terça-feira, 30 de outubro de 2007

Eu não estou lá escutando canções de amor...


O cinema é a única arte que me faz entrar em desespero constante. Aliás, cinema já foi motivo de ciúmes em algum namoro que não lembro bem o qual (se for o atual é melhor não lembrar mesmo!), pelo motivo de numa crítica a algum filme ter escrito que Eu só assisto filmes sozinho, nada de companhias, só se for obrigatório. É o filme e eu. Só nós dois. É uma relação de prosa e poesia, ou um rompimento sem volta com cada película. O cinema é meu maior amante.” (meloso, não?)

Enfim, por que foi que eu comecei a falar disso? Lembrei. Porque “eu não estou lá escutando canções de amor” (mais melosidade, calma que isso tem um sentido, eu juro). Existem dois gêneros cinematográficos que Bryanzinho aqui tem nojo desde que se entende por gente e assistiu (e se emocionou) pela primeira vez o Rei Leão no chão do Cine João Paulo (porque o burro aqui na época era um cavalheiro e deu a cadeira em que estava para a prima no cinema lotado), o musical e o biográfico.

Eu moro no Acre. E isso por si só já faz com que uma pessoa que se dedique a cinema tenha vontade de ter alguns enfartes de vez em quando. Meu período anual de crise-suicida-cinéfila acontece a partir do Festival de Cannes. Entre os títulos que quase me fizeram ter orgasmos múltiplos estava o novo filme do Ang Lee e o A Prova de Morte, do Tarantino (sangue, sangue e agora eu dou aquela risada de bruxa maligna), mas Les Chansons d'amour, um filme que é tudo o que eu sempre desprezei, musical, romance e gente muito bonita parecendo sensível, teve uma atenção minha muito especial. Então por que diabos eu gostei desse filme viadinho? Sei lá! Talvez porque seja do Christophe Honoré, diretor do fabuloso Dan Paris, talvez porque tenha um dos meus atores favoritos no meio, o Louis Garrel e talvez porque seja um filme francês (essa paixão exarcebada por cultura francesa ainda vai me lascar legal algum dia).

Mas o que mais me encantou, muito além de todos os outros lançados esse ano, foi I’m Not There, do pouco conhecido Todd Haynes, que é um filme biográfico, sobre ninguém mais, ninguém menos (se você tiver adivinhado de quem pelo título do filme, você ganha um doce), Bob Dylan. Eu nunca escutei uma musica do Bob Dylan, mas a trajetória dele me fascina. Eu nunca assisti um filme do Todd Haynes, mas Velvet Goldmine é um filme que eu espero para assistir há pelo menos 1 ano. Além disso, num filme que mistura histórias verdadeiras e histórias falsas, e tem 6 atores que encarnam um mesmo personagem durante sua trajetória, não ter meu interesse é motivo de que alguma coisa está errada.

Eu sei que minha argumentação sobre o motivo de eu estar tão ansioso (lê-se: desesperado) para assistir I’m Not There e Les Chansons d'amour não está boa. Mas o meu objetivo aqui não é convencer você a assistir esses filmes e sim demonstrar o quanto eu sou apaixonado por cinema. Esse não é um daqueles meus textos loucos sobre muita coisa, é uma carta de amor sobre aquilo que mais me fascina, é sobre o poder de atração que o cinema tem sobre a minha pessoa. E sim, eu devo estar doente, se tiver um psicólogo ai na platéia, eu preciso de ajuda.

O Festival do Rio e a Mostra de São Paulo esse ano me foram convidativas ao limite. A lista de filmes me era quase dolorosa. Saber que alguns desses filmes eu só assistirei daqui a um período de no mínimo 6 meses é angustiante.

Lógico que eu também não poderia deixar de falar da moda de gostar de cinema alternativo. Hoje em dia você deve andar com a revista da Caros Amigos no braço, camiseta do Che Guevara (aquele assassino sanguinário que eu virei fã só depois que descobri que ele é um assassino sanguinário) e quando o assunto é cinema você tem que, obrigatoriamente, falar muito mal do cinema americano, evitar todos os filmes de língua inglesa em qualquer festival e aclamar aquele filme que se passa no Cu-Do-Quistão (tudo que é audio-visual do oriente médio é extremamente cult na moda do momento) falando hergebaico, com legenda em mandarinaico que ninguém viu, quem viu não entendeu, e quem entendeu foi só o diretor e a mãe dele (talvez nem a pobre senhora). Sendo que na verdade você ta louco pra saber o que aconteceu em Lost (falando nisso, puta que pariu, o final da terceira temporada foi bom pra caralho).

Cinema é uma arte muito relativa em gostos. O mundo cinematográfico parece, em muitos momentos, ser aparte do real. Não importa o quanto ele demonstre a realidade, aquela é a realidade do filme mostrada para o mundo, mas nem sempre aquela é a realidade do mundo mostrada pelo filme. Cinema não tem moda, tem um amontoado de idéias, um amontoado de realizações e um amontoado de resultados, diferentes, únicos, iguais, eficientes e inúteis. E claro, o poder de desesperar um ser humano como eu a esperar muito tempo para assistir aquele filme que me encantou sem nem saber o que encontrarei pela frente.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Conversas Bizarras Pelo MSN - Ato I

S. Bryan diz:
o meu vício em Heroes ta chegando no limite

---- fora do ar ---- diz:
o que aconteceu? tentou voar???

S. Bryan diz:
claro que não!

---- fora do ar ---- diz:
ainda bem!

S. Bryan diz:
eu estou tentando ler a mente das pessoas e mover objetos telepaticamente. mas eu acho que queria controlar o contínuo tempo e espaço. É mais legal.

---- fora do ar ---- diz:
ô meu deuso... tá grave...

S. Bryan diz:
e quando o Sylar vier arranca meu cerebro eu paro o tempo, me teleporto e vou pra outro canto. Depois vou gritar “I DIIIIIIIID” e ficar com o braços pra cima assim óh \o/

---- fora do ar ---- diz:
hahahahaahahahaahahahahahahahaahahah

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Música Alternativa, Moda Nada Alternativa e Tudo Aquilo que Você Nunca Admite

Eu passei mais um final de semana em casa. Mas diferente dos últimos finais de semana que eu passei entortando minha coluna na frente do computador, dessa vez eu fiz qualquer outra coisa, porque eu enjoei de Internet. Ei, espera ai, "enjoei de internet", eu disse isso? Alguém vem aqui e me dê um tiro. Eu quero ser jornalista, escritor, cineasta, músico alternativo (hum... pensando bem, essa eu pulo), crítico chato de tudo que aparece de novo, então, ei!, eu não posso enjoar de internet. É mais que uma diversão, no meu caso, é necessidade.

O pouco tempo que eu passei na internet nesse fim de semana, foi conversando besteira com o povo online e procurando música alternativa. Falar de música alternativa é interessante. Por exemplo, se eu falar que passei esse fim de semana só escutando Dangerous Muse, Sergey Lazarev, Patrick Nuo e Rogue Wave, você, caro leitor, que com quase minha certeza absoluta não conhece mais do que um dos citados, vai dizer: "Pow, nunca ouvi falar desse povo, devem ser músicos alternativos bacanas". Bobinhos!


Sergey e Patrick não passam de músicos de pop/romântico-barato, Rogue Wave me lembra country americano, mas parece country/pop/semi-barato/ que-tem-faixa-em-Heroes. A única coisa que pode ser chamado de alternativo realmente é o Dangerous Muse. Mas o DM toca eletro-music. E musica eletrônica pode ser alternativa? No meu conceito, claro! Eu adoro quando uma pessoa diz “Eu só gosto de música alternativa”, geralmente é um motivo para eu olhar, sorrir e pensar “Otário(a)!”. As pessoas tem o costume de achar que musica alternativa é toda musica feita por cantor ou banda que possui todo aquele caráter regionalista, revoltante, semi-socialista-comunista, apreciado por poucos e idolatrado em rodinhas de discussão de pessoas que se acham elite cultural sentados numa mesa de bar alternativo tomando vinho.

Acabamos sendo condicionados a pensar isso. Porque as outras pessoas pensam e dizem isso. E porque no fundo queremos ser esse tipo de pessoa (e vocês vão negar até a morte, eu sei). Bem, mas voltando rápido a musica alternativa e Dangerous Muse, eles são alternativos sim. A particularidade deles, o som “oitentista”, as letras, enfim, não existe algo parecido, e não existindo algo parecido, nem que eles tocassem brega, eles seriam alternativo. Aliás, a minha relação pessoal com as músicas do DM são quase eróticas (abafa, mas aquelas letras e aquela melodia...). Pra mim, isso é ser alternativo, ter algo que é só seu e que não está na linha de grandes reconhecimentos da mídia (não queria usar essa palavra), mas ainda assim, possui o seu reconhecimento, e mesmo que mínimo, isso basta.

Uma frase que sempre ouvi muito das pessoas que me cercam durante toda a minha vida foi, “Ninguém me influencia, eu tomo as minhas próprias decisões”. Aos poucos a gente descobre que isso é mentira. Todo mundo é influenciável, mas não falo de modo direto e sim de um modo inconsciente. Rodas de amigos, família, trabalho, colegas de estudos, mídia, internet, tudo isso e mais te influencia, nos seus gostos, nas suas vontades e nos seus atos. E mesmo assim as pessoas ainda gostam de dizer que são únicas (eu sei, a verdade dói, mas respire e relaxe, não é só você).

Um exemplo bobo pra isso que vem de mim mesmo aconteceu nesse sábado. Eu nunca liguei para marcas, mas ao longo do tempo, me aproximando de moda, eu fiquei louco por ter algo da Calvin Klein. Esse desejo nasceu naturalmente? Claro que não! Eu fui totalmente influenciando pelo mundo. E eu to me culpando por isso? Nem um pouco! Então eu comprei uma camiseta CK. Nem chorei com o preço. Sai sorridente e tudo (diga-se de passagem, houve uma cena interessante na loja, mas, abafa²). Comprei uma camiseta da CK cujo valor eu podia ter utilizado pra comprar cinco no Formigão - O Barato da Moda.

Nunca conheci ninguém que batesse no peito pra dizer que comprava roupa no Formigão. Minha avó e minha tia um dia foram filmadas lá e saíram num comercial onde umas 20 mulheres disputavam uma pilha de calças jeans de R$30. Foi o fim, minha tia (chiquérrima), quase chorou (se tivesse sido na Daslu, teria sido muito diferente). Eu não parei de zua-las. Enfim, só porque somos todos condicionados a termos atos por influencias dos outros (e isso é fato, não adianta nem ficar falando “mas, mas...”), não significa que não temos nosso jeito próprio, nossas particularidades. O que não podemos é sermos hipócritas a ponto de dizer que somos ininfluenciáveis (palavra bonita não?).

No fim, eu tenho que voltar a ser viciado em internet. Quando eu tiver esses atos loucos de achar que to enjoando, vou pra frente do espelho, me dar dois tapas e dizer “Se oriente, garoto!”. Meu professor de Administração pelo SIGO disse que quem vive sem internet e celular é mais feliz. Pode até ser. Mas eu ainda prefiro isso tudo, a sinais de fumaça e isolamento numa selva peruana.