domingo, 16 de março de 2008

Ociosidade Como Solução, Musica Que Embala E Tudo Aquilo Que Você (não) Pode Tirar da TV

Pessoas mais próximas a minha pessoa sabem que eu sofro de uma “hiperatividade-do-contra”, ou seja, eu só me torno hiperativo de verdade quando eu sou obrigado a ficar na ociosidade. É o que aconteceu nessas duas semanas de descanso por causa da cirurgia. Tipo, eu não agüentava mais ficar em casa. Eu nunca li tanto, assisti uma porrada de filmes, baixei ilegalmente dezenas de musicas e conversei horrores pelo MSN como nessas últimas duas semanas. Num ataque de não ter nada-mais-de-novo-pra-fazer (porque cultura cansa), eu resolvo partir pro trabalho braçal e num ataque de mania-de-limpeza lavo todo o banheiro do meu quarto. Mas você acha que eu me restringi somente ao chão e ao vaso? Hã-hã! Eu lavei parede, teto, espelho e o tubinho de plástico onde você pendura o papel higiênico. Aí, mães de família que lêem esse blog devem ta pensando, “Que lindo! A mãe dele deve ter ficado super orgulhosa”. Porra nenhuma! Ela lembrou primeiro que todo mundo que eu havia feito uma cirurgia nos ossos do tórax e eu... bem, eu havia me esquecido.

Então, depois de dois dias e meio em que o lado direito da minha lombar pareceu esquecer que a dor que ela produzia não faria eu me arrepender de ter lavado o banheiro (que tinha ficado um brilho pelo menos), eu resolvo (por conta própria, mais uma vez) que já poderia sair de casa. Aí resolvo ir num show de bandas aqui do Acre em homenagem ao Dia da Mulher. Foi bacana, tirando o fato que eu tava de camisa rosa bebê num universo de vestimentas afro-descentes. Tirei um momento também pra analisar as letras das bandas que se apresentaram (pelo menos as que eu peguei). É fato que nos últimos tempos tenho me entregado definitivamente a um momento musical que eu nunca me imaginara, minha playlist não para de tocar Bob Dylan e The Beatles, ficando praticamente resumida a eles (bem, para meu deleite geral, meu irmão descobriu a existência de Gimmi More agora, e eu não agüento mais escutar uma musica que começa com “It’s Britney, bitch!”). Fica difícil então fazer uma análise do que eu escutei no festival, do momento da musica acreana em questão, ou simplesmente, do que eu achei.

Talvez haja uma tendência geral no rock (e não me resumo mais ao acreano) de se fazer musica com letras voltadas para o individualismo psico-social. Traduzindo: sabe aquela porrada de pensamentos sem/com nexo que todo mundo tem, de questionamentos próprios, de o que significa a vida pessoal, da importância de relacionamentos externos formando o próprio caráter? É isso que eu vejo enfocado nas musicas. E admito, isso não me agrada, não importa a melodia em si. E ai talvez esteja a desvantagem de se gostar tanto de Dylan, Beatles e lembrar a todo momento de Legião Urbana e Raul Seixas, pois suas letras pertencem a um coletivo, mais que isso, um pequeno coletivo, que em seu movimento de coletividade, começando sempre por uma minoria, aclamou revolução se espalhando pela maioria e criando um burbúrio gigantesco que não foi pelo sucesso de suas musicas, seus shows e a fortuna que ganharam, mas sim pela idologia e pela chama interna que eram capazes de gerar. Talvez eu goste mesmo de musica que incendeia a alma. E o rock atual no geral, mesmo com melodias que estejam se tornando fantásticas (e nesse ponto dou um mérito as bandas acreanas Blush Azul e, principalmente, a Filomedusa), esta repleto de letras de existencialismo individual, o que pode ser resumido no ideal de: o meu “eu”, que é incompreensível ao “eu” dos outros.

Nada de CD novo com single da Madonna e do Justin Timberlake: manda uma fita cassete metade Dylan, metade Beatles


Ah, devo lembrar que no final do show, a dor do lado direito da minha lombar tinha sumido. Sim! Agora a dor dominava a lombar inteira. Na volta pra casa, (de ônibus, uma glória para dor crônicas na lombar), encontrei uma amiga que ficou super-cara-que-vovó-faz-pra-mim-quando-eu-faço-coisa-errada por me ver fora de casa em pouco mais de duas semanas cirurgiado, “Você ta louco, Samuel?”, e eu quase pedindo pro velho de 80 anos do meu lado deixar seu banco pra que eu sentasse porque eu tava quase um deficiente físico, “Que nada maninha, to de boa, a única coisa que eu não posso fazer é dançar a marcha 4 e 5 do Créu, o resto da valendo”.

Falando em musica, lembrei que se tem uma coisa que a gente faz muito quando ta em casa sem fazer nada, é assistir o horário nobre da Globo. Lá vou eu me gongar de novo, mas eu virei fã de Duas Caras. Gente, essa novela é tudo, primeiro, temos Juvenal Antena, o pai que todo garoto suburbano quer ter, aí vem a Susana Vieira achando que é Madonna com aquele cabelo, gritando “pistoleira siiiim” pra Renata Sorrah e a Alinne Moraes dando um mega show de interpretação mesmo usando botox/enchimento no lábio (sai Nazaré e sua escada de Senhora do Destino, entra Sílvia com vasos para quebrar sempre a disposição). Lógico, tem aquelas pessoas que eu queria pegar pelo pescoço e enfiar a cara na piscina ate ver as bolhinhas pararem de subir como a Maria a Louca e o filho “mamãe-mamãe-mamãe, me dá um Poney?” dela, o Caco Ciocler, naquele papel que se ele parasse de atuar ninguém ia sentir a diferença, e ela, a mulher que mesmo na merda, mesmo com um marido filho da puta em casa, mesmo com dois filhos chatos pra caralho e mesmo infeliz pacas, nunca pára de descer pelo pau, Alzira.


Alzira: "A melhor terapia para a depressão feminia é descer pelo pau. Levanta a auto estima!"

Duas Caras atingiu seu auge com dois momentos. Primeiro, quando a Bárbara (se minha mãe faria, Beth Faria?) pegou a Sílvia de jeito numa chave de braço. Pra vocês terem uma idéia de como essa cena foi impactante, tava toda a minha família no churrasco, quando todos viram a cena houveram gritos de “Eiiiita porra” e “Peeega filha da puta” pra todo lado. E só deu Samuel gritando “calem a boca que eu quero ouvir o que ela vai falar enquanto tiver com a outra presa pelo gogó”. Sentiu o impacto? Não? Corre pra Globo.com então. Segunda cena: todo mundo sabe que hoje não te mais novela das 8 sem gay como personagem, desde viado enrustinho, ate casal que parecia hétero e só vendia beleza, agora os gays da Globo são tão diversificados, mais tão diversificados, que gostam ate de mulher. Logo, a cena em que a turma dos crentes-cavaleiros-do-apocalipse liderados pela evangélica-que-deve-ser-parente-do-Coringa pegaram o viadinho, a vadia e o preibói de jeito, entrou pros anais da história da teledramaturgia brasileira. Finalizando com o Contra-Ataque-dos-Crentes-Bonzinhos e um nascimento a lá Virgem Maria dando a luz a Jesus. Palmas!



Pergunta: por que falar de musica me lembrou Duas Caras mesmo? Resposta: alguém já parou pra ver a playlist internacional daquela novela? Pai amado, “segura Berenice, nós vamos bater”, começamos com Gimme More, da Britney (virou perseguição), 2 Hearts da Kylie Minogue (não, ela não morreu) e Same Mistake do James Blunt (não lembra? Aquele que gritava You’re Beautiful). Dou um toque pros três: a decadência sempre começa assim, na novela das 8, ok? Hurgh! Se pensa que acabou? Então vem a Pergunta-2: o que diaxos a Diana Krall ta fazendo naquele CD mesmo? E pra completar, aquela cara de bunda da Marina Elali cantando o Xote das Meninas (isso mesmo que você leu) em inglês (isso mesmo que você leu²).


Continuando com o horário nobre (imagine se nós tivéssemos um “horário esgoto”) tem o Big Brother Brasil. Marcelo saiu (blá blá blá), a Globo só quer fuder a Thaty colocando uma musica da Cássia Eller e Ana Carolina em seguida e fazendo um mini-clipe dela cantando/gritando sozinha, toda loucaça, numa total imagem de “Eu sou lésbica, siiiim” e o Marcão sem poder falar nada mas com um olhar de “Deus, ela ta se queimando sozinha” (blá blá blá), lá dentro agora só tem idiota (sim, o Rafinha também conta), depois de um mês que o programa acabar, a Natalia pousar nua na Playboy e o Nelson Rubens não tiver mais de onde espremer merda pra colocar no TV Fama
sobre eles, eu vou esquecer tudinho (bla blá blá) e pra completar, Débora Secco vai passar um dia inteiro com os brothers (momento Bial) da casa mais badalada do país (péra aí, volta a fita).

BBB8: Quem são vocês mesmo?


Que porra foi essa? Débora Secco no BBB? E eles ainda pagaram praquilo! Quem é Débora Secco na noite? Ah gente, forçaram! Muito! O máximo que a Secco fez foi a pior interpretação numa novela das 8 (soy loco por ti, América), dar pro Falcão, e atualmente pro Roger (foi a Galisteu que largou ele, ou o contrário?). Aí, ela acorda e ao mesmo tempo se maqueia, nem mesmo escova os dentes antes. Como dizia mamãe, “Ela não tem vergonha de mostrar o rab* na Playboy, mas não tem coragem de mostrar o rosto sem pó.

Para aqueles que acham que o nível desse blog caiu total hoje, boas notícias: a partir dessa segunda feira minha licença médica expira e eu volto a trabalhar lá no hospital (bota 9 horas do meu dia ai), e logo em abril, minha faculdade também recomeça (bota mais 4). Logo, não vou ter mais o mínimo tempo para o horário nobre global... e muito menos vou lavar o banheiro de novo!

Nota do Autor - Ato I

Quero agradecer imensamente pelo selo de “Esse blog vicia” que o Marcelo do ótimo Bomba MH me deu. Obrigado mesmo, é meu primeiro selo. Repasso ele para a minha amada amiga Keth, do Inifinito Particular que eu gosto tanto. Também lembro que nunca agradeci por aqui a força que o Altino me deu, falando do meu blog no dele, obrigado.

Assim como eu agradeço a todos que tem paciência para ler meus textos e comentar. Sei que eles são grandes (ok, enormes), mas eu ainda não reformulei o blog como eu imaginava que já teria feito, então, mudanças só no futuro próximo (ou longo).

segunda-feira, 3 de março de 2008

Para Jovens, Velhos, Jovens Que Pensam Como Velhos, Velhos Que Pensam Como Jovens...

Volta das “Férias”: endividado até o pescoço

E lá estava eu no aeroporto de Curitiba ultrapassando a máquina de Raio-X e esperando que as minhas sacolas da Calvin Klein e da Loja Vírus passassem pela máquina, quando alguma coisa apita e a mulher manda eu parar. Sinceramente, o negão do lado parecia que tinha colocado a mão no bolso, desconfiei que fosse uma arma, mas logo vi que ele estava coçando alguma coisa (?). Pensei que eles não levariam a sério uma sacola com o nome Vírus (única loja do Brasil a vender só All Star’s), mas o problema era justamente com a sacola da CK. A mulher do lado monitor, com um ar de Super Nanny “versão-mais-séria 2.0”, olha pra mim e afirma categoricamente, “Tem um abridor de latas na sua sacola”. E eu mais categoricamente ainda “Não!”. Ela sem mudar a expressão, “Tem sim”, e eu, “Não, não tem, eu não botei nenhum abridor de latas aí não”.

Depois do 11 de setembro, andar com qualquer coisa q tenha ponta, inclusive agulha de tricô, é um perigo a segurança nacional, imagina um abridor de latas então, seria a mesma coisa que um atentado com Antrax. Então aquilo vira um embate, Samuel Bryan versus a Maligna Megera da Visão Raio-X. Ela então, com um olhar de “ah, é mesmo?” diz, “Dê a volta aqui por favor". Eu piso firmemente no chão e ao ficar do lado dela observo minha sacola com todo o conteúdo em amarelo, porém, no fundo, em um lindo contraste de azul escuro, brilhava a forma anatômica de um... abridor de latas. Enquanto a minha reação natural foi a de ficar sem reação, eu imaginei que na cabeça dela, a mulher devia estar gritando “Peeeega, filho da puta”. Ai eu escuto a voz da minha avó (que pareceu pousar no aeroporto apenas naquele momento), “Aaaah, fui eu que coloquei esse abridor aí”. Tive vontade de gritar! O negão sorriu pra mim, “Pode pegar sua sacola, ta liberado”. E em silêncio sai sem nenhuma dignidade, imaginando que o Negão e a Vaca do Raio-X ririam horrores de toda essa situação no Happy Hour.

Na conexão em Brasília, decido duas coisas: 1º- Nunca mais viajar de avião sem livros, vídeo games ou mp3, 2º- Já que eu deixei tudo isso na mala, iria comprar uma revista. Como na livraria não tinha Men’s Vogue, eu depois de muito analisar, resolvo comprar pela primeira vez, uma Rolling Stone. A curiosidade da matéria de capa foi o que mais me impulsionou a compra. No avião, eu leio a entrevista com Johnny Depp e tipo, acho que foi o pior entrevistador que eu vi em anos. Simplesmente pela leitura dava pra se perceber que a condução da entrevista não era das melhores, não era bem trabalhada. O que salvava é que o Depp é foda, então não importava se o entrevistador não sabia muito o que tava fazendo, Depp foi capaz de transmitir tudo o que era necessário ainda assim, mesmo que em alguns momentos me parecera mais uma entrevista de respostas mecânicas, dessas que os artistas dão em 9 de cada 10 entrevistas. Tipo, já não havia gostado da Rolling Stone. Mas não acabou por ai.

Rolling Stone: onde numa mesma edição você encontra Radiohead, Bob Dylan, NXZero, Sandy e Junior, Johnny Depp e Mônica Mattos (a rainha do pornô brasileiro)

A matéria de capa (que tanto me interessou) anunciava, “O Futuro da Música Pertence a Thom Yorke e ao Radiohead”. Eu não vou entrar em momento nenhum no mérito da música do Radiohead, que diga-se de passagem, eu não gosto. Ouvi algumas musicas deles em 2005, a melodia não agradava meus ouvidos e as letras me remetiam a uma banda de disco de estréia, e não de um grupo indie tão cultado. O problema era realmente a entrevista. O filme Quase Famosos retrata bem o que eu vou dizer agora. Ele conta a história de um garoto meio nerd que embarca na turnê de sua banda favorita para escrever uma grande matéria para a Rolling Stone, num quase road movie, cheio de acontecimentos fortes na vida do garoto que “nunca imaginara aquilo para a sua existencia”. Típico! Ao que parece, a relação dos entrevistadores da atual Rolling Stone com os músicos da atualidade, se tornou algo tão fragilizado e superficial como o próprio cenário do mercado fonográfico (que o último álbum do Radiohead balançou mais do que o cenário musical em si). A condução da reportagem em momento nenhum parece demonstrar explanação sobre o argumento da capa. Por que o futuro da musica esta nas mãos do Radiohead mesmo? A resposta você não vai encontrar claramente na Rolling Stone, no máximo, apenas uma afirmação de “Banda de rock mais importante do mundo”. Não há clareza. E mesmo o mundo da musica sendo repleto da falta de clareza, numa matéria jornalística que afirma algo claro, você tem que saber explanar. Parece que James Dimmock mais preferia se tornar um amigo da banda que em conversas de pubs caros em Lodres faria questão de ser conhecido como o “grande James, amigo de musicos de calibre, como Thom Yorke”, do que um jornalista interessado em escrever uma matéria que realmente demonstre o porque de afirmações tão fortes como estas, igual ao personagem de Quase Famosos.

A minha decepção com a Rolling Stone foi gigantesca. Porém, algumas páginas depois me deparo com uma entrevista de 1969 com Bob Dylan. Ah, eu me deleitei. Jann Wenner não só conduziu extraordinariamente a entrevista com um dos maiores ídolos da história musical, como ele foi capaz de fazer com que nas respostas a suas perguntas, Bob Dylan transparecesse a sua alma. Ele era foda. Dylan tinha noção de que sua musica mexia com o mundo, mexia com os jovens, era o símbolo da contracultura de sua geração e que só não gritava mais que o trabalho dos Beatles. E ele tinha noção da pressão enorme que isso fazia a ele, pressão que o próprio Wenner deixava claro em suas perguntas e afirmações. Mas Bob Dylan se mostrava receoso a tudo isso, ao mesmo tempo em que parecia se controlar para não se mostrar assustado diante de todo esse fardo. Ele só queria cantar, ele só queria mostrar ao mundo a sua obra e sentir que ela tocava a todos. Como ele mesmo disse, por causa de tudo isso, ele se vê como tudo também, “como homem casado, poeta, cantor, compositor, guardião, porteiro... Tudo isso. Serei todos.”

A Rolling Stone atual pode não ser das melhores, mas vendo aquela matéria de 1969, pode-se botar fé de mudanças igual Bob Dylan colocava fé de mudanças no mundo de sua época, mesmo que elas não tenham acontecido.

A minha lista de decepções de começo de ano (porque no Brasil o ano só começa mesmo depois do carnaval) se estendeu pelo cinema também. Em São Paulo fui assistir o tão cultado, Juno. O filme conta a história de Juno, jovem fora dos padrões de garotas americanas de 16 anos, que engravida de um “levemente retardado mental que eu esqueci o nome”, ela não quer o filho, mas desiste do aborto e encontra um casal para adotar a sua criança. O filme é bom, tem diálogos maravilhosos e muito bem trabalhados, e diferente da maioria dos filmes atuais de Hollywood, tem coração, um coração tocante até, o momento em que o “quase retardado” se encontra com Juno no hospital após o parto, mesmo sendo uma cena sem diálogo, é capaz de emocionar qualquer um. O que não me saiu da cabeça foi, “por que esse filme ta concorrendo ao Oscar de melhor filme mesmo?”.

Em 2004 assisti o pouco comentado Galera do Mal, e para mim, sua comparação a Juno é mais do que inevitável. O fato é que Juno se torna uma obra muito mais aprimorada que Galera do Mal (onde uma adolescente que estuda numa escola cristã, ao descobrir que seu namorado é gay, tenta “salva-lo” e acaba engravidando. Detalhe: o melhor amigo dela é o Macaulay Culkin interpretando um garoto cheio de humor negro numa cadeira de rodas). O problema de Galera do Mal são os diálogos e as interpretações, no qual Juno vence de longe. Ainda assim, Galera do Mal tem um carisma maior por sua ideologia e críticas, disfarçadas numa história que parece boba, mas que definitivamente não é. Mas decepção mesmo eu tive com Eu Sou a Lenda, achei tão ruim que nem consigo falar desse filme.

Galera do Mal: “Juno no Oscar!? Cadê meus créditos?”

Já que eu falei do Oscar, lembrei que assisti Onde os Fracos Não Têm Vez no Cinemark de Curitiba. É muito comum eu esquecer que tenho 19 anos, comum mesmo, mas Onde os Fracos Não Tem Vez me lembrou a todo momento qual é a minha idade. Motivo? É difícil de explicar, mas não importa o quanto você seja um jovem com uma cabeça madura, se achando um velho de 80 anos mentalmente, Onde os Fracos Não Têm Vez não é um filme feito pra jovens, e vou além, de certo modo, ele parece desprezar a juventude. É um filme para pessoas com a real experiência de vida, com a marca dos anos no couro, para pessoas que saibam o que a vida adulta (e suas frustrações, decepções, falta de fé e compaixão) são capazes de fazer a mente. A “obra prima” dos irmãos Coen não me soou como obra prima, porque ela mostrou “meu lugar” e me desprezou, mas acho que daqui a vinte anos, quando eu assistir esse filme de novo numa seção “o melhor dos anos 00 (que não teve tão melhores assim)” eu vou achar Onde os Fracos Não Têm Vez foda pra caralho.

Nem só de decepções o começo do meu ano se alimentou é claro, na minha cirurgia tudo ocorreu bem (to todo inchado, dolorido, inflamado, sem poder fazer movimentos bruscos por uns 15 dias, mas ta tuuudo bem). E ainda teve São Paulo, com seus pequenos momentos de delícia pura, como a sessão de DVD’s da Fnac, o chocolate quente e amigos no Fran’s Café, uma companhia doce até nas discussões em pleno metrô, e lógico, a Bubu Lounge, que mais que uma buaty, é um templo de som, onde por pelo menos cinco horas, eu esqueço totalmente de todo o mundo fora de suas paredes.