Então, depois de dois dias e meio em que o lado direito da minha lombar pareceu esquecer que a dor que ela produzia não faria eu me arrepender de ter lavado o banheiro (que tinha ficado um brilho pelo menos), eu resolvo (por conta própria, mais uma vez) que já poderia sair de casa. Aí resolvo ir num show de bandas aqui do Acre em homenagem ao Dia da Mulher. Foi bacana, tirando o fato que eu tava de camisa rosa bebê num universo de vestimentas afro-descentes. Tirei um momento também pra analisar as letras das bandas que se apresentaram (pelo menos as que eu peguei). É fato que nos últimos tempos tenho me entregado definitivamente a um momento musical que eu nunca me imaginara, minha playlist não para de tocar Bob Dylan e The Beatles, ficando praticamente resumida a eles (bem, para meu deleite geral, meu irmão descobriu a existência de Gimmi More agora, e eu não agüento mais escutar uma musica que começa com “It’s Britney, bitch!”). Fica difícil então fazer uma análise do que eu escutei no festival, do momento da musica acreana em questão, ou simplesmente, do que eu achei.
Talvez haja uma tendência geral no rock (e não me resumo mais ao acreano) de se fazer musica com letras voltadas para o individualismo psico-social. Traduzindo: sabe aquela porrada de pensamentos sem/com nexo que todo mundo tem, de questionamentos próprios, de o que significa a vida pessoal, da importância de relacionamentos externos formando o próprio caráter? É isso que eu vejo enfocado nas musicas. E admito, isso não me agrada, não importa a melodia em si. E ai talvez esteja a desvantagem de se gostar tanto de Dylan, Beatles e lembrar a todo momento de Legião Urbana e Raul Seixas, pois suas letras pertencem a um coletivo, mais que isso, um pequeno coletivo, que em seu movimento de coletividade, começando sempre por uma minoria, aclamou revolução se espalhando pela maioria e criando um burbúrio gigantesco que não foi pelo sucesso de suas musicas, seus shows e a fortuna que ganharam, mas sim pela idologia e pela chama interna que eram capazes de gerar. Talvez eu goste mesmo de musica que incendeia a alma. E o rock atual no geral, mesmo com melodias que estejam se tornando fantásticas (e nesse ponto dou um mérito as bandas acreanas Blush Azul e, principalmente, a Filomedusa), esta repleto de letras de existencialismo individual, o que pode ser resumido no ideal de: o meu “eu”, que é incompreensível ao “eu” dos outros.
Nada de CD novo com single da Madonna e do Justin Timberlake: manda uma fita cassete metade Dylan, metade Beatles
Falando em musica, lembrei que se tem uma coisa que a gente faz muito quando ta em casa sem fazer nada, é assistir o horário nobre da Globo. Lá vou eu me gongar de novo, mas eu virei fã de Duas Caras. Gente, essa novela é tudo, primeiro, temos Juvenal Antena, o pai que todo garoto suburbano quer ter, aí vem a Susana Vieira achando que é Madonna com aquele cabelo, gritando “pistoleira siiiim” pra Renata Sorrah e a Alinne Moraes dando um mega show de interpretação mesmo usando botox/enchimento no lábio (sai Nazaré e sua escada de Senhora do Destino, entra Sílvia com vasos para quebrar sempre a disposição). Lógico, tem aquelas pessoas que eu queria pegar pelo pescoço e enfiar a cara na piscina ate ver as bolhinhas pararem de subir como a Maria a Louca e o filho “mamãe-mamãe-mamãe, me dá um Poney?” dela, o Caco Ciocler, naquele papel que se ele parasse de atuar ninguém ia sentir a diferença, e ela, a mulher que mesmo na merda, mesmo com um marido filho da puta em casa, mesmo com dois filhos chatos pra caralho e mesmo infeliz pacas, nunca pára de descer pelo pau, Alzira.
Duas Caras atingiu seu auge com dois momentos. Primeiro, quando a Bárbara (se minha mãe faria, Beth Faria?) pegou a Sílvia de jeito numa chave de braço. Pra vocês terem uma idéia de como essa cena foi impactante, tava toda a minha família no churrasco, quando todos viram a cena houveram gritos de “Eiiiita porra” e “Peeega filha da puta” pra todo lado. E só deu Samuel gritando “calem a boca que eu quero ouvir o que ela vai falar enquanto tiver com a outra presa pelo gogó”. Sentiu o impacto? Não? Corre pra Globo.com então. Segunda cena: todo mundo sabe que hoje não te mais novela das 8 sem gay como personagem, desde viado enrustinho, ate casal que parecia hétero e só vendia beleza, agora os gays da Globo são tão diversificados, mais tão diversificados, que gostam ate de mulher. Logo, a cena em que a turma dos crentes-cavaleiros-do-apocalipse liderados pela evangélica-que-deve-ser-parente-do-Coringa pegaram o viadinho, a vadia e o preibói de jeito, entrou pros anais da história da teledramaturgia brasileira. Finalizando com o Contra-Ataque-dos-Crentes-Bonzinhos e um nascimento a lá Virgem Maria dando a luz a Jesus. Palmas!
Pergunta: por que falar de musica me lembrou Duas Caras mesmo? Resposta: alguém já parou pra ver a playlist internacional daquela novela? Pai amado, “segura Berenice, nós vamos bater”, começamos com Gimme More, da Britney (virou perseguição), 2 Hearts da Kylie Minogue (não, ela não morreu) e Same Mistake do James Blunt (não lembra? Aquele que gritava You’re Beautiful). Dou um toque pros três: a decadência sempre começa assim, na novela das 8, ok? Hurgh! Se pensa que acabou? Então vem a Pergunta-2: o que diaxos a Diana Krall ta fazendo naquele CD mesmo? E pra completar, aquela cara de bunda da Marina Elali cantando o Xote das Meninas (isso mesmo que você leu) em inglês (isso mesmo que você leu²).
Continuando com o horário nobre (imagine se nós tivéssemos um “horário esgoto”) tem o Big Brother Brasil. Marcelo saiu (blá blá blá), a Globo só quer fuder a Thaty colocando uma musica da Cássia Eller e Ana Carolina em seguida e fazendo um mini-clipe dela cantando/gritando sozinha, toda loucaça, numa total imagem de “Eu sou lésbica, siiiim” e o Marcão sem poder falar nada mas com um olhar de “Deus, ela ta se queimando sozinha” (blá blá blá), lá dentro agora só tem idiota (sim, o Rafinha também conta), depois de um mês que o programa acabar, a Natalia pousar nua na Playboy e o Nelson Rubens não tiver mais de onde espremer merda pra colocar no TV Fama sobre eles, eu vou esquecer tudinho (bla blá blá) e pra completar, Débora Secco vai passar um dia inteiro com os brothers (momento Bial) da casa mais badalada do país (péra aí, volta a fita).
BBB8: Quem são vocês mesmo?
Para aqueles que acham que o nível desse blog caiu total hoje, boas notícias: a partir dessa segunda feira minha licença médica expira e eu volto a trabalhar lá no hospital (bota 9 horas do meu dia ai), e logo em abril, minha faculdade também recomeça (bota mais 4). Logo, não vou ter mais o mínimo tempo para o horário nobre global... e muito menos vou lavar o banheiro de novo!