quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Todos nós queremos ser jovens, pop’s e pós-modernos-contemporâneos para sempre


Eu tenho uma raiva exagerada, quase um desprezo, por quem adora lembrar dos ícones anos 90. Música tema de Carrossel, movimento de hora de morfar dos Power Rangers, tazos que vinham em chicletes, todas as falas de Paola Bratcho em A Usurpadora... Enfim, qualquer coisa que faça eu perceber que estou ficando velho, e que eu era um tosco. Pior, quando se trata das redes sociais (caralho de "redes sociais”, isso aqui não é o Fantástico), então, quando se trata de TWITTER, esse movimento vira uma praga, basta uma pessoa citar alguma coisa e pronto, lembranças de coisas velhas se espalham pior que carrapatos em cachorro não tosado.

E se para a minha geração, que foi criança nos anos 90, já existe um movimento de saudosismo tão grande, o que será que existe para aquela geração que foi criança nos anos 80 e que eu chamo carinhosamente de Geração Kichute? Num mundo que não só tenta colocar na cabeça de todos que são os jovens que mandam nas tendências como realmente são os jovens que MANDAM, como se defender de um conjunto de filosofias pós-modernas-contemporâneas que sempre querem te ensinar o seu lugar se você já não é... “tão jovem assim”?

Sei lá!

A pergunta pode até não ter uma resposta tão simples. Mesmo porque, é o tipo de resposta que aparece em atitudes, não me cabe listá-las, porém, eu faço questão de citar uma. Sim meus amigos, pois Scott Pilgrim Contra o Mundo, um dos filmes do ano, é um verdadeiro tapa na cara da sociedade-teenager-colorida.

Scott Pilgrim mostra que a vida acontece em fases, não as fases infância-adolescência-adulto, mas as fases de vídeo game mesmo, mas muito mais que um simples game, um game 8bits, um dos maiores símbolos da geração anos 80. Na trama, Scott Pilgrim, guitarrista de uma banda baita ruim e que sofre com o fim do último namoro há mais de um ano, conhece a ultra descolada Ramona, que passa a ser foco de uma paixão repentina, mas que ao conhecer a Liga dos Ex-Namorados do Mal de Romona, começa a contestar sua paixão. Como nos videogames, cada ex-namorado é uma fase a ser superada, um inimigo a ser derrotado. E Como na realidade, cada memória do outro é uma bagagem a ser compreendida por Scott, não no sentindo de compreender somente Ramona, mas a si mesmo, a superar seus traumas e fraquezas.

Não julgue Scott Pilgrim pela capa e pela produção. A história parece infantilizada, com os elementos de Super Mario, Metroid, Street Fight e The Legend of Zelda, incluindo onomatopeias, recordatórios em quadro e influências de mangá. Mas temos aqui um épico 2.0, um trabalho cinematográfico de adaptação de linguagens fenomenais, e uma celebração a ícones esquecidos que inspiraram simplesmente todos os que temos hoje, junto a uma Geração Indefinida de jovens que comanda o mundo, tem um poder impressionante nas mãos e na verdade não dá muita importância a isso.

Prova do que eu digo é mini-documentário-não-tão-documentário-assim-padrão-Youtube chamado We All Want to Be Young. O vídeo é o resultado de diversos estudos realizados pela BOX1824 nos últimos 5 anos, uma empresa de pesquisa especializada em tendências de comportamento e consumo. E sinceramente... esse vídeo é mais que um tapa, é um soco no estômago da sociedade.



A produção assinada Lena Maciel, Lucas Liedke e Rony Rodrigues tem muito a dizer em seus menos de 10 minutos. Aliás, o próprio formato é louvável. Vale imaginar que se fosse produzido no Brasil, esses 5 anos de estudos virariam no mínimo um livro de 500 páginas ou um vídeo de 1h30 que fariam todos dormirem. Aqui temos imagens reconhecíveis, trilha sonora agradabilíssima e um texto que a início parece bobo, mas que como tudo que faz sucesso na internet hoje em dia, traz uma série de reflexões em velocidade de metralhadora.

Os jovens da atualidade são o topo da pirâmide de influencias, uma geração global, netos da Geração Baby Boomer e da filhos da Geração X, aqueles que conquistaram o mundo e que só querem dançar Lisztomania em cima do telhado (ok, esse foi um toque bem pessoal). Uma geração única, que tem uma lista gigantesca de possibilidades, de oportunidades, um volume de informações descontrolado, ansiedade crônica e dificuldade em escolhar os filtros.

Mas como diria o narrador de We All Want to Be Young, "Se você acha que já sabe bastante e está em paz com seu espaço no mundo, então, parabéns. Você está oficialmente morto". No fim, ser jovem é ser sexy, engraçado, divertido, e por isso, todos temos medo de perder isso. Um medo que nos faz retomar a pergunta do começo do texto: como se defender de um conjunto de filosofias pós-modernas-contemporânaes que sempre querem te ensinar o seu lugar se você já não é... “tão jovem assim”?

Bem, acredite ou não, a resposta pode ser encontrada exatamente naquilo que Scott Pilgrim Contra o Mundo Faz tão primorosamente. Entenda a evolução do mundo, saiba unir todos os elementos e ícones ao seu redor, não se feche, não perca sua ambição, seus pequenos sonhos que podem sim se tornar a realidade... isso senhores, no fim não é auto ajuda, é a verdadeira fórmula para ser jovem para sempre.

E agora, quem quer dançar Lizstomania comigo encima de um telhado?