segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Os 10 melhores filmes de 2018 que você NÃO assistiu

E como todo ano que passa deixa sua marca no cinema, 2018 não poderia ser diferente. No geral, foi um bom ano sim para o cinema, mas assisti menos coisas que gostaria e fui menos a fundo do que deveria no cinema independente e indie. 

Ainda assim, nossa tradicional lista dos “10 melhores filmes de 2018 que você não assistiu” não vai deixar de existir. Em termos de países, a Noruega é o grande estreando deste ano. 

Ah, e vale a pena lembrar que o post não passa de uma brincadeira para trocar experiências sobre filmes fora dos grandes circuitos pelo mundo.

Do mais, espero que curtam!

Obs: nem todos os filmes citados foram produzidos e lançados em seus países de origem em 2017, mas né, eu só assisti agora. 

10° lugar: Apóstolo (Apostle - Estados Unidos e Reino Unido) 
Único original Netflix da lista, ouso dizer que Apóstolo não teve o reconhecimento que merecia. O filme bem produzido conta a história de Thomas Richardson, que em 1905 viaja para uma ilha remota para resgatar sua irmã Jennifer após ser sequestrada por um culto religioso misterioso que pediu uma compensação financeira em troca da sua segurança. O detalhe é que ao chegar na ilha disfarçado de seguidor, Thomas descobre que o sequestro é o menor de seus problemas ao lidar com uma insanidade presente no local muito além de sua compreensão. Tomado por um mistério envolvente e personagens bens construídos seguidos de boas atuações, Apóstolo peca apenas em misturar muitos plots em uma mesma trama, ainda que funcione no fim das contas. O filme é quase uma mistura de A Vila com o aterrador jogo Outlast 2, por isso foi difícil não ganhar minha simpatia.


9° lugar: Inferninho (Brasil)
Neste filme vindo diretamente do Ceará, dirigido por Guto Parente e Pedro Diógenes, somos apresentados a Deusimar, mulher trans dona do Inferninho, boteco dos mais duvidosos, refúgio dos derrotados pela sociedade representados pelas mais caricatas e silenciosas figuras. Exausta da vida que leva praticamente no automático e sonhando em ir embora, tudo muda quando um marinheiro para no lugar, trazendo sonhos e um sentimento até então novo e amedrontador. Junto com os marcantes funcionários do estabelecimento, Luizianne, a cantora, Coelho, o garçom, e Caixa-Preta, a faxineira, temos aqui um conto moderno, retrato de vários cenários espalhados pelos guetos e sarjetas desse Brasil, numa verdadeira homenagem aos frequentadores de bares que encontram na mesa desses estabelecimentos uma fuga de suas tristes realidades.


8° lugar: A Casa do Medo - Incidente em Ghostland (Ghostland - França e Canadá)
Pascal Laugier é diretor do melhor filme de terror que assisti na vida, o aclamado Martyrs. Em sua nova obra, Ghostland nos conta a história de Pauline, que herda uma casa de sua tia e decide morar lá com suas duas filhas, Beth e Vera. Mas, logo na primeira noite, o lugar é atacado por violentos invasores e Pauline faz de tudo para proteger as crianças. Dezesseis anos depois, as meninas, agora já crescidas, voltam para a casa e se deparam com coisas estranhas. Assim como em Martyrs, Pascal usa aqui um jogo de espelhos, quando o filme que aparenta ser uma coisa, é na verdade outra totalmente diferente. Funciona, mas com pesadas ressalvas. A maior dela sendo a violência gratuita exagerada, principalmente junto às mulheres, o que é questionável visto que isso parece ser uma tendência do diretor. Ainda assim, o filme sai do lugar comum e nos prende ao se tornar realmente aterrorizante. 


7° lugar: Blade of the Immortal (Mugen no jûnin - Japão e Reino Unido)
Publicado no Japão pela revista Afternoon, da Kodansha, entre junho de 1993 e dezembro de 2012, e finalizado em 30 volumes, Blade of the Immortal foi escrito e desenhado por Hiroaki Samura, mas só agora que a obra ganhou sua adaptação cinematográfica pelas mãos do aclamado diretor japonês Takashi Miike. No filme, acompanhamos a história de Manji, um ronin renegado que matou seu mestre e não cometeu haraquiri, pois precisou cuidar de sua irmã, uma jovem com graves distúrbios mentais. Porém, com sua cabeça a prêmio, Manji enfrenta e mata 99 mercenários contratados para eliminá-lo, não sem antes perder a irmã no processo. Tomado por ferimentos que o levariam a morte, ele chama a atenção de uma monge que coloca em seu corpo vermes que o tornam imortal. Takashi Miike realmente forçou colocar quase 20 anos de uma obra extremamente profunda em um filme com menos de duas horas e meia. O resultado divide até minha opinião. Por um lado, a trama em si ficou muito bem amarrada mesmo tendo dezenas de subtramas e inúmeros elementos não utilizados. Por outro, a profundidade dos personagens se perdeu consideravelmente, um dos maiores pontos do mangá, não gerando uma empatia profunda pelos personagens. Ainda assim, o filme é tomado pelo épico, com cenas simplesmente memoráveis. 


6° lugar: Uma Mulher Fantástica (Una mujer fantástica - Chile)
O vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro deste ano é um filme de sensibilidade única, mesmo que sem nenhum recurso marcante nos traços de sua produção, contando quase que unicamente com um roteiro poderoso e atuações que transbordam a tela. Marina é uma garçonete transexual que passa boa parte dos seus dias buscando seu sustento. Seu verdadeiro sonho é ser uma cantora de sucesso e, para isso, canta durante a noite em diversos clubes de sua cidade. O problema é que, após a inesperada morte de Orlando, seu namorado e maior companheiro, sua vida dá uma guinada total, tendo que enfrentar o preconceito gigantesco de tudo e de todos, ao mesmo tempo que não consegue viver dignamente seu luto. Um filme que passa uma lição de que todos precisam lutar na vida em algum momento, mas alguns bem mais do que outros. 


5° lugar: Boarding School (Estados Unidos)
Um dos filmes de suspense mais interessantes que assisti esse ano, Boarding School ainda flerta com o subgênero Queer Horror. Jacob Felson, de doze anos é mandado embora por seu padrasto para um misterioso internato após ser flagrado usando roupas femininas que tanto atraem o garoto. O local é dirigido por um casal peculiar, Dr. Sherman e sua esposa dominante. Quando um dos alunos é encontrado morto, Jacob começa a suspeitar que algo muito mais sinistro está acontecendo do que a educação, principalmente pelo local envolver um pequeno grupo de alunos tão peculiares. Mesmo com premissa simples, o filme flerta com o macabro. Não é uma produção com crianças em situações de terror cômicas e com sentimento de amizade. O clima é sempre pesado, os diálogos são ousados e as situações entre as próprias crianças são tensas. O psicológico de Jacob em sua fase de dúvidas e desejos é bem trabalhado e as atuações se destacam.


4° lugar: Thelma (Noruega)
Thelma é um daqueles filmes que extrapolam a linguagem cinematográfica e se tornam quase uma experiência sensorial. Na trama, depois de se mudar para Oslo para cursar o ensino superior e morar sozinha pela primeira vez, Thelma passa por situações onde ela mesmo e tudo ao seu redor convergem em mudanças das leis naturais. Pássaros caem do céu, cobras surgem em sua mente, a energia sempre oscila. Criada de forma extremamente religiosa por pais controladores, seu mundo vira ainda mais de ponta cabeça ao se apaixonar por uma das colegas da faculdade. Tantos conflitos dentro da garota e o desequilíbrio que ela parece causar no mundo convergem numa catástrofe pessoal que só uma jornada de autoconhecimento poderia salvá-la. Um dos maiores pontos de Thelma é sua capacidade de contar seu enredo simplesmente por imagens. Cenas chaves. Impactos. O filme transborda de momentos épicos, belos, tocantes. Uma fotografia calculada milimetricamente, uma trilha sonora totalmente pontuada. Além disso tudo, ele traz mensagens poderosas de aceitação, no que parece ser um conto moderno sombrio, mas fascinante. 


3° lugar: Mom and Dad (Estados Unidos)
O filme faz parte de um subgênero que eu particularmente chamo de “distopias comportamentais”, quando o elemento chave é justamente a mudança brusca de um comportamento da nossa natureza. Na trama, um surto de origem completamente desconhecida faz com que todos os pais e mães queiram incontrolavelmente matar seus filhos. Flertando entre o terror e a comédia, não tenho outro termo para definir Mom and Dad além de genial com tamanha ousadia. O filme foca em dois irmãos que precisam sobreviver as pesadas tentativas de assassinato dos pais e aproveita para estabelecer uma visão crítica sobre relacionamentos familiares, nunca sem tomar um partido específico. Para mim, o filme ainda tem cenas memoráveis, mesmo que a ousadia tenha tido um limite em não apostar no gore. 


2° lugar: Em Chamas (Buh-Ning - Coréia do Sul)
Esse filme em especial me pegou de surpresa por ser diferente de tudo que eu estava acostumado vindo do cinema sul coreano. E de fato, esse filme demora um tempo pra que você entenda aonde ele quer chegar. Durante um dia normal de trabalho como entregador, Jong-soo reencontra Hae-mi, uma antiga amiga do colégio que vivia no mesmo bairro que ele. Mesmo com total desinteresse na garota no começo, eles tem um envolvimento e Hae-mi, que está com uma viagem marcada para a África, pede para Jong-soo cuidar de seu gato de estimação enquanto está longe. De surpresa, Hae-mi volta para casa na companhia de Ben, um jovem misterioso que conheceu na viagem. Com uma estranha amizade entre os três, tudo muda quando Jong começa a entender como funciona a mente do Ben. Em Chamas não é um filme de fantasia em si, ele se debruça sobre uma Coréia do Sul real com problemas econômicos e desigualdades sociais, na luta pela sobrevivência no dia a dia e busca por um sentido na existência. Mas, principalmente, é um filme sobre os corações vazios desta geração. É um filme que mergulha em nos arrancar sentimentos dúbios, principalmente o de empatia pela vingança. Uma obra sublime e marcante para o seu tempo.


1° lugar: O Sacrifício do Cervo Sagrado (The Killing of a Sacred Deer - Reino Unido e Irlanda)
Se classifiquei Thelma como uma experiência quase sensorial, O Sacrifício é isso em sua totalidade. A apoteótica obra de Yórgos Lánthimos vai muito além da ideia de um cinema padrão. Steven é um cardiologista conceituado que é casado com Anna, com quem tem dois filhos. Já há algum tempo ele mantém contato frequente com Martin, um adolescente de comportamento ainda mais estranho que todos os outros personagens, cujo pai morreu na mesa de operação, justamente quando era operado por Steven. Dominado por sentimentos não explicados, ele gosta bastante do garoto, tanto que lhe dá presentes e decide apresentá-lo à família. Entretanto, quando o jovem não recebe mais a atenção de antigamente, decide elaborar um abominável plano de vingança. A melhor definição para o filme é perturbador. A surreal vingança de Martin que impõe uma Escolha de Sofia a Steven vira o mote de uma trama tomada por eventos impensáveis, absurdos e trágicos. Tudo isso aliado a enquadramentos e composições feitas de maneiras únicas, além das atuações mais assombrosas de Colin Farrell e Nicole Kidman. O filme é um bolo de relacionamentos perturbados jogados num abismo. O que vai sobrar na queda só seu poderoso final irá revelar. 

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Os 10 melhores filmes de 2017 que você NÃO assistiu



E como todo ano que passa deixa sua marca no cinema, 2017 não poderia ser diferente. No geral, foi um bom ano sim para o cinema, mas assisti menos coisas que gostaria e fui menos a fundo do que deveria no cinema independente e indie. 

Ainda assim, nossa tradicional lista dos “10 melhores filmes de 2017 que você não assistiu” não vai deixar de existir. Em termos de países, nenhum é estreante na lista, e alguns aqui são até bem badalados. 

Ah, e vale a pena lembrar que o post não passa de uma brincadeira para trocar experiências sobre filmes fora dos grandes circuitos pelo mundo.
Do mais, espero que curtam!

Obs: nem todos os filmes citados foram produzidos e lançados em seus países de origem em 2017, mas né, eu só assisti agora. 

10º lugar: O Bar (El Bar – Espanha)
Em um bar no centro de Madri, várias pessoas tomam café da manhã tranquilamente, como de costume. Mas, quando um dos clientes leva um tiro na cabeça ao colocar os pés fora do local, o clima de tensão invade todos no ambiente. Ninguém entra, ninguém sai, uma ideia de conspiração e medo gigantesco tomam o local e uma trama surpreendente se revela junto a um grupo de pessoas com personalidades tão distintas, todos realmente longe dos estereótipos que representam. O Bar é um daqueles filmes que nos prendem pela sua capacidade de crescimento. Infelizmente ele não cresce o tanto que parece que vai crescer. É satisfatório sim, mas ficou aquela sensação de que ia ser muito mais. Com mistura de mistério apocalíptico e humor, o filme é realmente uma boa surpresa.

9º lugar: Melanie: A Última Esperança (The girl with all the gifts – Estados Unidos)
O péssimo nome da versão em português não faz jus ao seu original que tem um grande significado após entendermos o filme. Em um futuro próximo, um estranho fungo transforma pessoas em insaciáveis zumbis. Com a sociedade desmoronando, um grupo de cientistas descobre que isolar crianças contaminadas faz com que elas voltem a ter consciência humana, mesmo com a fome de carne, e acreditam que esse é um passo para encontrar a cura. Melanie é uma dessas crianças. Dividindo seu tempo entre estudar e sonhar enquanto espera o momento de ser dissecada para estudo, ela acaba passando de testemunha do fim da humanidade para peça chave em sua transformação. Um filme que saiu bastante da tradicional linha de tramas zumbis e nos apresenta algo reflexivo e assustador não por causa dos canibais, mas pela fragilidade de tudo aquilo que consideramos grandes conquistas do homem. 

8º lugar: The Void (Canadá)
Em meio a uma patrulha de rotina, o policial Daniel Carter encontra em uma estrada isolada um jovem mancando e ensopado de sangue. Ele leva o rapaz para um hospital rural próximo, onde trabalha sua ex-mulher e o imaginável então acontece, quando o resgatado passa a contaminar todo o local com algo que transforma as pessoas em monstros ou lhes coloca em total loucura, além de uma estranha seita que cerca o hospital e não permite ninguém sair. No fim das contas, The Void é uma bela homenagem a filmes de horror gráfico dos anos 70 e 80. Com maquiagem e efeitos práticos, praticamente livres de CGI, somos abduzidos pela ideia. O filme ainda tem um tom de H.P. Lovecraft na medida, mas desaponta um pouco em seus momentos finais. Ainda assim, é uma trama de um pesadelo inimaginável digna de ser lembrada. 


7º lugar: 1922 (Canadá)
Baseado num conto de Stephen King (e 2017 foi o ano dele), o filme da Netflix conta a história de Wilfred James, até então um pacato fazendeiro, que bola um plano macabro para solucionar o seu problema financeiro: ele decide assassinar Arlette, sua mulher. Mas, para conseguir fazer tudo direito, Wilfred precisa convencer seu filho a ajudá-lo. A premissa simples revela uma grande trama. Mesmo com tom de telefilme, 1922 se sobressai bastante ao apresentar grandes interpretações e se revelar um “Crime e Castigo” assombroso. Somos absorvidos pelo caos apresentado em tela e mesmo não sendo a mais complexa e impressionante história de King, a verdade é que 1922 nos envolve bastante até seu derradeiro final.

6º lugar: Um contratempo (Contratiempo – Espanha)
Próximo da fusão de sua empresa, o poderoso e rico Adrian desperta em um hotel e encontra sua amante morta coberta de dinheiro. Ele recorre a melhor advogada de defesa do país para que ele saia dessa, e juntos eles tentam descobrir o que realmente aconteceu na noite anterior. Com ares de romance policial sem nunca ter um policial no meio, Um Contratempo se destaca justamente por seu formato de narração, com várias idas e vindas nas versões apresentadas, reviravoltas e um final simplesmente impressionante. Dos filmes que são simples, mas muito bem feitos e entregam muito além do que parecem ser.

5º lugar: The Belko Experiment (Estados Unidos)
E se de repente o seu trabalho exigisse que você matasse o seu colega caso isso fosse necessário para a sua sobrevivência? A proposta de The Belko Experiment de misturar a metáfora da servidão voluntária num Jogos Vorazes de adultos é simplesmente surpreendente. No filme, os empregados da empresa Belko têm sua rotina interrompida quando o prédio é isolado, uma ameaça é feita e eles devem seguir as ordens sádicas de uma misteriosa voz para que matem uns aos outros se quiserem sobreviver. Com o tempo e o cronômetro correndo, o verdadeiro caos se instala. Muito bem dirigido e orquestrado, Belko é um daqueles filmes capazes de apresentar subtramas tão interessantes quanto sua trama principal. Macabro e beirando o gore, há momentos e situações marcantes, com um crescimento constante que infelizmente não é tão bem acompanhado pelo seu final.

4º lugar: Ao Cair da Noite (It comes at night – Estados Unidos)
Depois que um apocalipse misterioso deixa o mundo com poucos sobreviventes, no meio de uma floresta, duas famílias são forçadas a compartilhar uma casa e fazer uma incômoda aliança quando todos desconfiam até de suas próprias sombras. Intrigante como poucos e sem nos dar respostas completas em quase nada, este filme é acima de tudo sensorial. A construção do clima de crescente tensão e suspense faz com que muita gente não goste do filme por achar que ele vai de nada a lugar nenhum, mas a verdade é que Ao Cair da Noite não apresenta importância em nos revelar um destino, o que importa é o caminho dos personagens, e isso chega a ser quase perturbador.

3º lugar: Antipornô (Antiporno – Japão)
Do consagrado diretor Sian Sono, Antipornô é de longe sua obra mais controversa e, ao mesmo tempo, bela. O filme é uma refilmagem do gênero “roman porn”, popular no cinema japonês entre os anos 70 e 80. Mas diferente da pornochanchada brasileira, esse estilo tinha até mesmo uma forte aceitação da crítica, já que seus diretores tinham liberdade criativa, desde que cumprissem as cotas de nudez e sexo do estúdio. Assim, Sono se utiliza desses elementos justamente para criticar o machismo institucional no Japão, mesmo com a ironia de um filme que tantas vezes soa machista. A obra é uma pancada do minuto que inicia ao que termina, com um visual deslumbrante, mas uma narrativa difícil, incomoda, que usa a metalinguagem como ferramenta de um jogo de espelhos. Na trama, um estúdio japonês refilma um de seus maiores sucessos: uma série de soft-porn com flertes de cinema-cabeça. Contudo, as tensões nos bastidores crescem devido a um atrito entre a experiente atriz coadjuvante e a protagonista, uma jovem virgem que é novata no cinema .

2º lugar: O Monstro no Armário (Closet monster – Canadá)
Oscar é um adolescente emocionalmente instável e traumatizado pela separação nada sutil dos pais e por presenciar um crime de ódio ainda na infância. Os dois eventos e a superproteção e instabilidade do pai fizeram com que Oscar guardasse dentro de si uma dor e sofrimento enorme, libertadas quando ele começa a entrar em confronto com sua própria identidade. Embora Closet Monster retrate acima de tudo a busca por um envolvimento afetivo saudável por Oscar ao conhecer o novo e atraente colega de trabalho, a verdade é que este é um filme sobre depressão, sobre abusos familiares e sobre a falta de responsabilidade emocional para com os outros. Tocante e sensível, o filme é um retrato de que às vezes precisamos tirar monstros do armário para conseguir conviver com eles.

1º lugar: A Ghost Story (Estados Unidos)
Fazendo parte da ideia do pós-horror, temos aqui uma trama que se utiliza de elementos sobrenaturais para dar um tom mais profundo dos sentimentos humanos numa perspectiva que ultrapassa o carnal. No filme, um casal vê sua estabilidade ruir quando o marido morre em um acidente de carro. Sem conseguir se desprender do plano terreno e o amor por sua mulher, ele não consegue passar para o outro mundo, se tornando um fantasma, com a interessante característica de usar um lençol branco, a tradicional representação para crianças. Com a perspectiva terrena da mulher e a perspectiva espiritual do homem, A Ghost Story não é um drama sobre relações, é sobre o tempo. Tudo neste filme gira em torno do tempo e do espaço. E de como nos comportamos neste meio, sem importar a forma como estamos existindo. Belo como poucos e triste na mesma medida, A Ghost Story é sobre o tudo e o nada ao mesmo tempo, mas acima de tudo da tentativa de estarmos conectados aquilo que nos dá sentido em existir.