Faltam menos de duas semanas para o meu aniversário. Pessoas próximas a minha pessoa sabem que o breve período (breve pros outros, porque pra mim...) que precede essa data de magnífica relevância para a raça humana é marcado por uma instabilidade emocional da minha parte que geralmente atinge o contingente de pessoas ao meu redor de forma subliminarmente negativista, resultando também em reações fisiológicas adversas e mal estar narcisístico em proporções catastróficas. Traduzindo: eu fico puto, de mal humor, querendo que todo mundo se exploda, querendo que eu me exploda, com transtornos psicóticos assassinos freqüentes, que também refletem na minha aparência, me deixando cheio de espinhas e com uma repulsa tão grande ao espelho que toda vez que eu passo na frente de um, a vontade é de quebrá-lo, pegar um caco bem grande e mutilar minha face. Pronto, desabafei!
A esse momento único antecedente a cada primavera eu dei um nome científico bastante presença, T.O.P.A., Transtorno Obsessivo Pré Aniversário. Ai geral que lê esse blog vai pensar, “Mas isso não se chama inferno astral?” e eu respondo que nem respondi pro Cristiano, “É porque assim funciona como uma explicação psicológica boa para pessoas que como eu não acreditam em astrologia” e ele solta a máxima, “pra mim parece outra coisa, V.E.P.A., Viadagem Extrema Pré Aniversário”. Preciso nem dizer nesse estado o que eu respondi pra ele, né?
Como resultado da T.O.P.A., a melhor coisa que eu posso fazer pelo meu bem e o bem alheio, é me isolar do resto do mundo ate que como um furação, tudo passe naturalmente e eu só levante a cabeça pra ver a bagaceira que ficou. E pra esse último feriado eu tava com um plano perfeito, comprar um aparelho de DVD novo, me trancar no meu quarto-fortaleza e assistir pencas de filmes. Botei meu pé na rua com medo do que poderia acontecer, mas fui atrás de alguma loja pra comprar o DVD. Quem disse que eu encontrei alguma aberta? Eu andei, surtei, gritei, até xinguei o sol. NÃO TINHA UMA PORRA DE LOJA DE ELETRÔNICOS ABERTA. Minha avó tentava me consolar/abrir-os-olhos dizendo que era feriado e aí eu resolvi descontar minha raiva em Rio Branco, “Então eu quero que abra logo uma Casas Bahia aqui nessa cidade pra falir de vez com todo essa droga de comércio provinciano”.
Frustrado e sem DVD, fui numa farmácia comprar mais um xarope com gosto de óleo de peixe (ah, esqueci de dizer, ainda estou morrendo). Antes de pagar, vejo uma mesinha com um monte do mesmo livro e uma plaquinha feita no Word escrita: “Vamos ler?”. Primeiro pensamento que me vem à cabeça é que aquele livro é do dono da farmácia, ele ta realizando o maior sonho da sua vida tendo o livro editado com o próprio dinheiro e colocou ele lá pra ver se vende alguma coisa. Achando que não tinha nada a perder, paro, pego e leio o resumo do best seller do nosso farmacêutico. Nem lembro o título, mas o livro falava de 6 cientistas que viviam debaixo da terra e a humanidade era dizimada por uma chuva de meteoros (que original não? Super verossímil) e estes 6 homens eram incubados de recriar um mundo com justiça e Deus no coração (sim, era uma estória apocalíptica evangélica).
Pensei comigo mesmo que aquele livro era um delírio gay (6 homens debaixo da terra tendo que sozinhos reconstruir o mundo após todo a sua destruição, sei nãããão...) e não uma Regenesis (lembreeeeei o nome do livro, tinha alguma coisa de Regenesis), mas fiquei na minha ate que o vendedor da farmácia repara que eu estou com o livro na mão, abre um sorriso enorme e com uma voz de quem se aproxima de um bebe de 1 ano diz, “gosta de ler jovem?”, e eu tomado por T.O.P.A. respondo no mesmo tom de Narcisa Tamborindeguy, “gosto, mas não esse livro”. Pago meu xarope e vou embora.
Ainda devo frisar que Rio Branco além de não ter Casas Bahia tem avenidas muito bem construídas com calçadas que em alguns pontos chegam a 30cm. Nesse exato ponto, tive a felicidade de uma senhora de aparentemente 110kg simplesmente parar com a cumadi para fofocar na hora que eu tava passando. O resultado desse episódio que encerrou meu feriado na rua fica a parte pra não chocar leitores mais conservadores.
É triste, mas como dizia Rob Gordon, “a humanidade não deu certo”.
O livro da Regenesis me fez lembrar que um dos temas da cultura pop que mais me fascina é a extinção humana em sua forma mais apocalíptica (não, eu não estou repensando que aquele livro seja bom). Estou lendo atualmente A Dança da Morte, considerado por muitos críticos, a melhor obra de Stephen King (embora eu prefira A Torre Negra). O livro de 1000 páginas conta a estória de um vírus da gripe mortal que é capaz de exterminar mais de 70% da população mundial. Mais que o fascínio da destruição e do recomeço da humanidade representado pela forma brilhante que só o King é capaz, o livro nos faz refletir sobre como nossos valores e conceitos de sociedade são baixos, ínfimos, ridículos e insignificantes quando comparados ao desconhecido. Afinal, do que adianta você tentar levantar sua carreira, economizar pra comprar o carro do ano, as roupas da moda, sair para lugares chics e impressionar os outros se, do nada, com uma única catástrofe que pode levar segundos, tudo isso não fizer mais sentido nenhum? O que te sobraria? Só “medo de um punhado de pó e um monte de imagens quebradas”, como diria o próprio King.
A esse momento único antecedente a cada primavera eu dei um nome científico bastante presença, T.O.P.A., Transtorno Obsessivo Pré Aniversário. Ai geral que lê esse blog vai pensar, “Mas isso não se chama inferno astral?” e eu respondo que nem respondi pro Cristiano, “É porque assim funciona como uma explicação psicológica boa para pessoas que como eu não acreditam em astrologia” e ele solta a máxima, “pra mim parece outra coisa, V.E.P.A., Viadagem Extrema Pré Aniversário”. Preciso nem dizer nesse estado o que eu respondi pra ele, né?
Como resultado da T.O.P.A., a melhor coisa que eu posso fazer pelo meu bem e o bem alheio, é me isolar do resto do mundo ate que como um furação, tudo passe naturalmente e eu só levante a cabeça pra ver a bagaceira que ficou. E pra esse último feriado eu tava com um plano perfeito, comprar um aparelho de DVD novo, me trancar no meu quarto-fortaleza e assistir pencas de filmes. Botei meu pé na rua com medo do que poderia acontecer, mas fui atrás de alguma loja pra comprar o DVD. Quem disse que eu encontrei alguma aberta? Eu andei, surtei, gritei, até xinguei o sol. NÃO TINHA UMA PORRA DE LOJA DE ELETRÔNICOS ABERTA. Minha avó tentava me consolar/abrir-os-olhos dizendo que era feriado e aí eu resolvi descontar minha raiva em Rio Branco, “Então eu quero que abra logo uma Casas Bahia aqui nessa cidade pra falir de vez com todo essa droga de comércio provinciano”.
Frustrado e sem DVD, fui numa farmácia comprar mais um xarope com gosto de óleo de peixe (ah, esqueci de dizer, ainda estou morrendo). Antes de pagar, vejo uma mesinha com um monte do mesmo livro e uma plaquinha feita no Word escrita: “Vamos ler?”. Primeiro pensamento que me vem à cabeça é que aquele livro é do dono da farmácia, ele ta realizando o maior sonho da sua vida tendo o livro editado com o próprio dinheiro e colocou ele lá pra ver se vende alguma coisa. Achando que não tinha nada a perder, paro, pego e leio o resumo do best seller do nosso farmacêutico. Nem lembro o título, mas o livro falava de 6 cientistas que viviam debaixo da terra e a humanidade era dizimada por uma chuva de meteoros (que original não? Super verossímil) e estes 6 homens eram incubados de recriar um mundo com justiça e Deus no coração (sim, era uma estória apocalíptica evangélica).
Pensei comigo mesmo que aquele livro era um delírio gay (6 homens debaixo da terra tendo que sozinhos reconstruir o mundo após todo a sua destruição, sei nãããão...) e não uma Regenesis (lembreeeeei o nome do livro, tinha alguma coisa de Regenesis), mas fiquei na minha ate que o vendedor da farmácia repara que eu estou com o livro na mão, abre um sorriso enorme e com uma voz de quem se aproxima de um bebe de 1 ano diz, “gosta de ler jovem?”, e eu tomado por T.O.P.A. respondo no mesmo tom de Narcisa Tamborindeguy, “gosto, mas não esse livro”. Pago meu xarope e vou embora.
Ainda devo frisar que Rio Branco além de não ter Casas Bahia tem avenidas muito bem construídas com calçadas que em alguns pontos chegam a 30cm. Nesse exato ponto, tive a felicidade de uma senhora de aparentemente 110kg simplesmente parar com a cumadi para fofocar na hora que eu tava passando. O resultado desse episódio que encerrou meu feriado na rua fica a parte pra não chocar leitores mais conservadores.
É triste, mas como dizia Rob Gordon, “a humanidade não deu certo”.
O livro da Regenesis me fez lembrar que um dos temas da cultura pop que mais me fascina é a extinção humana em sua forma mais apocalíptica (não, eu não estou repensando que aquele livro seja bom). Estou lendo atualmente A Dança da Morte, considerado por muitos críticos, a melhor obra de Stephen King (embora eu prefira A Torre Negra). O livro de 1000 páginas conta a estória de um vírus da gripe mortal que é capaz de exterminar mais de 70% da população mundial. Mais que o fascínio da destruição e do recomeço da humanidade representado pela forma brilhante que só o King é capaz, o livro nos faz refletir sobre como nossos valores e conceitos de sociedade são baixos, ínfimos, ridículos e insignificantes quando comparados ao desconhecido. Afinal, do que adianta você tentar levantar sua carreira, economizar pra comprar o carro do ano, as roupas da moda, sair para lugares chics e impressionar os outros se, do nada, com uma única catástrofe que pode levar segundos, tudo isso não fizer mais sentido nenhum? O que te sobraria? Só “medo de um punhado de pó e um monte de imagens quebradas”, como diria o próprio King.
José Saramago escreveu o livro Ensaio Sobre a Cegueira, romance aclamado no mundo inteiro e que trás uma responsabilidade gigantesca a Fernando Meirelles que esta filmando a obra (Blindness). Na trama, um vírus deixa populações inteiras cegas, sem chances de cura. A civilização como a conhecemos decai totalmente pois, cegas, as pessoas só podem lutar por seus instintos. O livro vai além do de King por mostrar muito bem como o ser humano se coloca contra o ser humano. Pois além da destruição da humanidade (que acaba ocorrendo mais por ela mesma do que pelo vírus da cegueira), mostra o nosso lado mais desumano quando os infectados são colocados em quarentena em situações monstruosas. Porém, Saramago mostra justamente o caminho dos homens para se tornarem humanos em todo esse processo de destruição própria, pois mais do que olhar, o que importa é reparar no outro.
Também temos o fim da humanidade de forma apocalítica pela natureza. O Dia Depois de Amanhã é ate legalzinho, mas meio forçado, porém, o novo filme de Shyamalan , Fim dos Tempos parece ter tudo para ser grandioso, mostrando todo o mundo sucumbindo perante a fúria da natureza. Mais ao contrário de O Dia, Fim dos Tempos, como todo bom filme de Shyamalan, tem sua ameaça de forma invisível, tensa e perturbadora. Ainda há a aguardada volta de George Romero com aquele que parece ser um ótimo filme de zumbis misturado com A Bruxa de Blair, Diário dos Mortos.
Ah, só pra constar, Eu Sou a Lenda é uma grande merda. É um filme de catástrofe de 150 milhões de dólares que dá pra comparar com a trama dos 6 homens de Regenesis.
Bem, a humanidade pode ate não ter dado certo realmente, mas que realizou obras fantásticas, algumas que de tão ruins soam ate boas, ah se realizou.
Também temos o fim da humanidade de forma apocalítica pela natureza. O Dia Depois de Amanhã é ate legalzinho, mas meio forçado, porém, o novo filme de Shyamalan , Fim dos Tempos parece ter tudo para ser grandioso, mostrando todo o mundo sucumbindo perante a fúria da natureza. Mais ao contrário de O Dia, Fim dos Tempos, como todo bom filme de Shyamalan, tem sua ameaça de forma invisível, tensa e perturbadora. Ainda há a aguardada volta de George Romero com aquele que parece ser um ótimo filme de zumbis misturado com A Bruxa de Blair, Diário dos Mortos.
Ah, só pra constar, Eu Sou a Lenda é uma grande merda. É um filme de catástrofe de 150 milhões de dólares que dá pra comparar com a trama dos 6 homens de Regenesis.
Bem, a humanidade pode ate não ter dado certo realmente, mas que realizou obras fantásticas, algumas que de tão ruins soam ate boas, ah se realizou.