Hoje aconteceu uma coisa que mexeu com meus sentimentos. Durante todo o evento que teve tal poder, eu me senti excitado, maravilhado, bestificado, fascinado e mais algum “ado” que eu não estou bem lembrado. Que evento foi esse então? Eu andei de Fusca. E não foi um simples Fusca, foi "O Fusca". A pintura original estava mais desgastada e incriquilhada que a pele da Dercy Gonçalvez, a embreagem e o acelerador estavam alinhados por duas linhas de barbante, a porta do carona não abria por fora e tremia mais que uma pessoa gorda quando goza (reza a lenda que gordo não tem orgamos, tem ataque epilético), o estofamento estava sujo de barro, rasgado e, no geral, por dentro ele mais parecia que tinha entrado em chamas ao ter sido um carro um dia. Ou seja, eu amei.
Lembro-me que o primeiro carro aqui de casa, nos tempos das vacas anoréxicas, foi um fusca. Branco e com aquele cheiro que só os fuscas tem. PAUSE: Porque todo fusca tem o mesmo cheiro hein? No começo eu achava que todos eram fedidos, mas depois eu percebi que existe algo como a “maldição do cheiro do fusca”, algo que está na alma do bichinho (ou no suor de quem senta sem camisa e o líquido salgado humano infesta aquele estofamento de 1ª linha). DES-PAUSE: Era uma aventura sair de casa naquela época pelo fato de que no princípio dos anos 90, minha residência era ocupada por [PAUSE: contando nos dedos] 9 pessoas.
E ai você e eu nos perguntamos, cabiam nove pessoas em um fusca? Claro que não. Mas cabiam sete com folga. E antes de eu e meu irmão desembestarmos a crescer descontroladamente, se empurrasse um pouquinho pro lado, caberiam 8. Exato, nós tínhamos mais que um fusca, nós tínhamos um Fusca de Circo. Dirigi ele quando criança e aprendi o pouco de mecânica de carro que sei hoje, ou seja, nada.
Hoje eu senti um prazer infantil ao andar de fusca. As pessoas geralmente tem nojo, mas quando estão num carrão se sentem esnobes e poderosas mesmo que o carro não seja delas. Eu não, quis deixar metade do meu corpo do lado de fora da janela e gritar pra todo mundo na rua “Ei, olha pra mim, eu to andando de fusca, cara. Iraaado”. Lógico, não fiz isso, pois além de gerar uma multa para meu colega, eu acabaria sendo comparado a cena de Priscila - a Rainha do Deserto por todos os idiotas/insensíveis que pensam que imagem é tudo e que para fazer parte do mesmo sistema que destrói suas vidas e as torna infelizes e vazias, são capazes de ostentar até o que não possuem.
Esse negócio de imagem me lembrou que sexta feira entrei na maior crise da minha vida com relação a minha imagem. Nos últimos meses meu espírito consumista e de “pessoa mais influenciável do mundo” aflorou e eu gastei uma bela grana em roupas, produto pra cara e pro cabelo. Pra que? Pra no fim das contas eu ter chegado ao cúmulo de na sexta feira ter me achado o cara mais desagradável do mundo, ter tido vontade de cortar a minha face com uma navalha e me isolar do universo num abrigo nuclear pra que ninguém me visse. Sai de casa a contragosto, mas eu só gastei sua gasolina e nem sai do carro. Se eu pudesse ter usado burca nesse dia eu tinha usado.
Passado o dia negro, eu tenho que admitir que não me curei dessa Crise do Patinho Feio totalmente(é, to com a esperança de virar cisne), mesmo porque, a colega veio me dizer que eu pareço com o Sementinha do Mal, do Tropa de Elite. Ela disse que ele é fofo que nem eu, mas eu me perguntei-me a mim mesmo, “se ele é bandido, marginal favelado e galeroso, cadê exatamente a parte fofa disso?”. Anda não assisti Tropa de Elite, mas depois dessa, nem quero mais.
Para me distrair desse Sofrimento-Anti-Narciso, os livros novos que eu comprei chegaram, um deles é Mastigando Humanos, do Santiago Nazarian. Eu acho que eu o comprei só pra quando terminar de ler dizer que não gostei. Por quê? Acho que eu tenho inveja do autor. Ele tem 30 anos, quatro livros publicados, é tradutor de livros (mew, ele traduziu Maldito Coração), escreve legendas para filmes, conhece uma parte cool e underground do mundo, escreve para a Rolling Stones e... ah, vá pra porra, to fazendo propaganda dele de graça.
Acompanho o blog do Nazarian faz alguns meses. De certo modo, eu sempre almejei de um dia ser algo parecido com o que ele é, talvez porque meu maior sonho seja me tornar um conhecido escritor de contra-cultura. Isso volta a me questionar-me a mim mesmo (gosto de dar ênfase) sobre a imagem que tentamos passar de nós para o mundo. Por mais que algumas pessoas tenham noção de que a imagem é um conceito muito hipócrita na sociedade atual, não dá pra deixar de pensar que até mesmo essas pessoas almejam ser algo um dia, formar uma imagem sua para passar para outros.
Eu posso até querer que um dia eu tenha uma força de imagem parecida com a do Santiago Nazarian, mas eu vou comprar um jipe pra mim, porque eu adoro aquele modelo mais velho, aberto e vermelho. E quando alguém me oferecer uma carona num fusca caindo aos pedaços, pode ter certeza que eu só vou recusar se tiver um bom motivo.
Lembro-me que o primeiro carro aqui de casa, nos tempos das vacas anoréxicas, foi um fusca. Branco e com aquele cheiro que só os fuscas tem. PAUSE: Porque todo fusca tem o mesmo cheiro hein? No começo eu achava que todos eram fedidos, mas depois eu percebi que existe algo como a “maldição do cheiro do fusca”, algo que está na alma do bichinho (ou no suor de quem senta sem camisa e o líquido salgado humano infesta aquele estofamento de 1ª linha). DES-PAUSE: Era uma aventura sair de casa naquela época pelo fato de que no princípio dos anos 90, minha residência era ocupada por [PAUSE: contando nos dedos] 9 pessoas.
E ai você e eu nos perguntamos, cabiam nove pessoas em um fusca? Claro que não. Mas cabiam sete com folga. E antes de eu e meu irmão desembestarmos a crescer descontroladamente, se empurrasse um pouquinho pro lado, caberiam 8. Exato, nós tínhamos mais que um fusca, nós tínhamos um Fusca de Circo. Dirigi ele quando criança e aprendi o pouco de mecânica de carro que sei hoje, ou seja, nada.
Hoje eu senti um prazer infantil ao andar de fusca. As pessoas geralmente tem nojo, mas quando estão num carrão se sentem esnobes e poderosas mesmo que o carro não seja delas. Eu não, quis deixar metade do meu corpo do lado de fora da janela e gritar pra todo mundo na rua “Ei, olha pra mim, eu to andando de fusca, cara. Iraaado”. Lógico, não fiz isso, pois além de gerar uma multa para meu colega, eu acabaria sendo comparado a cena de Priscila - a Rainha do Deserto por todos os idiotas/insensíveis que pensam que imagem é tudo e que para fazer parte do mesmo sistema que destrói suas vidas e as torna infelizes e vazias, são capazes de ostentar até o que não possuem.
Esse negócio de imagem me lembrou que sexta feira entrei na maior crise da minha vida com relação a minha imagem. Nos últimos meses meu espírito consumista e de “pessoa mais influenciável do mundo” aflorou e eu gastei uma bela grana em roupas, produto pra cara e pro cabelo. Pra que? Pra no fim das contas eu ter chegado ao cúmulo de na sexta feira ter me achado o cara mais desagradável do mundo, ter tido vontade de cortar a minha face com uma navalha e me isolar do universo num abrigo nuclear pra que ninguém me visse. Sai de casa a contragosto, mas eu só gastei sua gasolina e nem sai do carro. Se eu pudesse ter usado burca nesse dia eu tinha usado.
Passado o dia negro, eu tenho que admitir que não me curei dessa Crise do Patinho Feio totalmente(é, to com a esperança de virar cisne), mesmo porque, a colega veio me dizer que eu pareço com o Sementinha do Mal, do Tropa de Elite. Ela disse que ele é fofo que nem eu, mas eu me perguntei-me a mim mesmo, “se ele é bandido, marginal favelado e galeroso, cadê exatamente a parte fofa disso?”. Anda não assisti Tropa de Elite, mas depois dessa, nem quero mais.
Para me distrair desse Sofrimento-Anti-Narciso, os livros novos que eu comprei chegaram, um deles é Mastigando Humanos, do Santiago Nazarian. Eu acho que eu o comprei só pra quando terminar de ler dizer que não gostei. Por quê? Acho que eu tenho inveja do autor. Ele tem 30 anos, quatro livros publicados, é tradutor de livros (mew, ele traduziu Maldito Coração), escreve legendas para filmes, conhece uma parte cool e underground do mundo, escreve para a Rolling Stones e... ah, vá pra porra, to fazendo propaganda dele de graça.
Acompanho o blog do Nazarian faz alguns meses. De certo modo, eu sempre almejei de um dia ser algo parecido com o que ele é, talvez porque meu maior sonho seja me tornar um conhecido escritor de contra-cultura. Isso volta a me questionar-me a mim mesmo (gosto de dar ênfase) sobre a imagem que tentamos passar de nós para o mundo. Por mais que algumas pessoas tenham noção de que a imagem é um conceito muito hipócrita na sociedade atual, não dá pra deixar de pensar que até mesmo essas pessoas almejam ser algo um dia, formar uma imagem sua para passar para outros.
Eu posso até querer que um dia eu tenha uma força de imagem parecida com a do Santiago Nazarian, mas eu vou comprar um jipe pra mim, porque eu adoro aquele modelo mais velho, aberto e vermelho. E quando alguém me oferecer uma carona num fusca caindo aos pedaços, pode ter certeza que eu só vou recusar se tiver um bom motivo.
13 comentários:
olha, não sei o que comentar sobre uma pessoa que diz gostar do... fusca. se fosse o new beatle até aceito, já que ele é o carro mais fofo do mundo (e meu preferido).
quanto a parecer a priscila... bom, ia ser divertido ver isso. HAHAHAHA
Meu sonho é ter um fusca amarelo, pintar a cara do smile nele e ir pra jamaica ouvindo Bob Marley. hehe. Depois dá uma passadinha no meu blog e veja o q falo sobre crise.
Ah, dois votos a favor do Priscila a rainha do deserto.
adooooooro fuscas!!! serio, me amarro. meu professor tinha um amarelo q eu adorava e vivia babando.
hauahauhauahauhauahauah cara, queria ter ido sexta so pra ver a cara do fred com a tua birra! XDD
deve ter sido hilario.
Vá pra porra Samuel!
Você, seu texto e todo o seu talento e criatividade!!
hahahaha
Ah, eu não te acho fofo não, te acho uma gracinha! xD
ah, e tbm não assisti a Tropa de Elite, e nem quero..
=P
até+!
adoro te ler!
Mastigando Humanos...me empreeeeesta(olhinhos igual o do gato do filme do ogro feio e gordo)
meu maior sonho e ter um fusca rosa estofado de couro com bolinhas...uma coisa bem,bem!
=*
Meu Pai eterno...
xD
Tamos aqui né...
Oh, o motor original de fusca
é muito bom, são os melhores
segundo meu pai.E o que o ele
diz é uma verdade inabalavel...
xD
bjim amigo...
brigada tá...
EU AMOOOO CHEIRO DE FUSCA!
Realmente o cheiro do fusca é algo que vai entrar pra historia.Mas descordo com a opinião do Thiago, o carro mais fofo que existe é claaaaro que é o fusca!!!
Cara, eu sempre tive vontade de ter um Fusca!
Parabéns pelo relato e por suas palavras Samuel. o//
Lembro do dia em que fui à uma fazenda de Fusca, foi "show de bola"... :D
Abração parceiro!
Eu qro que os fuscam sejam banidos do transito...eles cheiram mal, e ainda, poluem o ambinte!!! qro sim um carro(carro não, uma camionete) movida pelo liquido mais puro possivel(totalmente anti-poluidor). ai sim, ficarei feliz...
Possuir um fusca é algo comum entre os brasileiros. Eu tenho um 78 de cor bege e estou deixando-o no jeito que gosto. Já tive 6 fuscas, mas este não pretendo vender, é meu carro para passear nos finais de semana. Tenho o maior prazer em guiá-lo. Ninguém é obrigado a gostar de fusca, mas não é a toa que um carro com 40 anos de história e fora de linha a 13 anos ( desde 1996 ) continua em evidência e com uma excelente valorização. Parabéns a todos os proprietários de fusca.
Adailton Marçal
Fortaleza-Ceará
amarcal@bol.com.br
Não gostar de fusca é quase como não gostar do avô. Em relação a poluição, é claro que os fuscas poluem, mas duro mesmo é acreditar que existam pessoas, razoavelmente escolarizadas (ainda que mal e mal), que acreditam que seu carro novo não polui (um carro movido a biomassa ou petróleo, chega a ser cômico). Polui sim, quando você anda com ele e quando ele estava sendo fabricado. Antes de reciclar, reaproveitar e antes de tudo nunca deixar de usar...
sem duvidas que foi um carro que marcou a vida de muitos brasileiros. quem não tem amor ao fusca não conhece a sua história, e muito menos a historia desse país, que foi tocado por ele...
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