceu com uma doença que corrói a pele do seu rosto, na juventude então ele aprende com sua sádica família de canibais a usar o rosto de outras pessoas no lugar do seu e de comer a carne delas para se alimentar. É bizarro. Brandindo sua serra elétrica em mãos, não tem como não ficar com as pernas bambas quando Leatherface entra em cena para matar, geralmente conseguindo seu objetivo. O filme original é muito bom, o remake é tão bom quanto, e O Massacre da Serra Elétrica – O Início, que mostra como tudo doentemente começou, é melhor ainda. Estranho esse último ter passado tão despercebido pelo Brasil.

1º Lugar - Jason
O que falar de um assassino que no começo era um serial killer louco, depois assumiu status de ser místico imortal, levou mais de 100 tiros, foi esfaqueado 26 vezes, levou 5 machadadas, foi atropelado por um trator e um carro, soterrado por um telhado, atingido por vasos, um sofá, alguns pedaços de madeira, duas cadeiras, livros, uma estante, uma televisão, foram fincados ao longo do seu corpo 15 barras de ferro, foi afogado em lixo tóxico, foi explodido... e sobreviveu, o que falar? Para o bem ao para o mal, Jason realmente é imortal.