quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Em Corrimão Nem Todo Mundo Passa A Mão E Falta de Resoluções Para 2008

O fim do ano pra mim geralmente é um momento de contradições, altos e baixos. Eu tava com vontade de escrever esse post no ano passado (faz tempo, né?) mas eu fiquei muito ocupado trabalhando minha felicidade (afinal, tem coisa mais trabalhosa na vida do que se manter feliz?). Então, eu esqueci que internet existe. E o melhor, eu não me senti nem um pouquinho culpado. Mentira, mentira, eu sei, é horrível, eu sou um viciado em internet, eu sei, eu preciso de tratamento. Eu to chegando ao cúmulo de escovar os dentes e ligar o computador ao mesmo tempo (nem tentem imaginar essa cena bizarra). Enfim, o fim do ano, e eu não falo especificamente do reveillon (palavra sem tradução para o português), mas do período de nove dias que o antecedeu, o qual foi mais que bom, foi mágico.

Tá, mas nem tudo são flores na minha vida. Lembrei que meu período pré-fim-do-do-fim-do-ano não foi dos melhores. Eu fui fazer um trabalho de fotografia no centro da cidade com duas amigas, lindo, leve e loiro. Quando você anda no meio da multidão com uma câmera fotográfica profissional pendurada no pescoço, você se sente o próprio Cartier Bresson, dá aquela sensação de fotógrafo profissional que te faz inchar o peito e te dá a idéia de que todo mundo que te olha ta morrendo de inveja de você porque você é O Fotógrafo Profissional (sim, eu me sinto besta fácil). Detalhe, a câmera era da universidade e se eu a quebrasse eu teria que trabalhar dois meses para pagá-la, e sem comer nada, comendo, eu demoraria três.

Além do mais, o centro estava abarrotado de gente fazendo compras de Natal. Deus, Rio Branco vira a visão do inferno nessa época. Lembrei que sai as compras um dia com o Frederico e numa de nossas viagens, ele me levou numa loja de sapatos que mais parecia um cabaré nordestino. Ao entrar lá, minhas narinas foram tomadas não por um aroma desagradável, mas por nháca pura mesmo. Levei minha mão ao nariz imediatamente, e no meio daquele inferninho do consumismo imperialista globalizado na figura do garoto propaganda máximo da Coca Cola, o Papai Noel, eu tive vontade de gritar praquela multidão se eles não sabiam o que era desodorante, nem que fosse Leite de Rosas. Aliás, falando em consumismo, eu tive certeza absoluta que se o capitalismo fosse um ser humano, o sangue dele seria de Coca Cola, e se ele fizesse regime seria de Coca Cola Zero, o irmão gêmeo gay da Coca Cola.

Bem, o parágrafo anterior foi pra introduzir o caos do local onde eu fui tirar fotos. Voltando a sessão em si (eu escrevi sessão certo? O Word não ta acusando erro não), depois que eu dei a máquina para a Manu, ela tava atrás de tirar uma foto de linhas e resolveu faze-la na grade do Memorial dos Autonomistas. Eu tava acompanhando ela e coloquei meu braço sobre o corrimão. Quando ela terminou (a Manu faz uma foto a cada 10 minutos) e pediu pra irmos, o meu corpo mexeu, mas meu braço não. Olhei com horror e perplexidade para a minha blusa Diesel. Eu estava colado.

Depois de gritar desesperadamente “Mas que porra é essa?”, eu comecei a puxar com mais força meu braço magricela e só ouvi aquele som de coisa colada sendo arrancada à força. Geralmente esse som é muito agradável, principalmente para crianças com espírito de destruição mais aguçado que o normal, mas dessa vez eu sofria mais que um desgraçado, afinal, era a minha blusa Diesel que estava gerando aquele som perturbador (porém prazeroso quando a destruição é alheia). Quando eu me descolei e, chocado, passei os dedos no corrimão pra saber que merda era aquela, eles vieram com manchas marrom. Gritei pra quem quisesse ouvir, “COMO É QUE PASSAM VERNIZ NUM CORRIMÃO E NÃO COLOCAM NO MÍNIMO UMA PLACA DE ‘TINTA FRESCA’? FRESCO É QUEM PINTOU ESSE CARALHO”.

Eu passei o resto da sessão (?) desoladíssimo. Eu havia perdido minha camisa Diesel, e eu ainda to em fase de futilidade de moda, por isso não me critiquem (aliás, eu me dei de Natal uma cueca Calvin Klein linda, afinal, a gente tem que passar o reveillon de roupa nova). Pra piorar, minha professora de Fotografia, a Aleta, pra tentar me consolar disse, “Você pode recortar a camisa e fazer dela uma camiseta”. Soltei um sorriso e comecei a me acostumar com a idéia, ate que ela solta, “Vai ficar parecendo um cafuçu”. Pronto. Lógico, ela não fez com maldade, mas eu fiquei chocado.

Na saída do Mercado Velho, eu pensei e vi que havia um jeito de salvar a camisa. Se um dos meus suvacos estava cheio de linhas de verniz, o jeito era deixar o outro com linhas de verniz também. Voltei com a Manu no Memorial e quando chegamos lá eu disse pra ela, “Você finge que a gente ta cansado que eu vou colocar o braço aqui e esperar um pouquinho ate o verniz manchar o outro suvaco da blusa”. Ao invés de fingir cansaço a Manu desatou a rir. E quando eu coloquei o braço não senti colagem. O verniz secou. Ódio. QUANDO ALGUEM DESTROI O PATRIMÔNIO PÚBLICO TEM QUE PAGAR UMA MULTA, MAS QUANDO O PATRIMÔNIO PÚBLICO DESTROE O PRIVADO O GOVERNADOR DEVIA ME FAZER UM CHEQUE NÃO? Desisti daquela batalha, ela estava perdida.

Eu acho que como a maioria das pessoas eu deveria escrever sobre ou uma retrospectiva de 2007 ou minhas expectativas para 2008 (alguns falam das resoluções também), mas eu tenho 2 problemas. O primeiro é que eu tenho uma péssima memória, eu me lembro das sensações muito fácil, mas pouco dos fatos, na verdade eu até me lembro dos fatos, mas sou extremamente péssimo com cronologias. Por exemplo, eu lembrei que esse eu ano assisti O Libertino, mas pensei que havia assistido há dois anos, e que eu assisti Os Sonhadores (filme favorito) acho que em 2004, mas parece que eu assisti ele esse ano. E o principal, quem diabos cumpre aquilo que promete para o ano novo? Tanto faz se você promete emagrecer (ceia de Natal e Reveillon pódi), se promete arranjar amor novo (sem especificar se é um oficial ou amante), se é acordar e dormir cedo pra aproveitar melhor o dia (sendo que já no dia primeiro acorda depois do meio dia e de ressaca só pra tomar analgésico e dormir de novo) e, principalmente, estudar mais (a pior das mentiras de ano novo, porque é justamente a que menos se cumpre).

Na verdade, talvez eu faça apenas uma retrospectiva cultural do meu ano pra colocar aqui anteriormente a esse texto. 2007 me foi um grande ano com relação a séries de TV, cinema, musica, literatura, artes e viagens (Bolívia não conta). Aliás, foi um grandioso ano na minha vida pessoal também, especial de uma forma que eu não esquecerei. Eu sempre gosto dizer para todo mundo que me pergunta sobre o ano novo que eu só tenho uma expectativa para o ano novo que chega, sempre só uma, mas que eu nunca falo pra ninguém. É meio que um segredo e uma superstição minha (tipo aquela de costurar uma cueca na boca de um sapo pra trazer o amor de volta em três dias, e eu to louco pra fazer esse experimento não pelo efeito da macumba, opa, quis dizer simpatia, mas porque eu queria saber quanto tempo um sapo sobrevive com um cueca costurada na boca).

Enfim, feliz ano novo e, novamente pegando um pé da Coca Cola, good vibes.

9 comentários:

Thiago da Hora disse...

tive a honra de ver suas cenas de vício pela internet. nunca esqueço você jogando "residente" evil e usando o messenger ao mesmo tempo. HAHAHAHA

fiquei aqui imaginando você fazendo carão com a câmera no pescoço... deve ter sido bem engraçado. só faltou falsificiar um crachá da folha de são paulo. HAHAHAHA

e sim, está certo escrever "sessão". depois vem dizer que faz jornalismo... hunf! HAHAHAHA

se eu fosse você pediria idenização ao estado pela camiseta. =P

Sol! disse...

É por isso que eu só compro roupa barata... Não pego amor nelas!!!
E quanto ao kurbick, nossa frustração tá pau a pau... se teletransportar seria bem divertido!

Samuel Bryan disse...

esse post ficou do tipo bem pastelão...
tem horas q eu odeio o que eu escrevo

mas vou deixar ai!
algo pra manchar minha memória quando eu morrer

Veriana Ribeiro disse...

hauhauahuahauhauahauhauahua quase morro de rir com essa historia. muito, muito, muito engraçado. quasem orro de rir.

nada melhor do q rir da desgraça dos outros, naum é?


e ewu entendo totalmente seu vicio, eu sou igualzinha. E andar por ai com uma camera profissional é o chic do chic....nas minhas fewrias do ano passado meu padrinho tinha uma, eu me achava com aquela maquina XDD

Nattércia Damasceno disse...

Essa de desprender da internet por uns dias foi uma espécie de corrente coletiva que esqueceram de me avisar?
Porque teve gente que não voltou até hoje, logo agora que me encontro em total inutilidade e passo o dia on-line. Qual o segredo da liberdade virtual, meu amigo?
Eu já fiz essas fotos também, mas foram no mercado-mercado, aquele de frutas e verduras e sem verniz :D
Feliz 2008, Samuel!

Manu Falqueto disse...

Muuu....
Muito bom...
hehehehehehhe...
Morri de rir q nem na hora q voltamos lá p/tentar "igualar" a outra manga da camiseta...
Poruqe seus textos são tão fantasticos amigo?
Espero q seu desejo secreto realize-se... Te amo muito viu...
xD

Suellen Verçosa disse...

Mú....vc é doente (usando uma expressão dos melhores do mundo na esquete Mohammed)...

Alguém em sã consciência tenta manchar o resto da camisa?

Não...só o Mú...rsrs

O mais legal é que essas coisas vão contagiando...num vê a Manú? Tá aprendendo...rsrs...

Tá vendo...agora vê se aprende a comprar camisas do Formigão como sua tia...daí num tem esse prejú...

(O mais hilário foi a tua cara na hora...num esqueço nuncaaaaaaa) Xeru!

Thaísa Lima disse...

Eu poderia comentar sobre muita coisa. Mas só quero dizer q espero q vc escreva pastelão assim sempreeee.

Quase acordei toda a casa na hora do sapo.

axo vou imprimir esse post pra ler antes das aulas da Santelli.bejus

Aleta disse...

ahhhhhhhhhhhh mais iria ficar um cafuçu lindo risos e mais risos, foi mais Samuel pelo cafuçu não quis ofender não risos! No final das contas é engraçado!