"Qual é o seu maior sonho de consumo?" Eu fico impressionado quando pergunto isso pras pessoas e ninguém demora mais que dois segundos pra começar a dar a resposta. Consumistas! Enfim, quando me perguntavam qual era meu maior sonho de consumo, eu respondia: é um Ray Ban Mirrored. É isso mesmo, meu sonho de consumo era um óculos escuro, modelo aviador, de lentes espelhadas da marca Ray Ban.
Antes de entrar no fato desse sonho de consumo bizarro, adentremos em um fato interessante. Os óculos aviadores de lentes espelhadas finalmente saíram da 25 de Março para o Camelódromo Box 5. Eu estava indo pro trabalho quando vi um "galeroso" (ZL em São Paulo) com um aviador espelhado no rosto. Tremi. O pior é que uma loja de bugigangas lá perto de casa também ta vendendo um. Então, o pior aconteceu. Uma menina dentro do ônibus também usava um. Logo, eu me desesperei. Motivo: se os aviadores espelhados falsificados chegaram ao Acre, significa que a moda deles pelo eixo RJ – SP morreu.
Ah, me lembro que criei a paixão pelos aviadores espelhados vendo as fotos das raves que o Elder colocava no flog dele, isso quatro anos atrás, sempre quis um então. Aos poucos a moda de óculos escuros na rave passou para as baladas, balada agora só com óculos escuro. Só que agora não era só Ray Ban, eram Diors, Gucci, Oakley (bem ridiculizinhos na minha opinião) e principalmente, os belos e ostensivos Armanis. Ah, mas eu não tava nem ai, ainda queria meu Ray Ban Mirrored. Então eu fui pra uma balada de “verdade”. O efeito foi punk. Mas enfim, o que eu vi de interessante por lá? Ninguém mais usava óculos escuro a noite.
A moda passou. Os óculos voltaram a brilhar apenas durante o dia pelas grandes metrópoles. E os espelhados chegaram ao Acre. Como dizia Stephen King em A Torre Negra, “Oh, discórdia!”. Resultado, meu único sonho de consumo morreu de forma drástica. Logo, sou um menino sem sonhos de consumo (oh Deus, eu deixei de ser humano).
Esse negócio de óculos escuros e sol é engraçado. É interessante observar que quase todos ao meu redor gostam de reclamar do meio onde vivem. Ta fazendo um calor infernal por essas bandas. Quase todo mundo no Acre odeia calor. Odeiam calor num lugar em que faz uns 350 dias de sol absoluto por ano. Uma vez tinha um idiota no meu MSN com o nick mais ou menos desse jeito “To me sentindo na Europa com esse frio”, ou algo parecido. Enquanto isso, conheço sulistas que vivem reclamando do frio, gostariam de viver em terras mais quentes e ar mais leve. Por que eu gosto de calor? Porque eu simplesmente não gosto de frio. Por mais que eu ande lindo com minha jaqueta Civil, eu não suporto o rachar da pele, as câimbras, o pesadelo que vira um banho e visão de corpos bonitos com muita roupa. Aliás, ta ai uma coisa que gosto muito no Acre, as pessoas andam com pouca roupa.
Tava assistindo Sunshine – Alerta Solar esse fim de semana. Danny Boyle é um europeu filho da puta. Ele conseguiu fazer dois clássicos da era do cinema moderno “homenageando” e “reinventando” clássicos da cultura pop. Sunshine é belamente inspirado e traçado em 2001 – Um Odisséia no Espaço, assim como Extermínio (de longe, um dos meus filmes favoritos) é inspirado nas grandes obras de terror de George Romero. Como alguém consegue ser tão bom copiando os outros? Putz, queria ser igual o Danny Boyle.
Voltando a Sunshine, o filme fala de um grupo de cientistas e astronautas que vai jogar uma bomba no centro do sol para dar uma xupeta nele e conseguir fazer o astro engatar a 5ª, já que ele entrou na 1ª e a Terra ta congelando. Acreditem, pode ate parecer idiota lendo assim, mas tirando a perseguição estilo Jason X e um vilão estilo Fredy Gruger (Deus, ainda bem que ele aparece só por 15 minutos), o roteiro não aparenta falhas, ele simplesmente deixa muita coisa propositalmente em aberto, o que o faz muito bom, mesmo acima de momentos quase decepcionantes.
Aliás, Boyle marcou o cinema com Trainspotting (que eu por coincidência assisti um dia antes de Sunhine). História fantástica sobre as drogas e um grupo de jovens perdidos ou que se perdem pelas vidas em Edimburgo. Baseado no fodástico de livro de Irvine Welsh (NOTA MENTAL: quando for falar de literatura contemporânea, voltar a falar dele). O personagem principal de Trainspotting usa as drogas para fugir da possibilidade de uma vida igual a que todos nós levamos. O começo e o final do filme são genais, pois é usado o mesmo monólogo em contextos diferentes. No fim, ele acaba desejando ter tudo aquilo que nunca quis, ser igual a todos, porque havia cansado de ser tão diferente (e porque também tava cheio da nota, pronto pra ter uma vida tranqüila e longe da atual, afinal, ele também não é besta).
Ai eu volto ao sonho de consumo. Não ter um faz eu me sentir um usuário de heroína. Eu me sinto mais livre e longe daquilo que eu não quero ser, ao mesmo tempo, eu sei que isso vai durar pouco. Já já vou querer o carro do ano ou coisa parecida. Não sei com os sonhos de consumo, mas com a heroína é assim (pelo menos em Trainspotting) ou você larga uma hora, ou ela é que vai largar você.
terça-feira, 28 de agosto de 2007
sexta-feira, 10 de agosto de 2007
Cultura Pop, Harry Potter, Literatura Anti-Pop e trocadilhos horríveis...
Eu adoro o blog do Zeca Camargo. Ele começa falando de nada e termina com porra nenhuma. Isso é modo de dizer, claro, afinal o cara é dono de uma cultura (e de carimbos no passaporte) que eu definitivamente invejo positivamente. Mas eu não to aqui pra falar dele ou do blog dele. Na verdade começo esse post falando de um dos últimos textos dele, o “Já Estou no Quinto Capítulo do último Harry Potter”.
O texto em questão começa falando da leitura do Zeca do último Potter (íntimos, não?) mas acho que o Zeca nunca faria um post só sobre o Potter (se ele fizer eu paro de ler aquela merda), o post falava sobre a companhia de dança Grupo Corpo e seu espetáculo. Muito bom por sinal, queria assistir. Porém, o Zeca teve uma surpresa desagradável nos comentários. Uma trupe de pottermaníacos se revoltou e não parava de falar que ele havia usado Harry só pra atrair atenção do blog e que pararam a leitura assim que ele começou a falar de dança e corpo. Me poupa, né? Um pottermaníaco ir no blog do Zeca só pra ler sobre é Harry e ainda sair reclamando porque leu sobre dança, e podendo encontrar muita coisa sobre musica, literatura, cinema e arte, é na verdade não um fã, mas um perfeito idiota.
Onde eu entro nessa história mesmo? Ah sim, lembrei. Sou fã incondicional de Harry Potter. Isso mesmo que você leu. Não acredita? Lê de novo. E não li ainda o último livro (o que está corroendo a minha alma) e para desastre geral da minha consciência como cidadão brasileiro que tenta o máximo possível agir como um não-cidadão-brasileiro-típico eu já sei o final do livro.
Até hoje eu sinto vontade de socar alguém ate sangrar ou no mínimo ficar em estado de semi-insconsciente com a cara toda inchada (alguém sabe de alguém que seja pago pra receber esse tipo de serviço?). Mas não posso. Por quê? Porque a pessoa que me contou o final de Harry Potter and the Deathly Hallows foi ninguém mais ninguém menos que minha priminha de 9 anos. NOVE ANOS. Não acredita? Lê de novo então porra, se eu to dizendo que foi é porque foi. Foi ela, aquela fedelha, que não entende de cultura, que não lê nada além das legendas do Xuxa Só Para Baixinhos, que não houve nada além de RBD e não assiste muita coisa além do desenho da Polly.
Um estrago que nunca será corrigido na minha alma. Uma espera de mais de cinco anos foi estragada por uma criança de 9 anos em que nem bater eu posso.
Ai pra piorar eu estava discutindo literatura com o Cristopher, o Gildson, a Daigliene e o Elzer (na verdade era so eu, o Chris e o Gil, a Daí e o Elzer so balançavam as cabeças de vez em quando). Aí entramos na questão da importância cultural de Harry Potter. Gil falou que tanto faz como tanto fez (quanta apatia), eu defendia que Harry Potter tinha um valor cultural gigantesco e serviria de influência para milhares de crianças numa nova forma de literatura e agregação de valores, e qual não foi minha total falta de expressão quando o Chris disse que o Potter só servia para difundir Magia Negra nas crianças (detalhe: é nisso que ele acredita e ele falou isso sério).
Desfazer o argumento do Gildson de que Harry não tem valor nenhum foi fácil. Afinal, ele usou de todos os valores possíveis de outro história para escrever seu próprio livro e possivelmente trilogia, o fantástico O Senhor dos Anéis, que tantas outras pessoas condenam, mas que o Gil idolatra. Lembrei ele desse fato com um sorriso vitorioso no rosto, logo ele ficou calado. Quanto ao Cristopher e aquela idéia extremamente maluca e de pouca visão, eu nem tentei mudar a concepção dele, ou eu teria que faze-lo deixar de ser crente.
A discussão levou outro rumo. Por que lemos tantos autores estrangeiros e poucos brasileiros? Por que gostamos tanto de livros de auto ajuda da Sextante (na verdade eu não gosto nem um pouco, condeno auto ajuda) e não de livros de valores morais do Frei Beto? Pra mim a literatura brasileira morreu com Clarice Lispector (a que eu chamo de “a última diva da literatura”). Nossos novos escritores não sabem inovar, criar referências, usam apenas a daqueles que já morreram. Os novos escritores brasileiros (que dificilmente fazem sucesso) se agregam demais ao que já existe para criar suas obras ao invés de criar o novo. As editoras também não colaboram é claro, mas em suma é isso.
Eu gostaria de uma revolução cultura. Uma nova Semana da Arte Moderna Versão 2.0. Uma valorização da nova literatura brasileira. Um recomeço. E eu adoraria fazer parte desse movimento, tanto como um ávido leitor, como de um homônimo escritor. Pois como disse minha “última diva da literatura”: É que eu, simbolicamente, morro várias vezes só pra experimentar a ressurreição. Ou coisa parecida...
O texto em questão começa falando da leitura do Zeca do último Potter (íntimos, não?) mas acho que o Zeca nunca faria um post só sobre o Potter (se ele fizer eu paro de ler aquela merda), o post falava sobre a companhia de dança Grupo Corpo e seu espetáculo. Muito bom por sinal, queria assistir. Porém, o Zeca teve uma surpresa desagradável nos comentários. Uma trupe de pottermaníacos se revoltou e não parava de falar que ele havia usado Harry só pra atrair atenção do blog e que pararam a leitura assim que ele começou a falar de dança e corpo. Me poupa, né? Um pottermaníaco ir no blog do Zeca só pra ler sobre é Harry e ainda sair reclamando porque leu sobre dança, e podendo encontrar muita coisa sobre musica, literatura, cinema e arte, é na verdade não um fã, mas um perfeito idiota.
Onde eu entro nessa história mesmo? Ah sim, lembrei. Sou fã incondicional de Harry Potter. Isso mesmo que você leu. Não acredita? Lê de novo. E não li ainda o último livro (o que está corroendo a minha alma) e para desastre geral da minha consciência como cidadão brasileiro que tenta o máximo possível agir como um não-cidadão-brasileiro-típico eu já sei o final do livro.
Até hoje eu sinto vontade de socar alguém ate sangrar ou no mínimo ficar em estado de semi-insconsciente com a cara toda inchada (alguém sabe de alguém que seja pago pra receber esse tipo de serviço?). Mas não posso. Por quê? Porque a pessoa que me contou o final de Harry Potter and the Deathly Hallows foi ninguém mais ninguém menos que minha priminha de 9 anos. NOVE ANOS. Não acredita? Lê de novo então porra, se eu to dizendo que foi é porque foi. Foi ela, aquela fedelha, que não entende de cultura, que não lê nada além das legendas do Xuxa Só Para Baixinhos, que não houve nada além de RBD e não assiste muita coisa além do desenho da Polly.
Um estrago que nunca será corrigido na minha alma. Uma espera de mais de cinco anos foi estragada por uma criança de 9 anos em que nem bater eu posso.
Ai pra piorar eu estava discutindo literatura com o Cristopher, o Gildson, a Daigliene e o Elzer (na verdade era so eu, o Chris e o Gil, a Daí e o Elzer so balançavam as cabeças de vez em quando). Aí entramos na questão da importância cultural de Harry Potter. Gil falou que tanto faz como tanto fez (quanta apatia), eu defendia que Harry Potter tinha um valor cultural gigantesco e serviria de influência para milhares de crianças numa nova forma de literatura e agregação de valores, e qual não foi minha total falta de expressão quando o Chris disse que o Potter só servia para difundir Magia Negra nas crianças (detalhe: é nisso que ele acredita e ele falou isso sério).
Desfazer o argumento do Gildson de que Harry não tem valor nenhum foi fácil. Afinal, ele usou de todos os valores possíveis de outro história para escrever seu próprio livro e possivelmente trilogia, o fantástico O Senhor dos Anéis, que tantas outras pessoas condenam, mas que o Gil idolatra. Lembrei ele desse fato com um sorriso vitorioso no rosto, logo ele ficou calado. Quanto ao Cristopher e aquela idéia extremamente maluca e de pouca visão, eu nem tentei mudar a concepção dele, ou eu teria que faze-lo deixar de ser crente.
A discussão levou outro rumo. Por que lemos tantos autores estrangeiros e poucos brasileiros? Por que gostamos tanto de livros de auto ajuda da Sextante (na verdade eu não gosto nem um pouco, condeno auto ajuda) e não de livros de valores morais do Frei Beto? Pra mim a literatura brasileira morreu com Clarice Lispector (a que eu chamo de “a última diva da literatura”). Nossos novos escritores não sabem inovar, criar referências, usam apenas a daqueles que já morreram. Os novos escritores brasileiros (que dificilmente fazem sucesso) se agregam demais ao que já existe para criar suas obras ao invés de criar o novo. As editoras também não colaboram é claro, mas em suma é isso.
Eu gostaria de uma revolução cultura. Uma nova Semana da Arte Moderna Versão 2.0. Uma valorização da nova literatura brasileira. Um recomeço. E eu adoraria fazer parte desse movimento, tanto como um ávido leitor, como de um homônimo escritor. Pois como disse minha “última diva da literatura”: É que eu, simbolicamente, morro várias vezes só pra experimentar a ressurreição. Ou coisa parecida...
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