Então eu chego em casa ontem, quase desabando depois de um adorável e calmo dia de trabalho no hospital, e do meu quarto rola o som do Jay Vaquer. Chego lá e meu irmão ta ouvindo todas as musicas que eu baixei dele. Eu olho pra ele, pra playlist e dou um sorriso de vitória. Mais uma vez meu gosto musical impera. Porém, após três minutos, eu percebo que o clima Jay Vaquer não era dos melhores. E então eu percebi que tava ficando enojado. Tal do Amor, Pêndulo e a faixa de algum dos mil anos de Malhação, Um Beijo Seu. Meu irmão tava ouvindo só o que o Jay Vaquer tem de pior. É, aquela não foi uma vitória. E logo ele voltou a escutar um daqueles hip hop's cujos clipes os negões exibem casas que nunca poderão comprar, jóias que nunca terão, roupas de marca que eles compram em brechós, grana que sempre fica com as produtoras e gostosas que eles dificilmente comerão. Começo a achar que todo cantor de hip hop sofre da necessidade de esbanjar nos seus clipes tudo o que não tem, e em proporções gigantescas. Deve ser pinto pequeno.
Voltando ao Jay Vaquer. Ele foi uma das minhas melhores descobertas em 2007. Além de um tipo de pop que quase não existe no Brasil, sua musicalidade original é muito bem combinada com letras que trabalham de uma maneira cult críticas sobre a sociedade em geral. Exato, Jay Vaquer pode ate ser pop, mas ele é cult. Suas músicas, Pode Agradecer, A Falta que a Falta Faz, Longe Daqui e, principalmente, Cotidiano de Um Casal Feliz são as melhores musicas em português que eu ouvi em anos. O problema está justamente em musicas como as que meu irmão gostou. Vaquer ainda não decidiu se tentará ser um artista cultuado nos meios alternativos ou se corre para o abraço do mercado capitalista musical (na figura da MTV e do Faustão).
Jay Vaquer: "Meu sonho é fazer um duo com a Pitty no Domingão e ouvir o Fausto falar, 'oh louco mew, quem sabe faz ao vivo'"
O motivo de eu admirar ainda mais o Vaquer é justamente por ele demonstrar que essa duvida é explicita. Diferente das bandinhas que se dizem alternativas, contra o sistema, mas que darão entrevistas chorosas pro Fausto Silva quando tocarem pela primeira vez no Domingão do Faustão e o(a) vocalista disser “sempre foi o maior sonho da nossa banda estar aqui no seu programa”. Pra depois esquecerem as origens, saírem na Capricho, Toda Teen e futuramente se apresentarem no VMB ao lado do NxZero. Será esse um dos motivos de eu não gostar muito da “musica alternativa acreana”?
OK, eu vou me condenar agora com os pseudo cults, mas é do pop que eu gosto. Antes eu sentia vergonha, mas agora eu estufo o peito pra dizer isso. E que venha a saraivada de tiros do pelotão de fuzilamento. Pra vocês terem uma idéia da coisa, fazem uns 6 meses que eu acordo pelo som do mesmo homem (calma, seu bando de depravados), o DJ francês David Guetta domina as paradas do meu despertador. A musica dele, suas batidas, o trabalho que ele realiza sobre musicas renegadas no passado e transforma em sucessos no presente são simplesmente brilhantes. The World is Mine é quase psicodélica, Money é gritante, Stay é pra pedir biss, Love is Gone é absurdamente contagiante, mas sua preciosidade, sua melhor musica na minha modesta opinião, é Love Don’t Let me Go, que pega emprestada a batida de Walking Way. O clipe de Love Don’t Let me Go, além de mostrar o le parkour de uma forma apaixonante e vibrante (tendência usar le parkour pra remakes musicais, Madonna fez a mesma coisa com Abba) é um dos melhores que eu já vi.
David Guetta está vindo tocar em Florianópolis, no carnaval. Nem preciso dizer que estou me remoendo por não poder ir.
Outra surpresa interessante no ano passado foi o Mika. Ele me causa sensações contraditórias. Eu adorei musicas como Relax, Take it Easy, Grace Kelly, a bizarra Love Today e até a viadíssima Lollipop. Porém, o resto de seu CD é um porre, mas hoje em dia qual é o cantor que consegue emplacar 4 sucessos mundiais num só CD? Mika tem seus méritos. Porém, com relação ao Mika, a mídia passou da música para a sua vida pessoal num estalar de dedo. A discussão “será que ele é?” dominou geral, foi motivo dele se tornar capa da revista Out justamente com essa discussão. E quando ele mudou o visual, puta merda, que bosta foi aquela que ele fez no cabelo? Ate eu queria os cacinhos dele, até ele vir com a chapinha (medo).
Mika: hum... tipo... você ainda tem alguma dúvida de que ele seja?
Se você chegou ate aqui nesse post (segundo o Google Analytics o ibope do meu blog ta despencando mais que o do Conexão Xuxa, que custava 2 milhões por programa e perdia na manhã de domingo, pasmem, para o Pica Pau na Record), deve ta se perguntando, “Samuel resolveu falar só de cantorzinho pop com tendências homossexuais nesse post?”. Claro que não. Eu guardei o melhor pro final.
Mesmo sendo um fã assumido do pop, a melhor descoberta musical de 2007, foi o grupo Babyshambles. Foi imediato, eu virei fã de Pete Doherty (ex-The Libertines) e seu novo grupo instantaneamente. Passei direto dos escândalos dele com a Kate Moss, a cocaína e aquela aparência de “musico drogado nada charmoso e super decadente, totalmente diferente do que a gente vê nos filmes de bandas de rock” e fui direto pra musica. Delivery foi umas das maiores surpresas do ano passado, musica muito gostosa, letra forte, gostei particularmente da guitarra (ate parece que eu entendo, nem Guitar Hero eu jogo). Fuck Forever, French Dog Blues, Killamangiro, enfim o primeiro álbum todo é muito bom. Doherty foi comparado a Lord Byron por seu trabalho, a poesia byroniana encontrada em suas letras. Outros dizem que ele vai ter um fim parecido ao do Curt Cobain. Lance pelo menos mais uns 2 albuns pra se tornar imortal antes de enfiar uma bala na cabeça, ok Doherty?
Pete Doherty depois de um julgamento: "Agora todo mundo dançando o chá-chá-chá"
Eu também poderia ficar aqui falando de Benjamin Biolay (francês, phyno e não é fruta), Offer Nissim (ídolo de 9 entre 10 baladeiros, embora eu esteja entre os 1), Rufus Wainwright, Radiohead (so pra bancar o cult, não gosto deles) mas chega, né? Vou terminar este post voltando a gongar de mim mesmo e do meu irmão. A gente pode até não se entender nesse gosto musical, mas estamos marcando de ir juntinhos assistir o show do My Chemical Romance se estivermos em Curitiba na época. Sou fã? Não. Mas é bom assistir um show que pode ser chamado de show de vez em quando. E admito, até que eu gostei do segundo álbum.
10 comentários:
meu irmão deve ter aquele sorrizinho até hoje desde que eu passei a gostar de pink floyd. HAHAHAHA
e quanto à perda de audiência do seu blog (como é mesmo que vê isso???), pense pelo lado bom: a xuxa custa R$ 2 milhões por programa e já saiu do ar. já seu blog não custa nada. =D
HAHAHAHA
Seu gosto musical é ímpar.
Uma pergunta? você tem MP3? É melhor fazer dele um item obrigatório. Suas músicas são melhores que os hitfunks e os sertanojos!
valeu pela visita, volte sempre...obvio, se quiser ver um monte de bobagens. rsrsr. Qto a gosto musical as coisas sempre podem piorar...depois do é o tchan voce acha que chegamos ao fundo do poço, ai surge o VAI LACRAIA...ai nao tem como piorar..e surge o tal do MC CREU...que fase...que fase
te dou um post legal? adoro quando vc fala de musica. me amarro tb na musica do Peter, mas aquele ar supersexydrogado....ui, broxa total.
meu irmao ouve basicamente tudo q eu ouço, pq sou eu q apresento toda e qualquer banda pra ele. Isso, ate ele comrar guitar heroe....agora ele viciou-se em....Guns. ARRRRR, acho q vou me matar.
prefiro quand ele ouvia Arctic Monkey ou White Stripe....
Samuel, primeiramente obrigado por prestigiar meu blog decadente - notei o link para o Coca ali do lado. Se você só o mantém ali, mas não visita, é outra história. Confesso que nem eu visito meu blog com frequência, atualmente, já que ele se encontra naquele estado semi-vivo.
Ah, e parabéns pelo seu. Pelo que li nestes últimos textos, está seguramente entre os melhores do Acre.
Mas vou comentar sobre seu post.
Não há demérito algum em gostar de pop. Realmente, não dá pra negar que tem indie (ou "cult", como você prefere) chato que torce o nariz, mas quem gosta e entende um pouquinho de música em geral, sabe reconhecer as qualidades de diferentes estilos musicais. E diante do seu ecletismo, ao confessar que gosta tanto do David Guetta quando do Babyshambles, acho que você podia e devia dar uma chance à cena acreana. Você citou-a como "cena alternativa". Pode ter sido com esta intenção, falando especificamente das bandas alternativas, mas imagino que você quis falar de toda a cena musical independente do estado, não? Se for este o caso, é melhor o termo "cena independente", já que muitas das bandas que fazem parte dessa movimentação não podem ser rotuladas, musicalmente, como alternativas. Por aqui ainda não temos um número tão grande de bandas, mas temos representantes do Emocore ao Pop, passando pelo Indie e Heavy Metal. Ou seja, são diferentes estilos e possivelmente alguma vai lhe agradar. Outro ponto: acredito que o teu comentário sobre não gostar da cena independente acreana seja baseado em um ou dois exemplos que você conheceu e não gostou. Pode ser que eu esteja errado, que você conheça bem o que se produz de música por aqui e fale com toda a autoridade sobre o assunto. Mas, imaginando que não seja este o caso, prossigo meu comentário. Não vou falar da questão de gosto musical, porque isso é algo pessoal, que varia muito entre as pessoas. Não é porque uns acham determinada banda boa, que você é obrigado a achar também, claro. Aliás, uma das coisas irritantes que se vê por aí é indie (cult) chato querendo enfiar goela abaixo dos amigos suas bandas preferidas e se mostrando incrédulo - e olhando torto - quando elas não são bem aceitas: "COMO ASSIM não gosta de Radiohead?". Quando fazem isso em grupo, até ajudam a tornar a banda mais detestável para aqueles que já não gostam. Mas a gente pode pegar o exemplo mais famoso do Acre, que eu imagino que você tenha citado indiretamente neste post, os Los Porongas. Confesso que, quando conheci, não gostava da banda. Tinha referências ruins, de pessoas próximas, que não haviam gostado de um show deles. Falavam do excesso de regionalismo nas músicas, que é algo que realmente também não me agradava. Então era simples rotular: banda ruim, nem quero ouvir! Mas eis que tive a oportunidade de vê-los num show. Da Pitty, onde eram uma das bandas de abertura e tocavam covers. Já olhei com outros olhos quando os vi tocando uma do Los Hermanos, coisa rara por aqui, na época. Notei a virtuosidade dos instrumentistas, e fiquei interessado em conhecer mais o trabalho. Fui em alguns shows, mas confesso que também não via grande potencial, apenas uma banda com bons músicos e canções medianas. Mas fiquei surpreso ao ver amigos, que nada tinham de indies, venerando-os e tecendo diversos elogios após cada apresentação. Ficava pensando: será que eu estou errado? Se essas pessoas que não são metidas a alternativas gostam, por que eu não consigo gostar? Podia simplesmente achá-los uns chatos por superestimarem tanto uma banda que eu achava apenas razoável. Mas podia, também, ouvir com mais cuidado as músicas, e comprovar ou não minha opinião. E assim o fiz. E assim tive o baque, quando uma música, enfim, me chamou mais atenção. Não era daquelas cheias de regionalismos, com as quais eu já tinha um preconceito formado. Tinha uma letra digna de elogios, e melodia idem. Isso me fisgou, e passei a ir aos shows, mesmo não achando-os grande coisa. Afinal, havia uma música que me agradava, e isso já era alguma coisa. Com o tempo, foram surgindo outras e mais outras que também se mostravam compatíveis com meu gosto musical. E, sem nem mesmo perceber, fui me tornando fã. Até o dia em que me via vibrando nos shows e entusiasmado por estar vendo surgir a melhor banda acreana que já tive a oportunidade de ver. Bom, acho que me prolonguei muito no comentário, o que não é incomum, mas caso tenha tido a paciência de lê-lo até aqui, vou lhe dar como prêmio o anúncio de que estou perto de terminá-lo. E nem estou aqui incrédulo por vê-lo não gostar de Los Porongas ou tentando convencê-lo de que é a última maravilha do indie nacional. O que quero dizer é que muitas vezes a gente não gosta de uma apresentação ou de algumas músicas de uma banda e já forma um preconceito. Pior ainda quando isso se estende à toda uma "cena". Acho que é muito importante dar mais de uma chance a cada banda, ouvi-la com atenção ao menos algumas vezes. Se possível - e se estiver disponível -, ouvir o cd. E nunca imaginar que toda as bandas da cena são uniformes. Você pode não gostar das bandas, mas vai poder dizer isso com a propriedade e convicção de quem sabe bem do que está falando. E, quem sabe, pode até ter alguma agradável surpresa, assim como eu já tive e continuo tendo, vez ou outra. Um abraço, e desculpe-me caso tenha interpretado algo erroneamente.
Vixe maria, eu sei como é isso! Aqui em casa é eu e minha prima! Pensa numa gótica e numa mina que curte black...
é talvez minha situação esteja pior :P
Obrigada por sua visita em meu blog!
abraço
mika é interessante. =] tem futuro. o resto eu passo e ainda sugiro que escutem a feist gracinha com seu cd the reminder, sim? *-*
Muu...
Brigadianha amigo.
Requiem for a Dream
it's perfect!!!
Como não entendo nada de musica
q não seja comercial. Confio no que diz q é bom e ruim
bjim
nessas minhas andanças, juro que sem querer fui parar em um show do jay vaquer
rsrsrsr
tinha um tanto de menina e menino gritando..rsrs inacreditavel.
perguntei pra minha amiga se ele era famoso rsrsrs
jay vaquer é péssimo. tem-se gosto p tudo. e isso de falar mal de música alternativa é desculpa de quem esculta merda e quer ficar com a consciência tranquila e levantar a bandeira do pop. claro q existe pop de qualidade como o Mika. + pelo menos reconheça q existe muito + música de qualidade na música alternativa do q nesses pop farofa. foda-se se vc acha q quem tem bom gosto é quem é metido a cult.
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